Mesmo até meus 13 anos de idade, eu não tinha a permissão dos meus pais de jogar uma bola na frente da casa onde moravamos, eu também não podia ir para casa de amigos jogar um vídeo game nem nada do tipo, meus primos que estudavam na mesma sala que eu na escola viviam me chamando para ir na casa deles nos finais de semana e nunca pude ir, nas segundas-feira sempre via os meus colegas comentando sobre o que fizeram nos finais de semana e eu nunca tinha nada a dizer, até porquê, eu não fazia nada, poderia inventar, entretanto, a mentira nunca me agradou em nada, inventar algo me dexaria pior do que apenas me calar, desde esse tempo coloquei na minha cabeça que jamais inventaria nada para agradar lado A ou B, se as pessoas quisessem gostar de mim, teriam que gostar do jeito que eu era, e, olhando hoje para trás, vejo que essa decisão e forma de pensar, talvez, tenha sido o que mais me prejudicou durante toda a minha vida, vi inúmeras pessoas mentir, mentir muito, presenciava isso ao meu lado, entre amigos, primos, nossa! a galera chegava numa roda de amigos pra conversar e mentia sobre coisas que tinham feito, sobre o que tinham e não tinham, sobre já terem ido para tal lugar, terem experiência nisso, naquilo, e sabe qual é o pior? Que todos acreditavan e ainda quem fazia isso saia como o popular, amigão da galera, o cara gente boa, nossa! eu só sabia de tudo e não me envolvia com nada, essa era minha função, minha meta, não me meter e fazer apenas o meu papel, não me envolver se eu não fosse envolvido.
A minha diversão quando criança era acordar de 5 horas da manhã com um bate, bate, de panelas, um barulho enorme com a porra de um rádio velho ligado em uma estação onde não passava uma música pelo menos, era só falação o tempo todo, meu pai trabalhava na feira e saia de 3 horas da madrugada, quase sempre viajava para outras cidades, com isso eu e minha irmã mais nova quem sofria-mos as torturas da bruxa, que por sua vez, quando cansava de tentar nos acordar a todo custo e percebia que iriamos continuar dormindo ou fingindo no quarto deitados, ela abria a porta e adentrava fingindo que estava arrumando alguma bagunça no nosso guarda roupas, isso era a gota d'agua para sairmos do quarto de uma só vez... eu e minha irmã dormiamos em uma beliche, eu em cima e ela em baixo, porém, como ela sempre foi mais nova que eu 4 anos, coitada nem entendia direito a maldade dos atos daquela megera, também não era eu quem iria ensina-la, até porquê, como a mãe sempre pegava leve com ela, eu não tinha certeza se a pirralha ficaria do meu lado do "jogo".
Até meus 7 anos de idade, eu levantava da cama ja irritadissimo, tomava café, me arrumava e já sabia o que tinha que fazer, minha "diversão" era, ir para o enorme quintal, que tinha o chão de terra, apanhar todas as folhas que caiam dos pés de banana e do enorme pé de abacate durante a noite, o pior mesmo era quando chovia de madrugada, as folhas todas molhadas e sujas de lama na manhã seguinte, as vezes quando eu pegava as mesmas do chão para colocar no saco de lixo elas vinham com lesmas grudadas... depois desse, literalmente, trabalho sujo, ainda tinha que encher com água várias garrafas pet de refrigerantes que meus pais acumulavam no quintal, não vou mentir, aquilo salvava a gente, pois, onde moravamos se passavam 2 meses sem água encanada e voltava durante 15 dias, depois, parava de novo, existia um certo racionamento por parte dos órgãos competentes da cidade, porém, eu só não entendia o porquê que apenas eu fazia aquele serviço, logo, depois de cumprida mais uma tarefa, sobrava para mim passar um pano na estante para retirar a poeira, varrer a casa, juntar e colocar todo lixo para fora da casa para que, quando o caminhão passasse fizesse a coleta, depois eu tomava banho... e assim foi até os meus 10 anos, mesmo comigo já tendo comessado a estudar no turno da manha, só a diferencia era que eu tinha que fazer tudo rapidinho antes das 7:30 quando me levavam para a escola...
Agora imaginem só como eu criança estava indo estudar contente, nossa, desde esse tempo eu nunca tive motivos para sorrir, minha expressão foi sempre séria do início ao fim das aulas, porém, por mais incrível que pareça até que isso me ajudou muito, eu parecia ser o único gordinho da escola toda que não era zoado nem sofria bulling, acho que os outros pirralhos tinham medo de mecher comigo, nunca fui de brincadeirinhas, de piadinhas, de gracinhas na aula, nem mesmo no horário do intervalo, percebi rápido que isso me ajudava muito em alguns momentos, porém, para retificar esse meu jeito e não passar pelo que eu via outros alunos passando em todo lugar da escola, eu tinha que fazer mais do que ter apenas a cara fechada para tudo e para todos, o que eu fiz? Te conto logo em seguida...
Continua.
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A Decidir...
Non-Fiction"As vezes são decisões precipitadas que afetam quem não têm culpa de nada e uma escolha errada pode facilmente colocar tudo a perder... Nem tudo foram espinhos, também existiram flores pelo caminho, embora que, fossem sempre muito poucas, mas, tenho...