12. In the end

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Olha quem voltou! Aquela que eu já devia ter terminado faz tempo, mas né, sou eu haha :3

***

_ Tempos depois _

O tribunal estava cheio. Muita gente estava interessada em ver qual seria o destino de Richard Neil Thompson, o líder do grupo mafioso conhecido como Família. Era o tipo de situação midiática, não tinha como ser diferente. Uma ocasião como essa, com grandes nomes envolvidos e um ar de romance policial, despertava os mais distintos interesses.

Havia muita gente que gostaria de vê-lo apenado, pelo simples fato de ter saído dos Estados Unidos para ir cometer seus crimes na Coreia do Sul. Para essas pessoas, o crime maior era ter manchado o país com sua criminalidade, bem mais que os delitos em si. Outros, apesar de desejarem o mesmo, estavam céticos. Gente rica com conexões não costumava pagar pelos crimes que cometia, e não era de se espantar o quanto de conexões inimagináveis ele deveria ter. Mas não havia apenas pessoas contra ele. Richard também tinha uma parcela da população ao seu lado. Sempre teriam pessoas para admirar bandidos por aí, da nacionalidade que fosse. Fato era que seu próprio país o tinha abandonado, e agora ele estava enfrentando a justiça sul coreana sem o apoio dele. Não que tivessem tentado o auxiliar, isso não houve sequer cogitação. Os representantes do local onde nascera decidiram lavar as mãos, e não teve nada que Richard pudesse fazer. Não arriscariam suas reputações tentando extraditar um criminoso com tantas provas contra si, por mais compatriota que ele fosse.

Apesar da inegável derrocada, a postura de Richard no tribunal era altiva. Tinha aprendido ainda na infância a ser implacável, a não demonstrar fraqueza. Foi questão de sobrevivência. Sem isso, não teria chegado tão longe. No entanto, ainda que pesassem o treinamento que teve e as lições que aprendeu, algo o amoleceu ao longo dos anos. Mais precisamente, três crianças que, de alguma forma, conquistaram seu coração, os seus três pequenos amados, que assim que puderam não perderam tempo em o apunhalar pelas costas. Primeiro Jeremy, fingindo uma morte que, a princípio, lhe pareceu muito esquisita, mas que pessoas de sua extrema confiança asseguraram que tinha acontecido. Essas duas pessoas eram, não por acaso, Rooster e Polly, que não só acobertaram Jeremy como deixaram ele, Richard, para trás no momento mais crítico de sua vida. E agora estava ali, sem dois de seus filhos e sendo apunhalado pelo terceiro. Nem pôde se emocionar com a notícia de que Jeremy estava vivo. Tão logo soube disso, o perdeu de novo para o sentimento de raiva e traição.

O amor era, de fato, a ruína de cada um. Tinha sido a sua. E era insuportável perceber o quanto isso doía.

Estava pensando em como a vida podia ser engraçada e trágica quando a sessão foi reiniciada. Todos tomaram seus lugares, com exceção do próprio Richard, que se mantinha sentado onde fora designado desde o começo de tudo. Com seu terno caríssimo bem cortado, seus anéis brilhantes e relógio de ouro maciço, ele estava sereno, muito tranquilo. Seu dinheiro e seus "amigos" não o poderiam ajudar. Tudo estava muito evidente, perfeitamente comprovado. Iria cair, não teria local para se segurar. Mas nem por isso iria cair derrotado. Tinha sua dignidade, seu orgulho. Ninguém tiraria isso dele. Nem mesmo um dos seus três filhos adorados. Por mais complicado que isso fosse.

Com todos organizados, a juíza mandou que a testemunha entrasse. Richard não conseguiu evitar uma falhada no coração quando viu seu promissor Jeremy ser conduzido para dentro. Estava vestido com a farda de uma penitenciária de segurança máxima, local em que o homem vinha residindo desde o dia em que descobriu que ele estava vivo. Mesmo com aquelas roupas horrorosas e de aparência suja, ele mantinha a aura superior que reconheceu nele em pouco tempo de convivência, quando ele ainda era uma criança. Não demorou para sentir que seu Jeremy seria grande um dia. Só não contou que tal grandeza seria a responsável pela sua derrota. Mas fazia parte. Duas grandezas não podiam coexistir. Para que Jeremy crescesse, Richard tinha que diminuir. Achava que seria por meio de sucessão, talvez. Nunca cogitou que seria com traição. Devia ter dado mais atenção à voz que sussurrava em seu ouvido que ele podia ser ardiloso, apesar da carinha bonita de inocente. Não escutou, e agora arcava com as consequências.

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