🔥 16 - Entre Feras

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O que sobrou de cinco anos de confronto foi um ambiente devastado. O outrora brilhante e dourado Pantheon agora estava cercado de grades e barricadas para todos os lados. O buraco que cercava Graben foi coberto por entulhos. Dividido no meio entre Pantheon e Lobos Negros, um muro de mais de 6 metros com arames farpados vigiado 24 hrs pelos Lobos Negros. Quem ousasse atravessar era morto na hora.

Os Lobos Negros tomaram posse de Wüstental, e parte de Graben. A Rainha Heide tomou boa parte das Terras Vulcânicas, que ainda seguia intacta devido às condições quentes do local. Lavafluss ainda era uma terra livre apesar do avanço iminente da rainha.

As Terras Geladas ainda seguiam sob o comando do Rei Kiran que dificultou ainda mais o acesso a seu país. Com a guerra civil os recursos foram ficando cada vez mais difíceis. Poucos países negociavam com Vermogen e os poucos tiveram seus navios sabotados pelos Lobos Negros.

Naquela dia, em meio aos destroços de onde era a vala de Graben um jovem corre desesperado em direção ao lados dos Lobos Negros. Havia roubado um pão em Pantheon e estava fugindo da punição de Heide. Do lado dela, não eram aceitos homossexuais, deficientes, Negros e nada que pudesse "contaminar" a raça.

Os engelianos ainda eram aceitos devido aos trabalhos que agora eram realmente escravos. Não eram remunerados e viviam à própria sorte. Diziam que Heide havia enlouquecido com o primeiro ataque de Mia.

Uma noite, sem qualquer aviso, os Lobos Negros vieram pelos túneis que ainda estavam intactos e foi derrubando um a dos soldados. Mais de mil pessoas morreram naquela noite. Um massacre sem precedentes que deixou o local ainda mais caótico do que já era.

Do alto do muro, Ygritte olhava para o jovem através da mira de um fuzil com o dedo no gatilho pronto para atirar. A jovem ruiva agora de cabelos curtos respirava com dificuldade, ainda hesitante.

— Atira! – Kara disse ao ver a hesitação da mulher.

— Não posso. – Ygritte disse desistindo. Kara pegou seu próprio fuzil e mirou na cabeça do rapaz e num gesto rápido derrubou o jovem. Ygritte ficou horrorizada. — Era um dos nossos.

— São ordens, para atravessar tem que falar primeiro com os atravessadores, pagar o preço justo. Entrar ilegalmente é morte.

— Quando ficamos tão crueis?

— Engraçado não é Ygritte? Podia ter ficado com a Missai e Veridiana que sempre te defenderam. Ao invés disso, enfiou uma faca nas costas delas e veio com a pessoa que sempre quis te deixar para trás. Hipocrisia que chama?

— Eu... não tive muita escolha.

— Claro que não. É mais fácil escolher o mais forte.

Dentro dos portões do lado dos Lobos Negros também haviam regras. Nada de criminalidade, roubo, tudo isso era punido com a morte. Os primeiros que ousaram foram fuzilados na frente de toda a população ou pendurados em forcas nos muros. Era possível ver nos rostos das pessoas o desespero estampado. Rondas eram feitas todos os dias. Kara ia de rua em rua analisando tudo o que acontecia. Ainda tinham os soldados que ficavam vigiando os muros e túneis.

Kara e Ygritte trocaram o turno com outros dois soldados e seguiram caminhando pelas ruas que estavam menos sujas do que eram. Também não era para menos, essa também foi uma exigência da Loba. Grupos iriam revesar para manter o ambiente limpo. Enquanto caminhavam em direção ao QG, um grupo de engelianos chamou a atenção de Kara ao ver todos ao redor da parede de uma casa.

— O que está acontecendo aqui? — Ela gritou para o grupo que receoso deu passagem para a mulher. Todos os lugares que iam só havia medo. Kara se aproximou e o que viu na parede a deixou chocada. Rapidamente ela se virou para a população. — Quem foi? — Todos mantinham-se em silêncio. Olhando desconfiados para a General. — Quem foi? Se não disser cabeças vão rolar.

Ascensão e queda - Sangue de Fogo - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora