𝟏𝟒. 𝐌𝐢𝐥í𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐝𝐢𝐬𝐭â𝐧𝐜𝐢𝐚

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— Ai Magui, não sei o que te diga

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— Ai Magui, não sei o que te diga. - suspirei enquanto posicionava o telemóvel num lugar estratégico da secretária para que este me gravasse na câmera enquanto escrevia alguns apontamentos no caderno.

— Foi assim tão mau?

— Ele quase me beijou. - disse. — O que é que queres que eu pense?

— Que ele gosta de ti. - riu-se. — Assim como claramente gostas dele.

— És parva? - arregalei os olhos. — Eu não posso gostar dele por vários motivos.

— Tipo...?

— Pronto, ok. - fechei o caderno e fiquei de pé em frente à câmera. — Primeiro que ele é o melhor amigo do meu irmão, não que interesse, mas seria estranho. Segundo, tenho de me focar no estágio.

A Margarida apenas me olhava com uma expressão de quem diz "Fumaste?".

— Terceiro, a Klara. - não precisava de explicar este assunto, ela já sabia de tudo. — Não posso dar-lhe razão, mas sobretudo não lhe posso fazer isto.

— Não percebes que assim quem sai magoado é o João? - perguntou. — Se ele gosta de ti e estás a rejeitá-lo por causa da Klara, como é que achas que se vai sentir? Vocês têm lá culpa de gostarem um do outro.

Permaneci em silêncio enquanto a mais velha me dava um sermão com o qual não concordava, mas estava certo, e eu precisava de o ouvir.

— Achas que devia falar com ele?

— É claro que acho! - respondeu. — Se gostas dele, dizes-lhe. Se não gostas, dizes-lhe.

— Há um meio termo? - perguntei cabisbaixa.

— Explica-me lá isso.

— Ele é um querido, um cavalheiro, Margarida. - sentei-me na cadeira. — Trata-me como nunca me trataram, faz-me sentir uma ansiedade que nunca senti por alguém. Eu gosto de dizer a mim mesma que é assim que a amizade funciona, mas não sei, sinceramente não sei.

— Oh tola, estás caidinha.

— Eu? Caidinha? - ri-me. — Nahhhhh.

— Acabaste de te declarar ao João só que à pessoa errada. - apontou para si mesma.

— Cala-te.

— Promete-me que vais falar com ele para esclarecer as coisas? Tenho de ir.

— Prometo, mas só porque sei que ias acabar por lhe dizer alguma coisa se eu não lhe fosse falar. - revirei os olhos. — Obrigada pela ajuda, cunhadinha.

— De nada. - riu-se.

— Manda beijinhos ao Gonçalo por mim please. - pedi e a mesma assentiu. — Obrigada, até logo!

— Tchau! - despediu-se e desligou.

Assim que a chamada acabou deixei a minha cabeça cair agressivamente na secretária. Estava tão distraída a pensar no João que nem senti a dor do embate.

𝗬𝗢𝗨𝗥𝗦 𝗧𝗥𝗨𝗟𝗬 • João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora