🔥 08 - Travessia no Deserto

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O Deserto de Trochen parecia ainda mais gigantesco depois de Wüstental. As enormes dunas de areia pareciam infinitas ao olhar para o horizonte, o limite que diferenciava o azul e o dourado eram apenas uma linha tênue. A madrugada fria ia mudando a temperatura conforme o sol surgia no horizonte indicando raiar do dia. O céu num azul límpido sem uma única nuvem no céu, e no chão o vapor fazia a areia dançar freneticamente.

O grupo de Mia caminhava há 3 dias fazendo pequenas pausas em algumas rochas que surgiam pelo caminho. A tempestade de areia a cada duas horas impedia que levantassem acampamento. Durante o dia as temperaturas podiam chegar a 50° graus e a noite as temperaturas eram abaixo de zero.

O calor fazia o corpo perder líquido ainda mais rápido e a desidratação era iminente. Os lábios começavam a secar, e consequentemente a rachar, o rosto mesmo protegido por um tecido queimava com o sol escaldante. E o cansaço começava a aumentar cada vez mais.

A jovem Ygritte foi a primeira a sentir os efeitos. Muito branca, o sol queimava sua pele como estivesse caindo brasa. Ela caminhava com dificuldade, trocando as pernas e sentido a vertigem embaçando sua visão. A boca seca, o estômago revirando, a cabeça latejando de dor e uma fadiga que ela não conseguia controlar. Depois de muito esforço as pernas pararam de obedecer e a jovem caiu.

— Ygritte! – Veridiana correu até a garota. – É insolação.

— Deixa ela aí. – Mia disse friamente.

— Nunca. Não viemos aqui para ficar deixando nossos companheiros para trás! – Veridiana disse séria erguendo a cabeça da moça e tentando molhar seus lábios com o pouco de água que ainda tinham.

— Ela só vai nos atrasar! Não! Ela já está atrasando.

— Mia, também não é assim. Tá difícil para todo mundo. – Missai disse tentando amenizar.

— Eu concordo com a Mia... – Egon começou a dizer se aproximando da amiga que mantinha-se de braços cruzados encarando Veridiana.

— É claro que concorda... – Veridiana disse revirando os olhos.

-Chega! – Kara disse tirando o lenço do rosto bruscamente. – Estamos caminhando há 3 dias. O sol deve estar fritando os cérebros de vocês! Não vamos deixar a garota para trás. Devíamos pelo menos parar para descansar por algumas horas. Não estamos nem dormindo direito!

— Lavafluss ainda está longe e se demorarmos mais ficaremos ainda mais lentos e mais cansados! – Mia disse apontando para o horizonte onde supostamente estaria Lavafluss.

— Então vá sozinha princesa! Eu vou parar na próxima rocha ou buraco que encontrarmos e eu vou descansar porque eu não aguento mais! – Kara disse encerrando a discussão.

Mia mordeu o lábio inferior e franziu a testa. — Façam como quiserem. Só não diga que não avisei.

Veridiana ergueu Ygritte e colocou a menina nas costas. O grupo continuou a caminhada até encontrar um tipo de caverna que ficava a alguns quilômetros de onde estavam. O local parecia um buraco gigante de cobra, todo de pedra, não muito grande, mas que daria pelo menos para se protegerem do calor. Em seu interior, ossadas já fossilizadas e uma película gigante que fez Missai arrepiar.

— Isso aqui é uma caverna ou que tipo de coisa é essa no meio do deserto? — A jovem perguntou se encolhendo atrás de Kara.

— Digamos que as lendas das criaturas gigantes não sejam irreais. — Kara disse olhando seriamente para Missai. — Na verdade, a história que contam é que as criaturas realmente existiram, mas desapareceram com o tempo.

— E o que houve com essas criaturas? — Egon perguntou se interessando pelas histórias.

— Quem sabe ao certo? Para nossa sorte, não existem mais. Já pensou atravessar esse inferno com serpentes que cabiam neste buraco?

Ascensão e queda - Sangue de Fogo - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora