Apresentação, tudo recomeça...

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Dois dias se passaram, era de manhã, todos se arrumavam para o primeiro dia de aula, Luísa, Gustavo e Marcelo iriam ingressar no colegial, já Durval, Alice, Ruth e César no segundo ano.

Na mansão 242 que ficava ao lado da casa da família D'Ávila morava Richard e a família. Os meninos estavam se arrumando em seus quartos, Marcelo estava empenhado, queria que esse fosse o melhor ano, o mais novo estava se arrumando desde as seis da manhã, tudo tinha que se sair bem. Já o mais velho estava nada empolgado, era um sacrifico para ele fazer colegas, quando finalmente conseguiu alguns, foi embora. Ele se levanta faltando dez minutos pro café da manhã, faz suas higienes pessoais, reparte seu cabelo ao meio e passa gel dos lados, veste o uniforme e segue em direção a mesa na qual já estava seus pais.

O rapaz se senta e começa a se servir

-- E aí, filho. Tá animado? -- Pergunta Richard passando geleia em sua torrada

-- Mais ou menos, pai, mas tudo vai se sair bem.

-- Vai, vai sim.

Depois de alguns minutos Marcelo chega na mesa e se senta

-- Cinco minutos atrasado, Marcelo. -- Implica o pai

-- Desculpa, pai, não vai acontecer de novo.

-- É senhor pra você, Marcelo.

-- Tá bem, me perdoa, senhor. -- Diz o menino cabisbaixo

Glória sentia repulsa ao ver a diferença que Richard fazia dentre os filhos, por isso sempre tentava tratar Marcelo o melhor possível.

-- Filho, eu comprei uns ingressos para uma exposição hoje de robótica, é mais a tarde, eu saio da empresa e nós vamos, pode ser? -- Pergunta se direcionando a César

-- Pode ser sim, pai, mas vai só a gente? -- Questiona receoso que a resposta possa magoar o caçula

-- A sua mãe vai ir pra um tal de comitê da mulher do Manoel. -- Responde Richard

-- Ah sim... entendi.

César devia seu olhar pro irmão que estava ao seu lado, ele estava de cabeça baixa. O mais velho odiava ver o pai tratar o irmão daquela forma, sempre tentava fazer ele dar atenção pra ele, mas sempre foi impossível, desde pequenos.

Na mansão D'Ávila as coisas estavam empolgadas, Alice falava sem parar e todos riam da empolgação da menina. Depois que todos terminam os jovens e os pais se levantam e eles seguem até a escola.

Depois de um tempo todos os alunos, antigos e novos estavam no anfiteatro esperando as boas-vindas e o discurso de começo de ano.

-- Quer apostar quando que seu pai vai falar a mesma baboseira de sempre? -- Diz Gustavo para Alice

-- Não aposto nada, sei que vai acontecer. -- Afirma Alice

-- Olha lá, Ali. O tal do Marcelo cheio de charme pra cima daquelas meninas. -- Diz Gustavo observando o conhecido

-- Olha quem tá ali no meio, a Rû.

-- Que?! O que essa louca tá fazendo lá? Vou tirar ela de lá, já volto.

Gustavo vai até a rodinha e puxa Ruth discretamente

-- Que isso, Goulart? Tá louca?

-- Que foi, Gustavo, eu em.

-- Vai ficar aceitando charme desse mulherengo?

-- Quem disse que ele é mulherengo?

Gustavo solta um risinho e suspira

-- Ele tá literalmente com cinco meninas em volta dele tirando você. -- Diz Gustavo colocando a mão no ombro da amiga

-- Pior que é, né?

-- Pior que é, Rû rû. Vamo logo, vem.

Gustavo puxa a mais velha e eles seguem até Alice que procurava com os olhos a irmã mais nova

-- Vocês viram a Lu? Ela sumiu.

-- Lá vai eu procurar outra. -- Gustavo bufa e sai a procura da amiga

Depois de um tempo Gustavo volta com Luísa até o canto que Alice e Ruth estavam, eles se sentam e é anunciado que em instantes a Ruth Goulart iria fazer o discurso tão esperado.

Alguns instantes depois a mais velha sobe no palco e se posiciona em frente ao microfone

-- É um prazer receber todos vocês de volta a essa tão amada e caridosa instituição estudantil. Recebemos alunos novos, rematriculamos os antigos, sendo assim, boas-vindas a todos.

A mulher fala da história da escola e de tudo de mais sem empolgação que existe, até que chega o momento do maior investidor falar, sempre é o Manoel e nesse ano é a mesma coisa. O homem sobe no palco e coloca o microfone em suas mãos.

-- Bom dia, alunos! Bom, sei que vocês estão acostumados comigo discursando, mas infelizmente ou felizmente eu não sou mais o maior investidor dessa tão amada escola. Por isso, vou passar a palavra pro meu bom e velho amigo, Richard Pendlenton.

O Richard sobe no palco, todos os adolescentes ficam surpresos, não esperavam isso.

-- Bom dia a todos! Gostaria primeiramente de agradecer a oportunidade que me foi dada de investir em uma instituição tão séria como a escola Ruth Goulart. Sabemos o quão a educação é importante nos dias de hoje para formarmos verdadeiros e verdadeiras líderes da sociedade. E eu, empenhado nessa causa decidi contribuir o máximo que me fosse permitido com essa tão nobre causa. Estudei a fundo a história, o material e a maneira de ensino da Ruth Goulart e não cheguei a outra conclusão a não ser perfeição. De fato, em toda minha vida nunca vi uma metodologia tão incrementada como a dessa escola e me sinto ainda mais realizado ao saber que meu filho, César, aluno novo dessa escola vai poder desfrutar de tudo isso. Boa aula a todos vocês e um bom começo de ano, alunos!

"De novo..." pensava Marcelo, ele sabia que o pai não considerava ele como filho, mas nunca entendeu o por que, o que ele fez de errado? Sempre tentou agradá-lo, por que ele só amava o irmão? O que era diferente neles? Marcelo tentava ao extremo entender o mundo do pai, negócios, dinheiro, mas nem com a ajuda do irmão conseguia. Os olhos do garoto marejam, ao perceber que ele nunca conseguiria ser suficiente para o pai, ao saber que ele nunca conseguiria chegar aos pés do tão estimavel César Pendlenton.

-- Ué... será que o Marcelo é só filho da dona Glória? -- Questionou Luísa

-- Vai saber... que estranho. -- Diz Ruth

-- Ou talvez ele só esqueceu de falar. -- Supõe Alice

-- Esquecer o filho, Ali? Aí já é demais. -- Afirma Gustavo

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