🔥 04 - Wüstental

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⚠️Atenção ⚠️
Contém Temáticas Sensíveis
Violência, menção a estupro
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Wüstental era uma cidade bem no meio do deserto, camuflada em meio à enorme quantidade de areia. O acesso ao local era difícil devido ao clima. As centenas de casas feitas com materiais encontrados ali mesmo eram simples. Haviam mercados nas ruas principais, barracas que vendiam de absolutamente tudo: comida, bebida, tecidos, alguns móveis e frutas que eram consideradas raras ali e por isso seu preço era extremamente alto. Em algumas barracas haviam alguns pedaços de carne seca de origem duvidosa cercado de moscas. As pessoas ali tinham o rosto queimado de sol que protegiam com uma espécie de lenço de algodão em caso de tempestades de areia. A multidão no centro tumultuado se aglomeravam em frente às barracas e só se ouvia o vozerio dos habitantes da cidade de areia.

Kara guiou o grupo até uma das casas que ficava numa rua afastada do tumultuado centro. A mulher bateu na porta três vezes e um par de olhos dourados surgiu numa gretinha minúscula. O homem disse com uma voz grossa que fez Mia e Egon sentirem um certo receio. Estavam longe de casa num lugar desconhecido, tudo podia acontecer.

— Kara. Pensei que era boa demais para Wüstental. — Eles ouviram destrancar a porta e em seguida a figura de um homem alto e forte, de pele negra e sorriso branco surgiu. O homem aparentava ter uns 35 anos, com uma cicatriz no pescoço que parecia ter sido feita por uma corda.

— Sempre gentil, Zaion.

— E quem são estes aí? – O homem disse desconfiado.

— Amigos. Precisamos de ajuda.

— Hum. Entrem. — O homem deu passagem ao grupo que pareciam paralisados diante dele. Desconfiada como sempre, Mia puxou Kara para o lado e sussurrou.

— Vai ser só isso?

— Tá acostumada demais com hostilidade garota.

Os refugiados acompanharam Kara e seguiram até o salão da casa. A moradia era simples. Não havia muitos móveis e nem muito luxo. Afinal, eram uma cidade pobre. Os portais entre um cômodo e outro eram em formato arredondado, havia uma cozinha pequena, uma sala, uma escadaria que dava acesso ao subsolo e curiosamente não haviam janelas. O anfitrião chegou até a cozinha e gritou:

— Virna. Temos convidados. — A mulher de cabelos cheios e pele cor de canela veio com um pano de prato nos ombros com uma barriga de grávida de pelo menos uns 7 meses. — Esta é minha esposa Virna. Ela vai mostrar onde vocês vão ficar. – Zaion se virou para Kara. – Por enquanto.

— Venham. — A mulher sorriu gentilmente e eles a acompanharam. O clima ainda era tenso naquele local, todos se entreolharam desconfiados e em silêncio. Virna desceu as escadas que dava acesso ao subsolo, em seguida ela acendeu as luzes. O local tinha quatro quartos grandes separados igualmente por um corredor extenso e haviam dois banheiros também um de cada lado — Vocês ficaram aqui. Como podem ver, os quartos estão no subsolo, mas implantamos um sistema de refrigeração com alguns canos que vem de cima, e além do mais as noites são frias no deserto. Vão ter que dividir os quartos, um dos quartos é nosso, o outro estamos montando para o bebê. Com relação a roupas, vou ver se junto algumas com nossos conhecidos.

— Obrigada Virna. – Kara disse agradecida.

— Faço isso pela V. Ela jamais nos perdoaria se deixasse vocês desamparados. — Virna disse com o olhar de ternura ao mencionar o nome da líder — Vou deixar vocês descansarem. A água é escassa então sejam prudentes.

— Obrigada, Virna.

Virna subiu as escadas, enquanto os convidados tentavam se organizar. Kara, Mia e Missai dividiram um quarto e Egon e Ragnar foram para o outro. Mia entrou olhando tudo ao redor, o chão não era cimentado, firme e sem poeira, mas era na terra, as camas eram feitas de um colchão que havia sido feito com um tecido pardo e surrado e preenchido com palhas secas de palmeiras que foi a única vegetação que ela viu ali, o mesmo foi posto em cima de um estrado de madeira, as paredes também feitas da mesma terra do chão indicavam que eram cavernas muito bem cavadas que viraram quartos, o que a fazia pensar ser algo comum na arquitetura da cidade. O sistema de refrigeração mencionado pela anfitriã trazia ar ao local, mas não tinha frescor. As luzes deixavam o local ainda mais quente. Ela caminhou mais um pouco e depois sentou-se em umas camas improvisadas. Ficou um tempo olhando para o chão, depois soltou um suspiro pesado.

Ascensão e queda - Sangue de Fogo - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora