Era hoje que morreria

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Numa mesa mais afastada São Paulo encarava o gaúcho, desatento, tinha uma leve ideia de tudo, mas o que fez o loiro ficar tão reativo? .... Deu um trago automático no cigarro acesso entre os dedos. Será que foi toda a questão com o Norte da noite anterior? .... Derrubou as cinzas no cinzeiro à sua frente. Mas não havia sido em acordo que os dois chamaram ele? Parou a mão no meio do caminho. Arregalou um pouco os olhos com a linha de pensamento que formava. Será que foi o Paraná que insistiu?! Conhecia o amigo e sabia que ele era capaz de impor suas vontades quando queria....

Estava absolutamente absorto em pensamentos quando viu uma adaga cravar na mesa à sua frente. Com o susto lançou o corpo para trás, quase caindo da cadeira. Viu o Rio Grande do Sul andando em sua direção com um olhar assassino. Era hoje que morreria. Paraná vinha atrás, agarrado no braço do mesmo, tentando sem sucesso pará-lo. O loiro pegou sua adaga e apontou para o tatuado encolhido no lugar.

— Tchê perdeu o que na minha cara?

O menor estava paralisado, não conseguiria correr nem se quisesse. Nesse meio tempo MS se aproximou para tentar ajudar, estava observando o outro desde cedo, sabia que podia acontecer alguma coisa.... Botou a mão no peito do mesmo, fazendo pressão, ameaçando. Não tinha receio nenhum de cair pra porrada se necessário fosse.

— Acho mió ocê se acalma branquelo.

— Paixão! Para. Olha a confusão que tu tá causando!

Rio de Janeiro também se aproximou preocupado, com a mão na cintura, onde sempre levava sua arma.

— Coé parcero. Cê tá estranhão hoje né?

Sul ficou um pouco mais calmo, mas não o suficiente para recuar, agora era seu orgulho que não permitia.

— Esse tripa seca tava me encarando estranho. — Apertou a mão no metal afiado — Quis ver o que era...

Mato Grosso, acostumada a lidar com o boi bravo do irmão, se aproximou do loiro e pegou firme sobre a mão armada.

— Acho melhor ocê si acalma Sul. Ninguém aqui tem a obrigação de lidar com a sua raiva descontrolada. — Ela forçou a mão do outro para baixo. — Larga essa faca agora, sim. — Sul suspirou, finalmente cedendo o espírito, porém ainda estava bravo. — Eu vou ficar com ela agora viu. Depois que ocê si acalma eu devolvo. — Forçou novamente a mão dele para baixo.

RS suspirou novamente, mudou a posição da adaga para baixo e cravou novamente na mesa, demonstrando que ainda estava bravo. Largou o objeto ali e se afastou bufando. Paraná olhou pra SP se desculpando e saiu atrás do namorado. Todos respiraram fundo depois de desfeita a tensão.

— Carai maluco, o que que deu no menó? — O carioca indagou, relaxando a mão que apoiava na arma. Puxou uma cadeira e sentou, apoiando o braço protetor na cadeira de SP.

— Vai sabe? — Matin deu de ombros já se afastando desinteressado.

Mato Grosso olhou pro tatuado.

— Tudo bem São Paulo? — Pálido, assentiu. — Ocê sabe de alguma coisa?

O outro engoliu em seco. MT percebeu, ele sabia...

— Ocê sabe! O que é que o Sul tá desse jeito hoje? — O paulista arregalou os olhos já negando com a cabeça.

— Sei de nada não! — Um tom de desespero apareceu, se o Sul já estava assim consigo, imagina se soubesse que sabia de algo.... — Ele é que tá estranho!

A mulher recuou, tinha bicho naquele mato.... Olhou em volta desenvolvendo um plano. Pousou os olhos em Norte, que assistia a tudo preocupado, porém mais calmo que os outros nordestinos....

Muito mais que a encomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora