🔥 09 - O Lago

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Os dias após as missões em Alihazarde eram sempre de tristeza profunda e dor. A lista de nomes exposta no memorial parecia não ter fim e cada vez mais aumentava. E o clima sempre parecia acompanhar a marcha fúnebre, o céu nublado e cinzento, um frio incomum para Hareta. O ar gélido parecia percorrer o corpo de Diana. O memorial ficava no pátio em frente ao Quartel do Primeiro Exército eram inúmeros obeliscos enfileirados de mais de três metros de altura com os nomes dos soldados e vítimas daquela guerra que nem era para ter sentido.

Diana encolheu os ombros com as mãos nos bolsos e parou diante do memorial que ficava no hall de entrada do QG e leu os nomes um a um na enorme placa dourada. A maioria, ela não sabia quem eram, mas o nome de Lee estava lá. Ela sentiu uma sensação estranha, estava acostumada com a morte, mas desde que conheceu Astrid tudo mudou. As percas pareciam ter ganhado um peso maior. Lee tinha família? Filhos?

Como forma de reconhecer o esforço de seus herois, dois soldados iam nas casas de seus familiares e lhe entregavam a farda e uma medalha de honra. Além, de um bônus. Diana ainda estava diante do memorial quando Klaus se aproximou devagar.

— Girafa, o General mandou que eu e você fôssemos prestar condolências à família do Lee.

— Por que temos que fazer isso? Já não é doloroso o suficiente para a família?

— Eles querem ouvir palavras de conforto.

— Mas, não vai trazer ele de volta.

— Não vai. Mas demonstra a família que o nos importamos.

Diana franziu a testa e ficou séria. Não gostava daquela encenação. Ninguém se importava com eles. Só queriam usá-los como ferramentas. Era assim, sempre foi. Ela apertou os lábios, tirou as mãos do bolso e saiu apressada.

— Onde você vai, Girafa? – Klaus perguntou curioso.

— Falar com o General. Não vou fazer essa merda.

Diana caminhou pelo enorme corredor de piso de mármore branco. O som do solado de sua bota ecoava pelo quartel chamando a atenção das secretárias que olharam para a mulher que caminhava olhando fixamente para a frente. Diana não aceitava. Não iria chegar até a casa de um soldado morto e dizer à família dele que sentia muito. Era muita hipocrisia na opinião dela. Parou diante da sala no fim do corredor e bateu na porta de madeira maciça. Oregon abriu com uma expressão séria e olhou para Diana com desdém.

— Sim?

— Quero falar com o General. – Diana disse com a voz firme.

— Depende da importância. – Oregon respondeu secamente.

— Se não fosse importante não me daria ao trabalho de vir até aqui. — Ela olhou para Oregon com o olhar desafiador.

— Quanta insolência! Posso mandar te prender por essa sua arrogância!

— Deixa, Oregon... deixe ela entrar. – A voz de Moretz dando a ordem de dentro do escritório.

Oregon abriu passagem para Diana encarando a mulher com intimidação. Moretz ergueu o olhar e aguardou que ela falasse. Diana olhou para Oregon com uma cara de "vai ficar aí?". Moretz acenou para que o Coronel saísse, que obedeceu, mas muito irritado. Diana se manteve de pé diante da mesa de Moretz. O General então aponta para a cadeira.

— Não quer se sentar soldado?

— Não. Vou ser rápida.

— Pois, diga. — Moretz se inclinou para a frente e escorou os cotovelos sobre a mesa e ficou encarando Diana.

— É sobre as ordens que o senhor nos deu. – ela disse olhando para o General fixamente em seus olhos azuis.

— O que que tem?

Ascensão e queda - Sangue de Fogo - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora