11 - TIROS, SOCOS E PALAVRAS NÃO PODEM ME FERIR, ENTREGO MINHA LÍNGUA

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Hughie estava conseguindo superar os efeitos negativos de usar o implante militar nas costas.
Seu corpo estava gasto, suas solas estavam quentes, suas articulações estavam finas e um tanto feridas, e seu pescoço bamboleava constantemente. Ainda conseguia conduzir um pouco de energia espiritual pelo corpo, suficientemente para que seu corpo não cedesse, mas no final, seu corpo estava parado e pesado.

Parado e pesado naquele veículo vintage elétrico preto, estava ele. Sob uma leve chuva que castigava as pessoas apressadas naquela região turbulenta. Olhando à direita, o bairro de Kowloon, alto demais para achar os topos, e olhando à esquerda, mais e mais prédios ainda maiores opressores demais para se imaginar, apenas dores de cabeça.

Observou de longe por aquelas ruas longas e adjacentes, apenas carros velhos ou de qualidade duvidosa, cores mortas, foscas ou apenas cores padronizadas, elétricos de épocas perdidas, mas no meio deles, havia um carro destacado. Estacionado em frente à uma rede de departamentos pequena, um carro preto destacado, uma SUV moderna potente. Demorou para perceber devido à tontura, mas conseguia discernir o dono dela, já o viu dirigir aquilo.

Repensou bem, e com certeza era dele. Chegara no local primeiro, estava um pouco aflito de se expor em público sabendo de estar em perseguição dos filipinos. Olhou o banco de trás, e esqueceu de guardar uma das SPAS-12 no porta-malas, não lembrava porquê tinha comprado duas, a Cho quase nunca as usava, e acabou no final, levando sua pistola para se defender. Eram grandes demais para carregar e não tão eficazes para sustentar fogo por muito tempo.

Saiu do carro, resolveu enfim se expor, estava com o mesmo terno de veludo preto longo e calças justas da mesma cor, estava ainda trêmulo e instável, esperava não precisar usar o implante novamente, mas sempre se preparava para essa eventualidade. Não era nem um pouco fraco, mas precisava sustentar as lutas com o próprio corpo, se não, correria sérios apuros caso implante falhe ou destrua seu corpo.

Cuspiu no chão, e bateu a porta de seu carro. Não descartava o fato de estar com duas pistolas de grosso calibre dentro do paletó, mas queria algo que não chamasse muito atenção, Cho não conseguiria os carregar e os disparar de maneira eficaz, precisou ficar com eles. Escorregou pelas ruas, a população em volta o encarava com desdém e desprezo, não era novidade, um homem alto, magro, cambaleante e de terno não era bem visto por ali.

Parou próximo do carro do homem, de Yukay, só podia ser dele, ele era rico o bastante para comprar esse tipo de carro e aparecer num local como este, pensava também se não eram os agiotas indianos que estavam atrás de Malik, mas se forem, não se importariam com ele urinando no plugue de carregador do carro - o carro é elétrico -, igual ele estava fazendo nesse exato momento. Tipo, agora mesmo, Hughie pôs seu amigo para fora e estava urinando no plugue de carregador do carro de Yukay. Era um costume que ele tinha, não gostava de carros de pessoas ricas e criminosas, ricas por serem criminosas.

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