Segredo de verdade

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— Paulinho. — MT se aproximou pelas costas do outro. — Voltei.

O tatuado deu um pulo no lugar, tentou rapidamente se recompor.

— Eu já falei que não sei de nada...

— Pois num é o que eu acho.

Matinha puxou uma cadeira para si, sentando com o encosto virado para frente e apoiando os braços ali. Catarina também pegou uma cadeira e sentou ao lado de SP, apoiando no encosto do mesmo, ameaçadoramente. O homem ficou em silêncio, sabia que não conseguiria esquivar nem fugir dessa vez. Bastasse o demônio que possuía o gaúcho, agora tinha aquele interrogatório? Maldito momento que decidiu perguntar as coisas pro Paraná! Ou melhor, maldito momento que percebeu o cochicho estranho do Paraná com o Norte! Engoliu em seco.

— Intão.... — Casualmente Matinha enrolava uma mecha de cabelo nas pontas do dedo — O que ocê sabe?

— E-eu já falei que não sei de nada...!

— Oia, eu num queria tê qui fazê ameaça.... Mas ocê num tá me dexando escolha...

São Paulo ficou mais pálido ainda, conhecia a fama da mulher.

— Ou ocê fala o qui sabe pra mim e pra Catarina, ou eu conto pro cavalão qui ocê sabe alguma coisa dele...

Deixou pairar no ar. Catarina acrescentou.

— É claro que nem tudo é ruim pra você. Se falar o que sabe pra gente o gaúcho vem aqui se desculpar pela adaga...

Piscou discretamente para Matinha, que aprovou a iniciativa. Ela estava aprendendo bem.

São Paulo parecia ter a metade da altura, de tanto que se encolheu. Ou contava o segredo que prometeu manter ou salvava a própria pele. De repente ouviu o urro de raiva que o Sul dera no jardim. Tremeu no lugar. Paraná que o perdoasse, mas não estava a fim de brincar com a morte. Suspirou derrotado.

— Eu conto. Mas vocês vão ter que guardar segredo. — Juntou as pontas dos dedos, indicando discretamente para Mato Grosso. — Segredo de verdade. — Olhou sério para Catarina. — É sério isso.... É segredo não é à toa...

— Fala logo Sampa! — A loira não aguentava mais. — Parece que quer nos enrolar...

— Vocês vão entender meu pedido. — Gesticulou para se aproximarem mais. Falou baixo, quase sem voz. — Eu vi — Engoliu em seco, realmente estava contando aquilo. — o Norte e o Sul dormindo na cama do Paraná hoje mais cedo.... Logo antes de você aparecer Catarina. — A loira arregalou os olhos iluminada de compreensão. — Parece que eles... — Gesticulou qualquer coisa com as mãos. — Juntos...

Os três se afastaram devagar. Matinha levou as mãos na boca, levemente corada e Catarina ainda sustentava o arregalar de olhos e boca aberta, também rosada. Não conseguiam conceber a ideia dos Rio Grande estarem dispostos a isso um com o outro.... A sulista não pode deixar de comentar baixinho.

— Paraná seu safado! Certeza que foi ele que arrastou o Sul pra isso.

— Puta que pariu! Disfarça! Disfarça! — SP tremia no lugar, Sul acabara de entrar no ambiente e esquadrinhava a área. Até que mirou no tatuado, se aproximando decidido. Olhou para MT e estreitou os olhos, ainda exibia a silhueta da mão dela na bochecha, estava extremamente incomodado.... Respirou fundo e se dirigiu a São Paulo.

— Tchê. Foi mal pela adaga. Encasquetei contigo mais cedo.... — Suspirou. — Hoje não está sendo um bom dia pra mim.... Mas isso não justifica. Desculpa tah. — Acabou o que tinha ensaiado na mente. — Éhrr... Acho que é isso. Vou sair de vereda mesmo. Até. — Acenou educado, olhou novamente para MT desconfiado, e virou as costas se afastando. A morena sorriu satisfeita.

Muito mais que a encomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora