Depois da apresentação terminar os alunos seguem para suas salas, Marcelo não estava nada bem, era seu primeiro dia, tava tudo ocorrendo bem, por que tinha que acontecer isso justo agora? Pelo seu desânimo é o último a chegar na sala e se senta na única carteira disponível, o lugar não era de todo ruim, era atrás de Luísa. Ele se senta, coloca um pouco de sua água na mão e joga no rosto tentando distanciar os pensamentos do pai.
-- Oi, Luísa. -- Diz Marcelo no ouvido da moça na aula de biologia
-- Oi, oi. Tudo bem? -- Responde a menina enquanto copiava o quadro
-- Tudo sim, você pode me ajudar a fazer a questão "d"? Eu tô com dificuldade.
-- Posso, posso sim, perai.
Luísa termina a última linha e se vira pra ajudar o rapaz, ele consegue entender e agradece a ajuda.
Depois de algum tempo o sinal do recreio toca. Luísa e Gustavo saem juntos da sala para encontrarem Alice, ao chegar na porta eles trombam com César que os para.
-- Será que vocês sabem me dizer onde fica a biblioteca?
-- César, né? -- Questiona Gustavo
-- Isso.
-- Fica pra lá, é numa porta marrom. -- Diz indicando com o dedo
-- Muito obrigado. -- Diz enquanto se afastava de perto deles
Alice chega e eles seguem até a quadra, se sentam nas arquibancadas e ficam observando os meninos a jogarem futebol.
César acha a biblioteca e adentra a mesma, seleciona um livro qualquer de matemática quântica e começa a ler tudo aquilo que ele já sabia.
Marcelo estava sentando com algumas meninas, realmente ele tava sendo a atração entre as moças do colegial, um rapaz alto, bem portado, estiloso e sabia conversar.
Depois de uma longa manhã a maioria dos alunos vão pra casa, menos alguns do grêmio que teriam uma reunião mais César e Luísa. A menina amava ficar depois das aulas na sala de artes e ter aquele espaço só pra ela. Já César amava ficar em espaços que estimulavam sua mente a pensar, por isso o menino pega um livro de mistérios físicos e se senta na última mesa da biblioteca escolar. Luísa pega algumas tintas e uma tela, a menina coloca um pouco de tinta no braços e começa a fazer alguns traços. Pinceladas calmas, quase paradas, Luísa contemplava a arte que se formava pelas suas mãos.
Marcelo seguia a pé para casa, o menino estava sozinho agora, não tinha mais no que pensar a não ser no episódio que ocorreu de manhã. Ele estava acostumado, mas nunca dói menos. Ele se sentia insuficiente, queria pelo menos uma vez na vida sentir o abraço do pai, ouvir "eu te amo" da sua voz severa e rígida. Isso nunca iria se realizar, mas por outro lado ele sempre contemplava o irmão recebendo esses afetos e até mais. O mais velho era grudado no pai e o pai grudado nele, Richard nunca fez questão de levar Marcelo pra festas ou pra qualquer outro evento. Só César, seu primogênito, era importante pra ele. Todos daquela casa sabiam, mas ninguém falava nada. O quarto dos dois irmãos eram um do lado do outro, depois de qualquer briga do mais novo com o pai, César ouvia os choros do irmão, principalmente quando o pai chegava cansado e com algum problema, era no Marcelo que ele descontava, batia, cortava, sangrava, ele não se importava o que acontecia com o filho, só descontava sua raiva no menino. César se culpava quando ouvia de seu quarto os gemidos agonizantes do seu irmão, ele não conseguia fazer nada, ele não conseguia defender seu irmãozinho do perigo. As lágrimas correm pelo rosto de Marcelo, lágrimas de dor, dor de nunca conseguir ser o suficiente para o pai, quer dizer, para o "senhor", porque nem como pai o homem queria ser visto pelo menino.
Depois de algumas horas o quadro de Luísa estava tomando forma, a menina pintava muito bem. Sorri para seu próprio trabalho
-- Nada mal, Luísa, nada mal.
Na biblioteca, César, terminava de ler e aplicar mais uma teoria da matemática quântica, já estava perdendo a graça. O rapaz então se levanta e guarda suas coisas, ele segue o caminho para a porta, mas tem sua atenção desviava para uma menina de costas e de frente para um lindo quadro, ele fixa os olhos na obra, realmente era lindo. A menina vira o corpo ao perceber alguém a observando e dá de cara com César.
-- Oi, Luísa! Eu estava passando e minha atenção foi roubada pela sua obra.
-- Ah sim, tudo bem...
-- Você desenha muito bem, parabéns, viu. -- Diz César sorrindo
-- Obrigada.
-- Bom, eu já vou indo, boa arte aí pra você.
Luísa assinte com a cabeça e César sai da escola em direção a sua casa, ao chegar lá vai direto pro banho, estava quase na hora do seu passeio com o pai. Assim que o menino sai do banho se veste e vai até a sala, ao chegar lá, Marcelo estava no sofá dormindo ainda de uniforme, César solta um risinho, ele parecia um mendigo largado. O mais velho se senta na poltrona e aguarda seu pai ouvindo uma música no seu walkman.
Alguns minutos depois Richard chega na casa e vê os filhos na sala
-- Vamos, César?
-- Pai, por que você não vai levar o Marcelo também? -- Pergunta aproveitando que o irmão tá dormindo
-- Por que eu não quero, oras. Imagina se alguém me vê com ele. -- Responde o pai
-- Mas pai- -- Ele é interrompido
-- Mas nada, vamos.
Eles saem de casa e seguem em direção a essa exposição
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Juventude Em Chamas
RomantizmChegaram! A família Pendlenton está em São Paulo, digamos que a capital do maior estado do país é o local apropriado para se tocar os negócios da melhor forma. Richard não perde tempo, estando no Rio, percebeu a importância de estar perto dos princi...