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"𝑂 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑧, 𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑓𝑎𝑧. 𝑂 𝑟𝑖𝑡𝑚𝑜 𝑚𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑒, 𝑜 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒. É 𝑢𝑚 𝑝𝑢𝑙𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑑𝑟𝑒𝑛𝑎𝑙𝑖𝑛𝑎, é 𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟 𝑏𝑎𝑖𝑙𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎."


                            𝑩𝒓𝒊𝒔𝒂 𝑺𝒂𝒏𝒕𝒊𝒂𝒈𝒐

Eu não sei o que vestir. A festa da agência é amanhã e a roupa mais chique que eu tenho é um vestido preto de quando eu tinha 15 anos.

Eu juntei um pouco de dinheiro nesse tempo para conseguir comprar um vestido aceitável, mas só consegui juntar cem reais, isso não daria nem para o aluguel de um.

Minha tia está comigo e nós estamos indo até uma loja de vestidos para festas, tem tanto para alugar e tanto para vender. A dona da loja já foi namorada do meu tio, então temos pelo menos um desconto com ela.

A entrada da loja é maravilhosa, ela é rosa e tem algumas mesinhas e cadeiras na porta como se fosse decoração ou algum lugar para ficar quando alguém está experimentando vestidos.

— Meninas, que bom ver vocês. — disse Carla nos abraçando. 

Desde quando Carla terminou com meu tio Pablo em uma festa universitária, ela nunca fez questão de nos procurar novamente. Após uns 2 meses do término deles, meu tio começou a namorar uma cirurgiã plástica que conheceu em um aplicativo de namoro e, como uma boa família, acolhemos ela com o maior amor. Por isso, Carla acabou ficando triste com a gente, mas acho que essa mágoa passou.

— Carlinha. — falou tia Samantha abraçando Carla com força — Saudades.

— Eu também estava. Mas enfim, o que fazem aqui? Precisam de um vestido de festa? Ou de casamento? 

— Vestido de festa. — respondi olhando os milhares de vestidos no cabide — Um bonito que não seja tão caro.

— Deixa comigo. — disse, colocando uma mecha de seu cabelo preto ondulado atrás da orelha. — Tenha milhões de opções super em conta, mas que são de arrasar.

Fomos até uma parte que havia centenas de vestidos coloridos e com muito brilho. O primeiro que Carla me mostrou foi um verde com glitter, ele era longo, decote coração e nenhuma fenda.

O segundo foi um de manga longa com um decote menor, ele era preto e bem sem graça, prefiro um que seja mais animado e com cor.

— Me fala exatamente o que é a ocasião. — falou Carla colocando meu cabelo para trás. 

— Uma festa da agência de bailarinas na qual eu faço parte. — falei e ela concordou com a cabeça — Mas todos lá são muito chiques. — complementei.

Minha tia chamou Carla para um canto com um pequeno gesto e sussurrou algo em seu ouvido, o que devia ser bom, pois Carla abriu um sorriso enorme e voltou super animada para minha frente.

— Linda, eu tenho as melhores opções para você. — disse entre um sorriso.

Eu tenho até medo do que minha tia poderia ter falado com Carla, para ela voltar nessa animação só poderia ser algo bom.

O terceiro mostrado foi um rosa pink com um decote na parte de cima deixando os meus braços livres e nesse decote tem um detalhe em dourado que dá um charme. Tem uma fenda enorme na perna e ele valorizou minha cintura e minhas pernas.

O quarto foi um dourado com preto que dava para chamar atenção de longe. Ele era reto e sem nenhuma fenda, mas ele caiu bem em mim, fazendo ocorrer muitas dúvidas na hora de escolher.

Depois de um bom tempo escolhendo, finalmente entrei em um acordo e escolhi o que mais me encantei. 

O pagamento final ficou em torno de 300 reais, mas com o desconto da Carla, saiu por 200 reais. Eu dei os 100 que eu havia juntado e minha tia inteirou com o dinheiro que havia ganhado de aniversário do seu chefe.

— Tia, eu não tenho nem palavras para dizer o quanto eu te amo. — falei abraçando minha tia e ela pousou a cabeça sobre a minha.

— Só de você estar na minha vida é uma forma de dizer eu te amo. — diz Samantha me dando um beijo na ponta do nariz. 

Eu amo ela, não por conta que se parece minha mãe, mas pelo fato que ela está sempre aqui comigo e me dá todo o apoio que eu preciso. Eu não a considero como tia, e sim como uma melhor amiga.

                                 ♡

O frango está no forno e eu estou preparando um arroz maravilhoso. Hoje resolvemos cozinhar juntas como uma forma de ficarmos mais próximas.

Depois que compramos o vestido, fomos até a escola que eu dou aula e dançamos um pouco, eu o balé e minha tia dançou jazz. Havia algumas meninas lá e elas se juntaram a nós, foi um momento bem legal e descontraído.

Prendi o meu cabelo em um coque desajeitado e terminei de colocar os ingredientes na panela elétrica para começar a fazer o arroz. A sobremesa será um pudim que minha tia faz.

Quando eu era mais nova, minha tia reunia a família toda em um jantar na casa da minha vó e fazia umas 5 travessas de pudim e não sobrava nem a calda. Eu sou encantada por qualquer tipo de pudim, mas o da minha tia supera todos.

Antes de fazer o teste para essa agência, eu fazia parte de outra, eles me mandaram embora assim que descobriram uma nova bailarina que me superava de todos os jeitos. A garota se chamava Natália Abraão e eu já ouvi falar muito sobre ela. Quando eu vi que ela chegou na agência, já desisti de tudo e desde já comecei a arrumar minhas coisas para esperar a demissão. Não achei ruim ir embora, eles eram rígidos e tínhamos que seguir uma dieta baseada em frutas e águas. Além disso, eu tive que emagrecer mais de 10 quilos para entrar no padrão da agência.

— Tá pensando em quem? — perguntou minha tia chegando por trás de mim e me dando um beijo na bochecha — Adrian?

— Não, tia, e para com essa fascinação com ele.

— Não é fascinação, Bri, eu só acho fofo o jeito que ele te trata. — falou, ligando o liquidificador — Você merece alguém assim, que te trate como uma princesa, não como se você fosse um nada.

Eu já namorei uma vez no auge dos meus 18 anos e foi uma fase traumática para mim. Tiago me tratava como uma empregada e me procurava só quando precisava de algo ou para fazer graça para a família. Ele sempre fazia questão de exaltar meus defeitos e imperfeições, ele nunca me elogiava.

— Não sei, tia, não quero criar esperanças onde não pode existir nada. — falei debruçando sobre o balcão. 

— Eu acho que vocês combinam. — disse bebendo um gole de vinho em sua taça — Escuta sua tia, na época de escola eu tinha apelido de "cupido".

Ri e dei um tapinha de leve em seu ombro, a fazendo rir também e assim ficamos ali cozinhando e conversando coisas da época de escola de minha tia.

No mesmo ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora