10 - REBIMBOCA DA PARA BUCETA

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Cho fungava sob aquelas zonas baixas e planas do bairro de Kowloon, diziam que aquele bairro costumava ser uma cidade murada, que fora demolida, mal sabiam eles o que ocorreria em 2016 para compensar o aumento da população. Transformariam a região num novo e gigantesco bairro apertado de prédios residenciais, infelizmente regulado diferente do passado, mas não fazia diferença sendo um espaço pequeno em meio à espaços menores ainda. Os prédios e rodovias que atravessavam ou ficavam em volta do bairro tinham quase 1km de altura, enquanto esses prédios não passavam de 80 andares.

A escuridão era muita, não estava mais chovendo, mas a quantia massiva de ar-condicionado e pessoas caminhando nas térreas ruas ocupando os espaços com comércio e consumo fazia tudo ficar muito úmido. Hotéis, casas de banho e padarias, algumas fruteiras, mas obviamente, nada plantado por lá. O que era plantado por pessoas hoje em dia? Com o Salário Mínimo Universal aprovado pela ONU devido as substituições dos humanos por máquinas, ninguém mais precisava se preocupar com o quão essas frutas imensas e esses legumes de cores fortes eram reais ou saudáveis.

A movimentação estava menor do que o de costume, mas era muito difícil andar sem se esbarrar em ninguém. Subiu as escadarias dos lados de Fung ho, era como se chamava informalmente, em homenagem a um antigo traficante que dava abrigo e comida aos pobres, uma espécie de "Robin Hood só que não". Mas como saber se Robin Hood não dava drogas para as crianças?

As escadas escorregavam um pouco, suas costas doíam ainda, esses implantes biônicos eram malditos Cho pensava. Seus pais instalaram nela ilegalmente para a recuperar das sequelas da poliomelite, mas seu corpo sempre estava cansado e dolorido, sempre, a todo momento, isso a fazia se lembrar do porquê estava sempre "alta", e a dor pingente que seu implante gerava em suas costas novamente a fez sentir um leve anseio por drogas.

Estava com uma roupa diferente que tirou do porta-malas do Hughie. Um short jeans rosa do tipo que havia comentado ontem, que expunha o topo de suas coxas, uma camiseta preta longa de um personagem super herói dos anos 2000 que ninguém liga, tudo por baixo de uma jaqueta preta de couro longa que batia em seus joelhos, quando olhou para o chão para ter certeza de que não estavam sangrando, e viu que estava andando por aí descalça mesmo, pisou em alguns calombos e vidros, mas não os sentia. Seu cabelo no moicano caído estava um pouco seboso, mas gostava disso.

Todos a olhavam como se fosse uma mendiga, mas não se importava. Ela entrava nos primeiros corredores das frentes dos apartamentos dos lados ao leste, alguns metros de distância do apartamento de Hughie. Talvez não seja interceptada por nenhum filipino, alguns deles já estão mortos. O prédio de apartamento em questão era um pouco pequeno e apertado entre outros, mas era o com a melhor cara, as escadas ao menos eram de concreto e não de madeira, e as janelas eram lustradas, e não polidas. O prédio tinha um térreo um pouco escuro, mas ao menos, havia uma recepcionista e guarda, percebeu que ela estava com uma carabina automática M-4 debaixo do balcão.

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