"𝑆𝑒𝑟 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑙𝑙𝑒𝑡 é 𝑠𝑒𝑟 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎, 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑡𝑒, 𝑑𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟!"
𝑩𝒓𝒊𝒔𝒂 𝑺𝒂𝒏𝒕𝒊𝒂𝒈𝒐
— Tia. — disse Giovanna, vindo correndo me abraçar.
Eu voltei para a escola em que dou aula, eu ainda tinha mais uma semana, mas eu sabia que esse trabalho ia me ajudar nessa etapa. As crianças me ajudam de uma forma surreal, então estar com elas vai ser como um remédio que vai ajudar a fechar as minhas feridas.
— Oi, meu amor. — falei pegando a garotinha no colo — Senti saudades.
— Também senti. — disse, me dando um beijo na bochecha — Hoje, o que vamos aprender?
Hoje, eu tinha pensado em somente fazer uma coisa legal com meus alunos. Nas próximas aulas, a gente ia pegar pesado, pois eu estava organizando uma apresentação no ginásio da escola. Eu sempre fazia apresentações de balé quando eu era mais nova e eu acho que é algo importante para a carreira de uma pessoa que quer entrar fundo na arte da dança.
— Hoje vamos brincar, amanhã iremos dançar. — falei ,colocando Giovanna no chão — Chama seus coleguinhas.
Giovanna saiu correndo e eu sorri, pegando algumas coisas dentro de minha mochila. Eu trouxe alguns jogos, fantasias divertidas e papéis com canetas para desenhar. Quero que eles se divirtam bastante.
Coloquei as coisas em cima da mesa e fui ao banheiro colocar a minha fantasia de Minnie que comprei quando comecei a dar aula. Na loja, havia milhares de opções, mas somente a fantasia da personagem Minnie me interessou.
Quando saí do banheiro, todos já haviam chegado e estavam sentados em círculo no meio da sala. Quando me viram, todos começaram a gritar e bater palmas. Geiza havia me falado que as crianças estavam morrendo de saudade de mim, e isso só me motivou a voltar.
— Oi, meus amores. — gritei animada, sentando no centro da roda — Estava morrendo de saudades de vocês.
— Também estávamos. — falou todos e eu sorri, me virando para trás para pegar as fantasias.
Eu trouxe exatamente 20 fantasias, 10 femininas e 10 masculinas, para não faltar para ninguém.
Entreguei as fantasias para as crianças e cada um foi para o banheiro colocar a roupa. Quando todos já estavam fantasiados, começamos a desenhar coisas que mais amamos.
Comecei desenhando uma bailarina de palitinhos que representava o balé, depois desenhei um raio de sol bem lindo no céu como se fosse minha mãe, depois desenhei minha tia do meu lado e Babaloo em nossos pés. Eu sabia que faltava alguém, mas as crianças não entenderiam quem ele era.
Todos terminaram os desenhos e os resultados foram cachorros, pais, casa, balé, comida e brinquedos variados.
— Eu amei o desenho de vocês, vocês são os meus artistas preferidos. — falei, recolhendo o desenho de cada um.
A segunda diversão são os jogos, então, separei em grupos de 5 e deixei eles lá brincando enquanto eu arrumava algumas coisas e mais brincadeiras. Fui até a secretária, vestida de Minnie, e imprimi alguns desenhos para colorir e alguns caça palavras. Peguei alguns marca textos e voltei para a sala de aula.
As crianças estavam super quietinhas jogando, então liguei a caixinha de som e coloquei a minha playlist infantil para tocar enquanto eles jogavam. Acho incrível que música para crianças me desperta um lado tão bom e nostálgico.
Me sentei em um puff e fiquei observando as crianças brincando, elas com certeza são o motivo da minha felicidade.
— Brisa. — disse Geiza na porta da sala — Vem comigo, por favor.
Assenti e me levantei, pedindo para as crianças ficarem quietinhas enquanto eu vou com Geiza. Passei pela porta e ela me deu um sorriso fraco, ficando do meu lado.
— Algum problema? — perguntei e ela fez que sim com a cabeça.
— Não teremos dinheiro suficiente para a apresentação de balé das crianças, Brisa. — falou, parando no meio do corredor — Nossa escola é pública e só temos o dinheiro suficiente para a educação das crianças.
Passei a mão pelo meu cabelo e fechei os olhos tentando pensar em alguma coisa. Essa apresentação tinha que acontecer, era a oportunidade das crianças serem reconhecidas e terem seus talentos expostos.
— E se fizermos uma apresentação beneficente? Podemos pedir 10 reais das pessoas que queiram prestigiar as crianças. Colocamos nas redes sociais, cartazes e divulgamos para o povo. — falei e ela deu um sorriso ladino.
— Isso é incrível, vou pedir agora para fazerem cartazes e imagens para postar. — disse — Muito obrigada, Brisa, não sei o que faria sem você.
— Faço tudo por eles. — falei sorrindo e voltando para a sala, onde todos continuavam quietos, jogando e cantando as músicas.
Eu sabia que eu tinha muita gente para me ajudar. Tia Samantha disse que faria de tudo para ajudar as crianças, tenho certeza de que ela vai amar essa ideia.
Giovanna se levantou e veio correndo sentar no meu colo. Ela estava vestida de Cinderela e eu tentei fazer um coque bonito nela, mas ficou um pouco bagunçado.
— Eu estou amando a aula de hoje. — falou e eu fiz carinho em seu braço.
— Isso é para entreter vocês, amanhã a gente vai pegar firme, viu? — falei e Giovanna fez uma carinha triste — Você não quer ser uma bailarina profissional?
— Quero, mas queria ser igual a você, já nascer com dom. — falou e eu soltei uma risada alta.
— Quem dera, Gio, eu lutei muito para chegar até aqui. — falei e ela encostou a cabeça em meu ombro — Tudo é questão de esforço, e você é uma garota super esforçada.
Coloquei o dedo na ponta do nariz dela e ela riu, mexendo a cabeça. Eu conheci a Giovanna no meu primeiro dia como professora aqui. Quando ela me viu, disse que eu era linda e que eu parecia ser super talentosa. Depois de algumas aulas, ela se apegou demais a mim e eu descobri que ela fala para os outros que eu sou como uma irmã mais velha para ela.
Dei um beijo na cabeça de Giovanna e ela saiu do meu colo, voltando a brincar com um jogo de princesas junto de suas colegas. Me levantei do puff e me sentei com algumas crianças que estavam jogando "quem sou eu?". Uma menina chamada Mavi me deu um papel virado e pediu para eu colocar em minha cabeça.
— Faça as perguntas, tia. — falou Mavi.
Nos papéis havia imagens de animais, objetos, comidas, entre outros. Preferi trazer desenhos já que as crianças ainda estão na fase de aprender a ler.
— Sou um animal? — perguntei e eles falaram que sim — Posso ter em casa?
— Pode, eu tenho. — disse Otto, um garoto com a fantasia de Peter Pan.
— Gatinho? — perguntei fazendo um gesto de gato.
— Foi muito fácil, você não deveria ter dado essa dica, Otto. — falou Mavi olhando para o menino que juntava as outras cartas.
— Não foi culpa de Otto, eu sou muito inteligente. — falei, colocando o dedo em minha cabeça e eles riram.
Aqui eu acabo esquecendo todos os meus problemas, junto dessas crianças eu consigo ver o meu lado mais feliz.
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No mesmo ritmo
RomanceBrisa, uma garota cujo destino parecia traçado desde o nascimento, nasceu com sapatilhas nos pés e a paixão pela dança pulsando em seu coração. Cada movimento, cada pirueta, era uma expressão de sua alma em harmonia com a música. Adrian, por outro l...