De caráter privado

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- Ainda bem que apareceu hoje Sul.

Brasil encarava o loiro sério. Interceptara o gaúcho na cozinha, quando ia fazer seu chimarrão de manhã.

- Bom dia patrão. - Sorriu fraco, já imaginando o tipo de conversa que teriam. - Já está de volta?

- Brasília me contou a confusão que você causou ontem.

Ora, ora se não são as consequências dos meus atos... O loiro suspirou cansado.

- S-sim... - Enchia a chaleira para esquentar a água. - Eu não estava muito bem ontem.

- Mas quão mal você tem que estar pra apontar a adaga pro Sampa?! - o maior se limitou a encolher um pouco os ombros, envergonhado. - Eu até esperaria isso vindo no MS.... Mas de tu brother?! - O moreno se aproximou e escorou de costas no balcão, ao lado do outro. - O que aconteceu?

RS ruborizou um pouco, disfarçando logo. Tentou enrolar pegando a cuia e a erva, começando a montar a bebida. Brasil não ia recuar. Respirou fundo.

- Bah tchê. Aconteceram umas coisas. - Desviou o olhar constrangido. - De caráter privado, que eu encasquetei que o SP sabia....

BR levantou uma sobrancelha curioso, sem conseguir reprimir um sorrisinho malicioso.

- Caráter privado é....? - Sul encolheu no lugar. Droga. Justo quem tava perguntando, seria difícil desviar essa. Principalmente porque não poderia simplesmente tentar intimidar ou correr, era seu chefe afinal de contas. - Posso saber o que foi?

Rio Grande do Sul se sentia encurralado, até parou o processo de montar seu chimarrão. Corava mais forte agora. Murmurou, torcendo para que o outro desistisse.

- É segredo....

Brasil sorria largo agora, seu sangue fofoqueiro estava quente.

- É claro que é.... - Era engraçado ver o desconforto do gaúcho, já que sempre era tão seguro de si. Mas sabia recuar também. Nem tudo na vida da pessoa é público afinal de contas. Voltou a ficar um pouco mais sério. - Olha só. Por mais que eu queria saber. Eu vou deixar passar dessa vez. Mas só porque você nunca se comportou assim antes. - O alívio era claro nas feições do loiro. - Na verdade eu só preciso saber se isso tá bem resolvido ou se preciso chamar o Sampa aqui também pra vocês se resolverem.

- N-não precisa.... Já conversei com o São Paulo.

- Beleza então. Que isso não se repita viu! - Levantou a mão a fim de puxar a orelha do loiro de brincadeira, para marcar bem a reprimenda.

Sul foi rápido em desviar e se proteger. Corava mais ainda, assustado.

- Oxi? Que foi?

Brasil olhava confuso para a própria mão e depois pro maior. Sorriu largo, não sabia o que era, mas estava divertido. Voltou a tentar pegar a orelha do gaúcho, que desviava e se defendia o melhor que podia.

- Para com isso tchê! Qual a graça?!

- Você que tá engraçado! Por que tá desviando? Nem vai doer. É só um puxãozinho de orelha de leve!

- Uai sô, que confusão é essa?

Com a chegada do mineiro na cozinha Sul se distrai um pouco e Brasil consegue pinçar seu objetivo. Mas pela agitação acaba puxando um pouco demais, o que fez o gaúcho gemer sentido fazendo os três ficarem estáticos, surpresos com a reação. Imediatamente o loiro fica incandescente. Brasil o solta imediatamente, já se desculpando.

- Foi mal! Foi mal! Eu não sabia que ia acontecer isso...!

A resposta veio entredentes e raivosa. Acompanhada de um olhar mortífero.

Muito mais que a encomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora