2070, nos bairros perdidos das partes mais baixas e esquecidas de Hong Kong. O trio de bandidos pouco ortodoxos e distintos, Cho, Hughie e Malik, cada um com seus problemas e razões para estarem juntos, planejam um serviço que pode ser extremamente...
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2070
Quarta-feira.
Cho percebeu algo diferente no grupo. Percebeu algo que poderia realizar. Algo que não podia mais lidar. Algo diferente ocorreu no começo do dia. Marcou um encontro com uma entidade perigosa, não exatamente para ela, mas em qualquer sentido. Era uma detetive particular conhecida não por resolver casos, mas por os criar, por assim dizer.
O encontro foi num bar de café da manhã algumas ruas de distância do bairro de Kapon, conhecido pela gigantesca estátua holográfica em homenagem ao general Meng Shung Zao (1998-2051), que teria feito os principais acordos que teriam tornado Hong Kong completamente livre da China em 2046, só era uma pena que ele tenha sido supostamente morto por assassinos à mando do partido chinês, mas isso não passa de apenas uma teoria, ainda que fosse totalmente verdade.
O lugar era quente e acolhedor. Estava com uma regata branca de futebol sob uma jaqueta vermelha de couro com mangas rasgadas, uma calça jeans preta e botas de couro macio vermelhas. Respirava o ar mais gelado e suave daquele estabelecimento noturno. Estava com a grana muito curta. Depois de ter feito os negócios de Realidade Virtual no dia anterior, dividindo perfeitamente o ganho, ela não conseguiu quitar nem dez por cento de sua dívida com os traficantes de Pequim e de Macau.
Um vermelho suave pelos bancos e o branco reluzente das mesas, em somatório com as janelas escuras, preservavam toda a luz e o calor do lugar. Seus dentes estavam começando à ficarem moles, e seus cabelos no sovaco estavam adquirindo um tom de cor mais bege escuro. Pediu um milkshake com uísque e uma porção de ovos cozidos com vinagre e maionese.
Não podia fumar lá dentro, e isso era um problema para sua ansiedade. Mas logo, olhando o relógio, onze da noite, percebeu que não precisaria ficar muito tempo ali. Olhou a porta de entrada, e entrou uma mulher de aspecto ocidental, uma mulher alta de sobretudo preto, usava uma gravata vermelha por cima de uma camiseta social branca, e calças sociais justas azul escuras, não olhou os sapatos, mas assim que a viu, sentiu um arrepio, era uma mulher enorme.
Mulher: - Cho? -
Cho: - Yeah, it's me. -
- Sei falar seu idioma... -
- Ah, perfeito... senta o cu aí. -
Possuía um sotaque britânico muito forte, um cabelo preto curto preso num coque e usava óculos redondos. Pôs as mãos na mesa enquanto ajeitava sua postura, mãos firmes, imaginava quantos socos ela não devia dar. Possuía uma face cansada, mas firme de sono.
Cho: - Como eu chamo você? -
Lee: - Eu sou Rita Luger Lee, mas pode me chamar só de "Lee", é meu apelido. -
