"Coração de Gelo". Cap.: 4

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Comecei a estudar no período da tarde, e na sala de aula sempre têm aqueles alunos mais quietos na deles e aqueles que adoram testar a paciência e limite desses mesmos, dos meus 11 para 12 anos de idade comecei a provar, de uma certa forma, que eu só queria ficar na minha e passar despercebido mesmo, até porquê, eu era bastante tímido, não fazia questão de ser popular, sabe aquela famosa frase: "eu vejo tudo e ninguém e me ver?" Eu adoraria que ela se aplicasse a mim durante aquele período escolar, entretanto, parecia que as tretas me procuravam, desde aquele período tenho a convicção de que, se eu chegar em um lugar onde tem 10 pessoas já no local, sem nem que eu abra a boca para falar algo, já fasso um inimigo, dois que não foram com a minha cara, dois que me acham metido e 3 que ficam com inveja sem nem eu saber o porquê, quer dizer, até imagino, talvez por terem percebido que duas pessoas da roda olhavam para mim com olhar de admiração, talvez até tenham comentado alguma coisa entre elas.

Desde menor descobri, têm coisas que são perceptíveis, só pelo olhar, isso sempre foi assim, essas coisas se repetiram tanto na minha vida que se tornaram padrão, e aquelas tais pessoas invejosas eram as que mais tentavam me tirar do sério e mal sabiam elas que eu desde pequeno também preparava a minha mente sempre para o pior, sendo assim, o meu estado de alerta estava sempre ligado no máximo, isso, desde quando eu era espancado pela minha mãe e prometia mim vingar, pois, eu sabia que pra me vingar dela teria que ter o "coração de gelo" me trancar para sentimentos fúteis, desde criança acumulei muita magoa e rancor "dentro de mim", isso me faz mal até hoje, pois, era tanto rancor que não perdoava nada nem ninguém que aprontasse o mínimo de maldade comigo.

Existia um grupinho de alunos na minha sala que implicava com todo mundo, eles eram da famosa turma do fundão, os mesmos se denominavam assim, isso, porquê sentavam nas últimas cadeiras das fileiras de asentos das salas de aula, a turma da frente geralmente sentava mais proximo ao quadro de tarefas, consequentemente perto de onde os professores ficavam, era por alí que eu me sentia mais seguro, porém, não demorou muito para que eu percebesse que a maldade das pessoas não têm limites, que a barreira de proteção que você pensa existir, facilmente pode ser quebrada, dois da turminha lá, esperaram o melhor momento para me atacar... na escola tinhamos três horas de aula e 30 minutos de intervalo, depois voltava-mos para aproximadamente mais dua horas de aula, e assim terminava o turno da tarde naquele colégio, acontece que, foi na volta dessa meia hora de intervalo que caí na emboscada, eu sempre chegava primeiro na sala de aula, pois, dinheiro para comprar lanche durante o intervalo eu nunca tinha, meus pais nunca me deram, vale lembrar, não era porquê não tinham condições para isso, talvez, até achavam que não precisava já que a escola dava lanche de graça, acontece que, na merenda escolar nunca fui muito chegado, ainda mais por conta de uma coisa que aconteceu no refeitório onde contarei mais para frente... eu não tinha muitos amigos, na realidade, nenhum que quisesse andar comigo, até porquê, eu não tinha nada para lhes oferecer, eu nem se quer gostava de participar das bagunças e coisas sem sentido que gostavam de fazer, sendo assim, voltava para sala rapidinho na esperança que aquela tarde pasasse logo e eu votasse para casa, se bem que, muitas vezes, eu não sabia se era melhor voltar ou ficar por lá mesmo... o sinal de alerta tocou e, sendo eu o primeiro a subir as escadas e me dirigir para o meu asento onde acompanharia o restante final das instruções do professor, logo, passava de cabeça baixa pelos corredores vazios e quando abri a porta para entrar, senti um cala frio inesquecível, dei mais dois passos para dentro e...

Continua.

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