11

24 6 29
                                    

"𝑈𝑚𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑙𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎 é 𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑟𝑡𝑖𝑠𝑡𝑎, 𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑡𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑎. 𝑇𝑢𝑑𝑜 𝑖𝑠𝑠𝑜 𝑒𝑚 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑢𝑚 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜."

𝑩𝒓𝒊𝒔𝒂 𝑺𝒂𝒏𝒕𝒊𝒂𝒈𝒐

Adrian conseguiu convencer Bruno de dar uma aula para mim, já que perdi a de ontem. 

Eu ainda estava sentindo algumas coisas estranhas, como suor excessivo e falta de apetite, mas isso não me incomoda já que tenho que perder peso. Eu não como nada desde ontem de manhã, prometi para Adrian que iria me cuidar, mas falhei, mais uma vez.

Não sei o que está acontecendo comigo nesses dias, tudo que era colorido se tornou preto e branco e parece que toda a felicidade do mundo sumiu para mim. Quando eu estou com alguém que amo, me sinto feliz, mas em alguns instantes em que me despeço delas, tudo volta a ser triste.

Me levantei calmamente e fui até a sala, me sentei em frente ao rack e peguei uma foto de minha mãe. Ela era feliz e tinha tantos planos, o sonho dela era ser a avó legal que leva os netos para fazer coisas divertidas no final de semana.

Eu cresci sem uma figura paterna e na frente de todos, eu fingia não ligar para isso, mas todas as noites, enquanto tentava pegar no sono, eu chorava descontroladamente e abafava o choro colocando minha cabeça no travesseiro. Eu via todos os meus colegas sendo levados na escola pelo pai e ficava chateada ao ver aquilo, pois aquilo nunca ia acontecer comigo.

Meus avós eram presentes na minha vida, o bastante para eu me apegar demais a eles. Há 10 anos, o meu avô morreu com problemas no coração e minha vó se isolou de todos, fazendo a gente sentir uma dor dobrada. Eu me lembro de ver minha mãe encolhida na cama tentando controlar o choro enquanto olhava fotos antigas, fotos que traziam alegria e tristeza ao mesmo tempo.

Toda a minha concentração foi embora depois de alguém tocar o interfone de casa. Me levantei limpando as lágrimas do meu rosto e pela janela da sala vi que era Adrian do lado de fora.

Peguei minha bolsa e saí correndo de casa, eu sabia que com Adrian eu estaria feliz. 

Abri o portão com um sorriso fraco no rosto e percebi que a expressão dele estava péssima. Com dúvida, olhei em direção ao carro dele e vi que tinha duas garotas no banco de trás do carro dele.

— O que elas tão fazendo aqui? — perguntei quase em um sussurro.

— Marcelo me pediu para buscar elas, já que ele não podia. — falou, escorando no meu portão com uma expressão de cansado. — Por favor, me chame para tomar água na sua casa, preciso de um tempo longe dessas garotas.

— Quer tomar um copo de água? — perguntei alto para que elas pudessem ouvir.

— Claro. — disse no mesmo tom — Meninas, já voltamos. 

As meninas gritaram e Adrian entrou rapidamente para dentro de minha casa. Fechei o portão em minhas costas e ele suspirou aliviado.

— Hoje a aula não seria só minha? — perguntei andando de um lado para o outro.

— E é. Mariana e Bella vão experimentar roupas para uma apresentação que elas irão fazer. — disse se sentando no banco da varanda de minha casa — Eu vou pirar.

Ri e me sentei em outro banco de madeira ao lado de Adrian. A minha manhã já estava sendo difícil, pegar o mesmo carro que Mariana ia só piorar tudo.

Peguei meu celular no bolso de trás da calça jeans skinny, desbloqueei a tela e estava prestes a pedir um Uber para me levar para a agência.

— Pode ir se quiser, vou pedir um Uber. — falei e ele fez uma cara de dúvida — Não vou entrar no mesmo carro que essas duas, minha cabeça já está estourando. 

No mesmo ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora