O príncipe dos verdes e a princesa dos pretos (Aemond Targaryen)

Só quem compreende pode ver

Se os olhos de Visenya tivessem o poder de matar, Aegon com certeza já estaria entre os mortos.
A princesa encarava o tio com raiva e desprezo, se segurou para não ranger os dentes na presença do mais velho, ela não entendia como ele tinha coragem de se pôr na frente dela depois de tudo o que fez, com certeza isso se dava pelo fato do marido da princesa estar longe, mas se ele pensava que a pegaria desprevenida novamente ele estava muito enganado.
Thomas mantinha a mão direita mais elevada próximo ao cabo da espada, Visenya não sabia se ele tinha conhecimento dos eventos que antecederam esse encontro ou se ele simplesmente leu muito bem o ambiente vendo o desconforto da mulher que ele jurou proteger.

-Sir Thomas, fique aqui, eu devo falar a sós com meu tio Aegon. -disse Visenya.

Thomas hesitou por um momento, visivelmente desconfortável com o pedido, seu dever era proteger a princesa, e naquela situação claramente havia algo de errado.

-Princesa, é minha obrigação protegê-la em todos os momentos, permita-me acompanhá-la.

Visenya ergue uma sobrancelha, mantendo sua expressão séria.

-Esta é uma conversa particular. Não quero que você ouça o que eu tenho a dizer a meu tio. -finalizou Visenya.

Mesmo contrariado o cavaleiro da princesa assentiu, Eleny também ficou para trás enquanto Visenya avançou até Aegon passando direto por ele, o príncipe Targaryen se vira para seguir a sobrinha até uma área pouco movimentada do jardim sob as sombras das árvores.
A princesa cruza os braços deixando adaga que carregava em seu cinto amostra, manteve seu olhar de desprezo esperando que ele começasse a falar.

-Minha mãe me avisou sobre... sua preocupação com Helaena.
-Preocupação? -Visenya disse com desdém. -Você machucou Helaena, e não satisfeito, você também tentou me machucar.

Ele tentou abrir a boca para falar, mas Visenya não deu chance para que ele se explicasse.

-Você pode tentar justificar suas ações, pode tentar se desculpar, mas nada disso muda o fato de que você se tornou um... monstro.
-Eu sei que errei, foi um momento de fraqueza. -Aegon tenta se justificar.
-Fraqueza? -gritou Visenya. -Você chama de fraqueza machucar a mulher que você deveria proteger? Sua esposa! A desonrou, e a engravidou antes mesmo do casamento, a única preocupação de todos vocês não era o bem estar dela, e sim esconder a barriga.
-Visenya, eu não tive a intenção de machucá-la, foi um impulso irracional, um erro que eu prometo nunca repetir, eu prometo.

Visenya levanta a mão para impedir Aegon de continuar a falar, a expressão dela se tornando mais fria e implacável com cada palavra proferida por ele, ela se perguntava como ele conseguia dar desculpas tão vazias.

-Eu não hesitarei em confrontá-lo se tentar estuprá-la e tentar o mesmo comigo novamente, eu não serei subjugada. Eu corto sua garganta antes que pense que é capaz de se pôr em cima de mim mais uma vez.

Há um momento de silêncio tenso entre eles, Aegon abaixa a cabeça, parecendo envergonhado e derrotado. Apenas uma pessoa conseguia deixá-lo assim, sua mãe a rainha, mas quando as palavras vinham dela normalmente eram acompanhadas de um forte tapa no rosto.
Aegon preferia apanhar do que escutar aquelas palavras. Sempre se sentiu como uma decepção para ambos, pai e mãe, nunca foi nada além de uma criança por obrigação, o rei precisava que ele e os irmãos nascessem para que a casa Targaryen não fosse vista como uma fraqueza tendo uma única herdeira viva. Mas diferente dele, Aemond mesmo sendo mais novo era o irmão responsável, aquele que recebia missões com o peso de proteger o reino e ajudar a manter a paz. Helaena sempre foi... Helaena, a estranha que sempre cativou o coração da mãe, do avô e da sobrinha em sua frente.
O príncipe carregava um olhar triste e perdido.
A única maneira de sentir algo era quando fodia, não importava com quem fosse, era o momento em que ele sentia estar no controle, quando chegava bêbado tinha Helaena que não se defendia porque não entendia o que estava acontecendo, e na noite em que a sobrinha se recolheu logo depois dele após o torneio e as justas dos cavaleiros, uma pequena ideia se acendeu em sua mente, ter a sobrinha para se livrar da irmã e tirar do irmão mais novo a mulher que ele claramente cobiçava, era o plano perfeito. Era, se Visenya não lutasse com tudo o que tinha para escapar das garras do tio e fugir.
No momento em que ele se deitou no chão pela dor de ser atingido em suas partes e viu a sobrinha correr, a bile subiu em sua garganta e ele despejou todo o conteúdo do estômago no tapete.
Jogou a cadeira ao chão e pegou a adaga que ela tentou alcançar, mas como o covarde que sempre foi jogou a lâmina longe antes de ir se esconder no próprio quarto como um rato. Quando foi levado pelo irmão e ficou confinado naquele quarto escuro tendo como única companhia o meistre que veio tratar de seus machucados ele teve a confirmação do quão patético era.
Visenya permanecia olhando ele com nojo enquanto o príncipe ficou calado, quando ela ameaçou se distanciar Aegon teve coragem de falar: