•°•Talk to Much•°•

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Esse capítulo vão ser apenas cartas do ratazana pro Patati Patatá, por isso será mais curto (isso deve acontecer capitulo sim, capitulo não).

E uma coisa que acho importante citar é que o Nikolai escreve de manhã/tarde; dependendo do dia. E o Fydor escreve de noite; depois de receber as cartas do Nikolai.

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Fydor nunca foi um homem sorridente, pelo contrário, era um homem frio e inexpressivo.

Ou pelo menos era o que achava.

Nikolai era o completo oposto, um homem alegre e muito extrovertido.

Mas o que acontece quando os dois cruzam o caminho um do outro?

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29 de setembro

Caro Nikolai

Confesso ter ficado surpreso com sua resposta; na realidade fiquei surpreso em ter uma resposta.
Tentarei então, atender seu pedido de escrever-lhe mais cartas.

Começarei respondendo sua dúvida anterior, o porquê de eu não sorrir muito.

Confesso-lhe que não há um motivo certo, eu simplesmente não vejo motivos para sorrir aqui onde moro. Moro em São Petesburgo há vinte anos, e até hoje a cidade continua a mesma.

São Petesburgo é resumidamente, a materialização da pobreza atualmente. Desde pequeno soube disso da pior maneira.

Quando tinha seia anos, me mudei para um apartamento simples, um quarto um banheiro e algo que poderia chamar de cozinha -até hoje é assim. Minha mãe na tentativa de sustentar-me, passou a trabalhar como diarista de uma dama rica; inclusive era a mesma que Agatha servia. Passava parte do dia trancado na biblioteca, me alto obrigando a estudar. Essa fora a melhor época de minha vida, por mais irônico que pareça.

Minha mãe sempre me disse que deveríamos estar de braços abertos, não importa qual sejam nossas condições. Aprecio ela por isso, essa humildade apesar de tudo.

Eu era -e sou- o completo oposto. Me envergonho por que tive uma criação tão boa e me tornei algo tão desprezível. Sou simplesmente o mesmo garoto que sentava na biblioteca, tentando aprender francês e alemão -e falhando miseravelmente. O mesmo garoto cujo os únicos amigos eram ratos que invadiam sua cozinha. O mesmo garoto que desprezava o pai simplesmente por ter morrido.

Sinto muito por minha mãe passar anos de sua vida se sacrificando, sacrificando sua saúde e sua disposição, para cuidar de mim. Castigo profundamente meu pai, por ter abandonado-nos tão cedo, tão cedo que nem pude sentir falta. Mas mamãe sentiu. E eu senti por ela.

Não encontro motivos para sorrir, Nikolai, nunca me deram motivos.

Talvez um dos poucos motivos de minha alegria -se não o único- é ver que apesar de tudo, Karma e Agatha sorriram. Apesar de todos os problemas, apesar de toda a dor que eu sei que eles sentiram -infelizmente sei de cada uma delas- ele ainda são minimamente felizes.

Peço-lhe perdão pela carta tão melancólica; creio que sua vida deve ser muito mais interessante que a minha. Não é como se minha vida fosse apenas tristeza, mas as poucas alegrias que tive foram tão fúteis que não haveria graça lê-las.

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