Então grite

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A noite envolvia o castelo em um silêncio sombrio. Rhaenyra Targaryen estava sozinha sentada em seu trono em Pedra do Dragão, ela voltava a sua velha mania de girar os anéis que usava, suas mãos permaneciam suadas por mais que elas as esfregassem em sua camisola branca. Há algumas horas o meistre havia lhe dito que nenhuma carta fora recebida, nenhuma notícia de seu amado e de sua criança desde a partida, àquela altura o confronto já deveria estar acontecendo.

A rainha focava seu olhar nas sombras dançantes projetadas pelas poucas tochas acesas na sala do trono, a brisa gélida arrepiava sua pele e de algum modo mantinha sua mente sã. Ela tentava a todo custo mandar para longe os piores pensamentos que lhe pregavam peças deixando-a ainda mais angustiada.

Rhaenyra se levantou de seu trono se rendendo ao cansaço que seu corpo sentia, mesmo sabendo que não dormiria achou por bem ir para seu quarto à espera de notícias, mas foi interrompida pelo som distante dos sinos que começavam a tocar. Seu coração se apertou. Ela correu até uma das janelas, observando com olhos preocupados o céu noturno. Seu coração quase parou quando avistou um único dragão voando em direção à ilha. Não havia sinal de Caraxes, o dragão de seu marido. Em vez disso, era apenas Vermithor que retornava solitário.

Rhaenyra abandonou o salão do trono com passos rápidos, dirigindo-se apressadamente para a entrada principal do castelo ignorando o frio da noite. Entre os poucos servos acordados e cavaleiros a rainha abriu passagem pelos corredores escuros. O som de um rugido estrondoso atingiu seus ouvidos quando os cavaleiros em guarda abriram a grande porta para que ela passasse. Ela temia o que estava prestes a descobrir.

Ao chegar ao lado de fora, deparou-se com uma cena terrível que a fez cambalear tendo que ser aparada por Sir Erryk. Sua filha Visenya jazia imóvel sobre a grama, o sangue cobrindo boa parte de seus membros inferiores. Vermithor estava em guarda, impedindo qualquer pessoa de se aproximar da princesa.

O coração de Rhaenyra afundou ainda mais. Naquele momento, ela sentiu como se mais uma parte de si tivesse morrido, uma sensação de desespero que já conhecia bem após as mortes de Aemma e Joffrey. Ela havia perdido mais um filho, sua menininha, sua Visenya. A angústia tomou conta da rainha. Ela sentiu uma dor intensa e aguda em seu peito, fazendo com que suas pernas vacilassem a levando ao chão. Foi como se alguém tivesse arrancado mais uma parte de sua própria alma. A sensação era sufocante, como se o ar tivesse sido roubado de seus pulmões, e ela lutou para tentar se levantar e ir até a filha, mas era como se seu corpo recusasse a se mover. A voz de Sir Erryk estava distante demais, ela não conseguia entender o que ele dizia. Sua visão estava embaçada. Seu estômago estava se retorcendo querendo expulsar o conteúdo do jantar.

Não! Sua menininha, sua Visenya.

A rainha mal percebeu quando um vulto passou por ela, indo em direção à princesa. Um homem que ignorava o perigo do segundo maior dragão como protetor de sua montadora. Mas Visenya era a razão de viver dele, sua princesa, sua esposa, seu propósito de vida. Aemond não ligaria de ser queimado e destruído por Vermithor se isso significasse estar ao lado de sua amada Visenya.

Os dragões são criaturas inteligentes, e Vermithor não atacou Aemond, reconhecendo-o como aliado de sua montadora. O dragão permaneceu de guarda sobre o corpo desfalecido de Visenya, enquanto Aemond se aproximava, ajoelhando-se ao lado de sua esposa.

O corpo dela estava gelado pelo voo noturno. Suas bochechas tinham perdido a coloração rosada, mas a respiração ainda estava forte. O ferimento mais grave parecia ser na perna esquerda. Apenas olhando o príncipe percebeu que não foi uma flecha que causara aquele ferimento. Parecia mais uma lança ou espada que havia penetrado profundamente na carne. Era evidente que ela havia quebrado a promessa que fizera ao marido, ela tinha descido do dragão durante a batalha.

O príncipe dos verdes e a princesa dos pretos (Aemond Targaryen)Onde histórias criam vida. Descubra agora