Você não viu nada!

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As batidas na porta eram insistentes e pareciam quase desesperadas.

— PARANÁ! TÁ AÍ DENTRO?!

O moreno despertou devagar, estava dolorido e cansado. Olhou em volta e viu a companhia dos Rio Grande na cama, estavam tão bonitos que não resistiu de tirar uma foto rapidamente, sorriu com as memórias da noite anterior, ainda dormiam alheios ao barulho.

— PARANÁ! SOU EU O SÃO PAULO! ABRE A PORTA!

Irritado PR levanta e atende a porta, abrindo de uma vez. Deu de cara com um São Paulo preocupado.

— Que foi jaguara?

— Ah, graças a Deus você está bem! — O amigo avançou e abraçou o outro, entrando um pouco no quarto. — Sabe que horas são?! Você não apareceu a manhã inteira e eu estranhei, perguntei pra todo mundo e ninguém tinha te visto...

O olhar de SP pousou casualmente na cama, identificando os dois Rio Grande ali, travou. Olhou embaraçado pro menor.

— O que...?

Paraná empurrou o outro para fora rapidamente, fechando a porta atrás de si.

— Você não viu nada!

São Paulo passou a mão sobre a boca fechada, como que fechando um zíper e jogando a chave fora.

— Seu segredo está seguro comigo, você sabe! — Realmente, eram melhores amigos, podia confiar nele. — Mas... — Olhou indagador, um sorriso maroto aparecendo de leve. Acendeu um cigarro. — O que que aconteceu?

O menor ficou um pouco encabulado, desviando o olhar pro chão sorrindo.

— Só vou dizer que foi uma longa, longa noite...

O maior se aproximou um pouco, baixando a voz.

— Aquele era o Rio Grande do Norte?

Paraná colocou as duas mãos sobre a boca, indicando que não deveria falar. Mas não conseguiu reprimir o sorriso largo e sacana.

— É ele não é! — SP estava animado em ter matado a charada. — Eu sabia meu!

— Sabia como daí?

— Eu meio que dei de cara com ele ontem, entrando no seu quarto... — Um momento de silêncio, ambos absorvendo as informações. Não contendo a curiosidade de uma fofoca desse calibre SP pergunta. — Como foi?

O menor revirou os olhos desconfortável, encolheu os ombros e suspirou derrotado, não conseguiria desviar dessa pergunta, e no fundo precisava conversar com alguém.

— Foi muuuito bom e...

— PARANÁ! — Foram interrompidos por uma Catarina que se aproximava apressada com a Naná nos braços. — Você apareceu! Que bom. — Baixou o olhar rapidamente constatando que o moreno estava só com um calção moletom no corredor, deixando o amigo um pouco constrangido. — Trouxe a Naná pra você, já que não apareceu até agora pra pega-la. — Indicou a capivara, que parecia tranquilamente feliz nos braços da loira. Estendeu a peluda, que foi recebida prontamente pelo dono. — O Sul tá contigo né?

— S-sim — Respondeu ainda atordoado por mudar tão rápido de assunto e tentar disfarçar o desconforto segurando a capivara no colo. — O que houve?

— É que o Sergipe tá procurando o Norte. — SP engasgou com o trago e tossiu tentando disfarçar o motivo. — Que ninguém viu hoje ainda, e eu sei que o Sul sempre consegue achar ele. Mas o Sul também não apareceu pra fazer o mate dele de manhã daí eu vim aqui... — Percebeu o cabelo desarrumado de PR e a cara cansada. — Tava dormindo até agora? Virou a noite foi? — Paraná corou um pouco, São Paulo continuava a tossir. — Deixa pra lá, não sei se quero saber. — Olhou pra SP. — Isso aí ainda vai te matar viu...

Muito mais que a encomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora