O PRIMEIRO PASSO - parte 2

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Por pouco menos de 2 meses, o contato entre eles se resumia a trocas de olhares rápidos e sorrisinhos pequenos para se cumprimentarem. Isso acontecia devido à introversão de ambos que, mesmo querendo saber mais um sobre o outro, eram sempre vencidos pela sensação desesperadora da timidez.

Jungkook já sentia, de uma forma muito misteriosa, que Jimin era especial para si, assim como sabia que era fofo para o mundo também. Já Jimin achava tudo muito complicado e preferia ignorar aquele formigamento na barriga sempre que o tatuado aparecia em seu campo de visão.

Os dois já haviam sido feridos e já haviam ferido outras pessoas nos seus relacionamentos passados, mas enquanto Jungkook se mantinha aberto à vida, mesmo que mais centrado e menos emocionado com tudo, Jimin não conseguia confiar e, por acreditar que não existe relacionamento sem confiança, não se envolvia romanticamente com ninguém apesar de manter sua lista de contatinhos bem atualizada. E essa era a principal diferença entre os dois: enquanto um pulava de paraquedas focando mais na adrenalina do que na segurança, o outro não conseguia nem colocar o equipamento direito pelo medo da inevitável queda.

Sem saber muito o porquê, Jungkook esperava que o primeiro passo fosse dado por Jimin, mas ele não sabia que o mesmo era desencorajado por Hoseok.

- Da próxima vez eu trago um babador escrito "propriedade de macho merda". - Hoseok diz no ouvido de Jimin, o tirando do transe que sempre entrava quando via o tatuado malhar.

- Para, hyung! - fez bico - Eu não tenho culpa se ele é todo gostoso...

- Quantas vezes eu tenho que dizer que esse moleque não presta?

- Por que você não me conta o que sabe? - Jimin apoia as duas mãos na cintura e encara o mais velho. - Que saco! E nem é como se eu quisesse conhecer ele profundamente. Só quero beijar na boca.

- E desde quando você precisa de causa, razão e circunstância pra não acreditar em mim? - Hoseok imita o mais novo e bate o pé firme no chão. - Eu tô cuidando de você! Não quero você se engraçando com esse Jungkook, pois eu sei por fato que ele não presta e não. - Ele levanta o dedo indicador na altura da boca de Jimin. - Eu não vou te contar porque essa história não é minha.

- Meu deus, hyung! Tá bom.

- Você deveria ser mais esperto. - Os dois se viram para assistir Jungkook malhar as costas, concentrado o suficiente para não percebê-los. - Ele é só um homem.

- Tatuado, alto e musculoso que desce a porrada num saco de pancada da forma mais sensuHYUNG! Espera! - Jimin gargalha e segue Hoseok, que o deixou falando sozinho para seguir para o próximo aparelho.

Foi por isso que o universo teve que dar um jeito nisso, fazendo com que o personal de Jungkook não conseguisse treiná-lo por uma semana inteira, havendo a necessidade do mesmo pedir para o personal de Jimin - Min Yoongi - o substituir. E foi assim que, felizmente, o caos se instaurou.

- Você devia era cortar esse dedo podre fora. - Hoseok diz apontando o dedo para Jimin, sentado no sofá de casa junto com o menor e com seu noivo. - E você - Olha para Yoongi, que falha em segurar o riso, acompanhando a gargalhada frouxa de Jimin. - Vai dormir na casinha do cachorro por 3 meses.

- Mas a gente nem tem cachorro!

- Pois vai dormir numa caixa de papelão no meio da rua.

- Você é cruel, sabia? - Yoongi puxa seu noivo, que se debate por estar verdadeiramente irritado. - Vem aqui, vem. Eu só disse que ele é divertido, não tenho porque mentir.

- Então é isso? Vocês não acreditam em mim, mas confiam 100% num desconhecido qualquer só porque ele tem músculos?

- Não! É porque ele tem músculos muito bem distribuídos. - Jimin recebe uma almofadada no rosto e ri mais ainda, se ajeitando para deitar no sofá pequeno.

- Não é isso, vida. - Yoongi justifica finalmente conseguindo abraçar Hoseok. - Eu acredito em você quando diz que ele não presta e entendo que tenha uma boa razão para dizer isso, mas Jimin é um homem adulto. Ele decide pra quem ele abre as pernas ou não.

- Eu nem quero nada com ele, na verdade. - Mentiu. - Eu só gosto de te irritar, Hobi hyung, e não sou cego. Homens que não prestam também são bonitos. - Jimin olha para o teto branco da casa alheia e deita a cabeça no braço do sofá. - Mas sinceramente, gostaria de saber o porquê dessa implicância toda.

Mas não obteve nenhuma resposta. A única coisa que sabia, era que dizia respeito a um de seus amigos. Chegou a perguntar para Taehyung se ele conhecia Jungkook, mostrando uma foto que tirou escondido do moreno, mas o mesmo disse que nunca viu ele na vida.

- Infelizmente não tive essa sorte, mas se quiser me apresentar, eu tô disponível de segunda a sexta fora do horário comercial.

O problema é que Jimin é, acima de tudo, muito curioso, e toda essa história nem um pouco contada alimentou sua coragem como gasolina em fogueira. Por isso, em um certo dia esperou a aula de Jungkook terminar para forçar um encontro entre os dois no vestiário. Assim que o tatuado saiu da aula de boxe, um Jimin sorrateiro deslizou como uma fada travessa para o centro do vestiário e fingiu que estava ali casualmente, vendo Jungkook passar pela porta com uma toalha de rosto nos ombros largos e o cabelo grudado pelo suor.

Ele olhou para Jimin sentado no banco localizado no centro do vestiário, sorriu pequeno como já era acostumado a cumprimentar o motivo das borboletas em seu estômago, e se virou para a pia, ficando de frente ao espelho. Seu rosto estava todo vermelho e a aparência não era das melhores. O técnico havia pegado pesado naquele dia.

- Oi. - O pequeno disse enquanto sorria para Jungkook através do espelho.

- Oi! - Pego de surpresa, Jungkook acabou falando mais alto e animado do que desejava.

- Finalmente a semana acabou, né? - Até hoje essa é uma piada interna entre o casal.

- Semana difícil pra você também?

- Cansativa, mas nada fora do normal.

O silêncio desconfortável fez com que Jimin se arrependesse de ter começado aquela conversa desajeitada. Para ele, estava mais do que claro que ele estava forçando uma interação que somente ele desejava.

- E os planos para o final de semana? - Jungkook perguntou sem saber muito o que dizer, ainda encarando o menor pelo espelho. Seu rosto estava ainda mais vermelho do que antes, e pegava fogo com a timidez gritando para se esconder em um dos box privativos e só sair dali quando Jimin desaparecesse, mas seu coração só queria que aquela pequena conversa não acabasse tão rápido.

A troca de palavras se estendeu por mais algum tempo com assuntos completamente irrelevantes, apenas deixando marcado ali que o primeiro passo foi dado e que, a partir disso, tudo estava mais aberto às possibilidades da vida.

Respira fundo, fofoOnde histórias criam vida. Descubra agora