Diferença Entre Números (Muito) Reais

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Notas Iniciais da Autora:

       Sim, eu já estou aqui de novo. Fazer o quê? Eu sou uma escapista.       Ahh então... O de sempre. É ficção. É pelo plot. Por favor tenham o senso. É isso.       Boa leitura! S2 S2

۵ • ━────「※」────━ • ۵ •

        Acordei com um despertador infernal estourando meus tímpanos. O desliguei, mas permaneci deitada, pensando.

       Sukitte havia me avisado que seria uma busca, mas eu não entendi o que aquilo implicava. Toda vez que encontro Branch em outro universo, não tenho garantia de quanto do homem que eu conheci há nele. Mesmo após anos lutando para fortalecer meu bom-senso, mesmo tendo sido casada com o maior pessimista paranoico do meu mundo, eu ainda me deixei ser cega por positivismo e ingenuidade. Céus, me tranquei no abrigo subterrâneo de um estranho, um estranho perigoso. Agora eu estou com medo. Estou sozinha, sem como voltar para casa, e nem sei que tipo de pessoa Branch é neste mundo.

       Se eu me meter em uma situação perigosa, não poderei escapar até dar meia-noite. Espera, essa conta está errada. É pior ainda, até dar três da madrugada! Como eu vou lidar com isso!? Talvez eu possa ficar na cama hoje... Se meus chakras precisam recarregar, acho que meu coração podia se beneficiar de descanso semelhante. Ver nos olhos do meu amado aquela crueldade dessensibilizada, a pupila diminuta refletindo uma mente partida... Todo o sangue, derramado pelas mãos que me abraçaram nos meus momentos mais difíceis.

       Mas não era ele. Céus, também não posso dizer isso, ou essa viagem não teria sentido. Era, sim, mas só até certo ponto. Será que eu consigo ter inteligência emocional suficiente para entender que as duas coisas são verdade?

       Puxei as cobertas para cobrir minha cabeça e me encolhi em posição fetal.

— Filha! Ainda não levantou? — Ouvi meu pai bater na porta. — Se quiser que eu te leve para a escola, tem que estar pronta até eu terminar de tomar café. Tenho reunião na prefeitura hoje, então não é dia em que eu posso me atrasar.

       Escola, de novo!? E ele disse "prefeitura"?

— Já vou! — Me levantei com pressa, caindo da cama. Ao me virar, notei que meu corpo não parecia diferente de ontem. Olhei em volta procurando um espelho. Eu não estava no meu botão. A arquitetura e a decoração se pareciam com Bergen Town, mas muito mais colorido e límpido. Um toque da capital Funk, talvez. Me ergui, e quando prestes a desistir, raciocinei de abrir as portas do armário. Bingo. No espelho, me saudava minha imagem de vinte e poucos. — Escola, na minha idade?

       Oh. Olhei para a roupa pendurada no armário por um cabide: camisa social azul-clara, saia lápis preta. Eu trabalho na escola. Pensando bem, serviço vai me ajudar bem mais do que ficar na cama ruminando coisas tristes. Saí do quarto à procura de um banheiro (quase caí escada abaixo por estar correndo para lá e para cá). Quando achei, tomei uma ducha-relâmpago e voltei para o quarto dando graças por ter uma toalha minha no banheiro. Me vesti com igual pressa, passei desodorante e perfume, prendi os cabelos em um coque. Desfiz a desgraça do coque. Procurei por todo o quarto uma agenda, bolsa ou calendário. Não achei nada!

— Pai! Cadê a minha bolsa? — Gritei da escada.

— Já tá no carro! Desce logo!

       Quando o fiz, ele me olhou com confusão.

— Esqueceu os sapatos. — Disse, suspirando. Corei, rindo nervosa. — Hoje você tá que tá! Esqueceria a cabeça se não estivesse grudada.

       Voltei ao quarto correndo. Eu só tinha saltos. Saltos! Eu me lembro muito bem de Bridget me dizer que são ferramentas de tortura. Sentindo que assinava um pacto de sofrimento, escolhi o menor e com salto mais grosso, um modelo preto com textura de pele de cobra. Quando voltei, meu pai já não estava lá. Saí da casa e me deparei com um grande veículo de metal. Era como uma minhoca, mas sem... Sem a parte da minhoca. Meu pai me apressou e eu entrei naquilo com alguma dificuldade por conta da saia.

Probabilidades Estatísticas do Nosso Desamor  | TrollsOnde histórias criam vida. Descubra agora