14. Black days

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Mais uma vez, ela aqui! =D

***

_ Antes da rebelião _

O veículo entrou no galpão quase sem fazer barulho. A mulher no banco do motorista era exímia na direção. Sabia fazer as rodas deslizarem no solo como se nada estivesse acontecendo. Em muitos aspectos, Heejin sabia como passar batida, a despeito de ter uma beleza ímpar, que chamava muita atenção. Também sabia como usar isso ao seu favor, quando necessário, especialmente com os homens. Ser lésbica não a impedia de conseguir usar e abusar de qualquer sujeito que fosse incapaz de resistir a um belo rabo de saia.

Aquele homem que estava amarrado, amordaçado e vendado no bagageiro, contudo, não era do tipo de homem com o qual poderia usar seus talentos. Ele não a olharia duas vezes, nem se passasse diante dele completamente nua. Ele fazia parte da mesma ala da sociedade que a sua, e diferente dela, sequer saberia como fingir interesse. E não tinha a menor importância que ele fosse imune aos seus poderes de sedução. O homem que tinha trazido para aquele galpão abandonado não era alguém que precisava "amaciar" ou dar um fim. Se fosse pensar bem, era exatamente o contrário. Quem teria algo contra ela seria ele. Por isso que ele estava imobilizado, perdido no tempo e no espaço, sem a menor noção de coisa alguma. Em outra circunstância sequer teria perdido seu tempo o mantendo vivo; teria apenas o despachado para outro plano, antes que ele pudesse pensar em abrir a boca a fim de lhe dar voz de prisão ou algo parecido. Mas aquele policial era especial. Ele não era como os outros. Com ele, preferia não se meter. Não por medo, mas por consideração.

Kim Namjoon não podia ser tocado. Ele era seu cunhado, pai de sua sobrinha. Com ele, não se meteria. Mesmo que Seokjin fosse um traidor e estivesse atrás das grades. Ainda tinha os melhores sentimentos pelo irmão mais velho. E respeito. Seokjin tinha feito muita coisa contrária às normas da Família, mas tinha sido bem sucedido em todas elas, até onde conseguiu, pelo menos. Era inteligente, estrategista e articulado. Merecia ser reverenciado. E ainda tinha livrado a ela e a Hoseok de caírem junto com o Appa, possibilitando a eles um recomeço em outro lugar. Deviam a ele. E como forma de pagar, jamais tocariam em Namjoon ou em HanSeo, ou deixariam de fazer o possível para os manter a salvo. Matar-se-iam antes de encostarem um dedo nas pessoas que Seokjin amava, pelas quais ele tinha aberto mão da própria liberdade. Era assim que pagariam o favor a eles concedido.

Assim que estacionou, Hoseok se levantou da cadeira e foi até Heejin. Abriu a porta para a irmã sair, e lhe deu um abraço apertado quando ela ficou de pé. Todos os dias, quando a irmã saía, tinha receio de que ela não pudesse voltar. Os dois tinham iniciado a própria célula mafiosa, e todo cuidado era pouco quando se passava a desafiar grandes figurões desse meio. Não queria ter que comandar a célula sozinho, preferia dividir a função com Heejin. Se pudesse, teria até Seokjin consigo. Sempre sonhou que seriam os três juntos até o fim, quando o Appa, enfim, descansasse. Não contava com os desejos estranhos de Seokjin em sair da Família para montar sua própria estrutura familiar, como se fosse uma pessoa normal. Tampouco imaginava que, para salvar a própria pele, teria que fazer tal qual Seokjin fizera antes e mudar seu nome e seus registros, reiniciando a vida como uma nova criatura. A vida, porém, tinha corrido de acordo com seus planos, e Hoseok não pôde fazer nada além de se adaptar. Ao menos tinha Heejin consigo. Era melhor que nada.

Ao se separar da irmã escutou os resmungos vindos do porta-malas. Respirou fundo, engolindo em seco.

— Ele não tem escutas, nem nada do tipo, certo?

Yeah. Relax.

Alright. Let's take him off.

Anuindo, Heejin pegou as chaves e abriu o compartimento detrás do automóvel, revelando o que havia dentro. Namjoon estava com um saco de pano escuro na cabeça. Seus braços e pernas estavam presos de forma a impedir que se mexesse sem se estrangular no meio do processo. Os barulhos que fazia com a boca indicavam que estava com os lábios presos, provavelmente por silver tape.

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