02 - EXPRESSO KOWL JANG

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Quinta-feira.

Cho acordou com a certeza de que o resto do dia seria um desafio avermelhado diferente.
Cho acordou com uma goteira do encanamento de não se sabe o quê exatamente pingando em sua cabeça, o efeito da heroína passou rápido demais, já estava com dezoito mensagens anônimas exigindo por desculpas pela demora do pagamento.

Pagamento de quê? Dívidas com Pequim. As entregas são de drone, só levam os pacotes, as agulhas e seringas são dela mesmo.
Vestiu uma regata preta longa que roubou de um jogador de ex-sports amador que visitou semana passada após uma conversa de bar. E lambeu seu cabelo moicano caído para trás, estava mais duro hoje, os lados raspados de sua cabeça já estavam crescendo de novo.

Um short jeans que pegou de uma sacola numa parada de ônibus enquanto a dona estava distraída. E um par de botinas horrorshow que usou num campeonato de mosh que participou num show ao vivo de uma banda de death metal chamada "Manslaugh Instinct". Lembrava que pisou na cabeça de um punk gigante de quase um metro e noventa de altura, com o simples detalhe de que ambos estavam de pé.

Pôs pulseiras coloridas e uma maquiagem rápida para disfarçar as picadas.
Saiu do porão no meio da luz da manhã. Estava um pouco mais alegre e leve do que no dia anterior, talvez por ter conseguido vender uma parte dos lotes de Realidade Virtual e garantido sua parte para se livrar das dívidas. Caminhou por um dos estreitos corredores até as cozinhas da lanchonete, ainda não abriram o lugar. Peças metálicas prateadas e as luzes brancas de uma cozinha visível, variações de luzes defletindo pelo alumínio e sons leves de passos pela manhã, contrastados com os pingos de chuva que caíam na porta.

Estava procurando pela sócia, naquele espaço.

Cho: - Hi, Marcy! How ári you! -

Não obteve respostas, ela não estava em lugar nenhum do lugar.
Armário de vassouras? Salinha de descanso? Mesinhas do local?
Nenhum lugar.

Seu pai estava na cozinha, cozinhando uma sopa com cheiro de porco e verduras velhas.
Um homem idoso oleoso de grande barriga e enormes rugas no queixo, uma testa quadrada, calvo, muito calvo, se um carro andasse naquele rosto pensaria que estava entrando no Parque Yellowstone ou coisa parecida.
A quantidade de piadas com a calvície de seu pai...

Cho: - Kǎ'ěr wò, Tā zài nǎ Marcy? -

Pai: - Tā shēngbìngle. Nǐ bìxū tì tā zhíbān. Nǐ néng wéi wǒ zuò zhège ma? -

Cho: - Aaaaahhhhhh... qual é... -

Cho suspirou e se inclinou agarrada na porta. Eles falavam em sintonias e em sotaques diferentes, sempre havia algo diferente e estranho na maneira como falavam um com o outro. Ele sempre coçava a cabeça quando Cho o chamava daquilo, era quase inconsciente.

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