O príncipe dos verdes e a princesa dos pretos (Aemond Targaryen)

Estou com medo

Visenya havia recebido a notícia através de sir Erryk, que Thomas, seu cavaleiro pessoal, o homem que ela confiava para protegê-la, estava envolvido em um relacionamento secreto com sua própria tia, Helaena.

Naquela manhã, quando Erryk lhe deu a notícia, Visenya lutou para manter a compostura diante dele. Seus olhos se encontraram, e ela viu a angústia refletidas neles. Como todo cavaleiro, o dever dele era proteger e honrar seus senhores, e ainda assim essa notícia foi dita em primeira mão para a princesa e não para a rainha, e ele podia ser punido por isso. E Erryk estava bem ciente do que aquela informação poderia causar.

Ela não sabia se estava mais magoada pela traição ou pela escolha de Thomas. Helaena, era sim uma mulher muito bonita e gentil, carismática com aqueles que ela se sentia à vontade, mas também era uma mulher casada, e a traição era uma mancha que não podia ser apagada. Ela sentiu na pele como era ser fruto de uma traição, de ser uma bastarda. E era como Helaena seria vista pela corte se o caso deles por ventura viesse à tona.

A princesa evitou Thomas nos dias seguintes. Ela não queria confrontá-lo, não queria ouvir suas justificativas. Ela também evitou conversas longas com seu marido, aproveitando que ele estava imerso demais no estudo da contabilidade e se preparando para a chegada do Serpente Marinha.

Aemond era um homem de temperamento feroz, Visenya não queria mentir para ele, havia prometido que agora seria totalmente sincera, porém não queria ser a causa da morte de Thomas.

As noites eram as piores. A Velaryon se deitava em sua cama, olhando para o teto, se perguntava se Thomas gostava da tia de verdade ou se apenas estava se divertindo. Não. Thomas não era aquele tipo de homem. Podia não conhecê-lo há uma vida, mas conhecia a índole dele, o Lannister era um bom homem e sua tia já era uma mulher adulta, se tiveram um envolvimento era por vontade de ambos. Não apenas uma vez, pois na noite anterior antes que Aemond retornasse para o quarto e depois que Thomas já tinha sido dispensado de seus serviços, sir Erryk veio lhe dizer que o cavaleiro da princesa foi visto próximo a princesa Helaena novamente, e se algo não fosse feito ele iria até a rainha.

Naquela manhã, os céus sobre Pedra do Dragão apresentavam um azul claro, salpicado por nuvens brancas que deslizavam preguiçosamente. O sol começava a lançar seus raios dourados sobre a ilha e uma brisa suave soprava, trazendo o frescor do oceano.

O castelo em si estava agitado, com os servos preparando as instalações para receber os visitantes. Visenya, ciente de que boa parte da atenção estaria voltada para a chegada da princesa Rhaenys e do lorde Corlys Velaryon, percebia uma oportunidade. Aemond estaria ocupado, deixando-a com um espaço temporário para tomar a iniciativa para chamar Thomas. Erryk mesmo respeitoso, tinha sido claro que iria até Rhaenyra se essa conversa entre os dois não acontecesse o mais breve possível.

Eleny tinha a ajudado a se arrumar já que planejava sair do quarto naquele dia para recepcionar os avôs. Um vestido leve nas cores azuis claras de um modelo simples mas confortável, com os ombros expostos e mangas caídas nos braços e os longos cabelos soltos. Mas antes disso ela se pôs à mesa que dividiu as refeições com o marido nos últimos dias. Limpou a garganta e chamou pelo Lannister.

Thomas abriu a porta no mesmo instante relevando a roupa de couro negro que usava apoiando a mão no cabo da espada que pendia em seu quadril. Os cabelos estavam relativamente maiores, mas a penugem que ele mantinha como barba tinha sido aparada. Até mesmo seu olhar havia mudado.

–Algum problema? –ele perguntou.

A princesa indicou a cadeira em sua frente e seu cavaleiro franziu a testa confuso antes de terminar de pôr o resto do corpo para dentro do quarto e fechar a porta indo de forma automática até o assento que fora indicado.