O príncipe dos verdes e a princesa dos pretos (Aemond Targaryen)

A conquista - Parte II

O arrependimento de Aemond crescia à medida que ele percebia as mudanças no relacionamento com Helaena. O afastamento entre os dois, causado pela mudança da família de Rhaenyra para Pedra do Dragão, tornou-se mais evidente. Antes, Visenya era o ponto em comum que os mantinha unidos, mas depois, na ausência dela, as interações entre Aemond e Helaena se tornavam cada vez mais escassas.
O príncipe esteve imerso em suas próprias preocupações e talvez um pouco cego pela confiança que o avô, o lorde Mão, depositou nele lhe dando missões de reconhecimento e patrulha pelo reino, ele não percebeu os sinais de que algo estava errado com sua irmã. O desligamento das conversas regulares se tornou um vazio que Aemond só perceberia em retrospecto.
Quando finalmente soube sobre o sofrimento de Helaena e a situação com Aegon, o peso do arrependimento e da culpa se fez presente. Ele lamentava não ter estado lá para proteger e apoiar sua irmã quando ela mais precisava. Ele só soube quando já era tarde demais, quando ouviu uma conversa entre Alicent e o meistre sobre a gravidez da irmã. Ele explodiu. As fofocas entre os servos ferviam naqueles dias, os príncipes trocaram socos e Aegon só saiu com ferimentos leves porque Criston Cole havia interferido, e logo veio o anúncio do casamento entre os dois primeiros filhos da rainha.
O príncipe encontrou uma certa remissão ao ver Helaena desembarcar daquele barco na praia de Pedra do Dragão. Finalmente ela estava longe daquele monstro. Mesmo que aquela salvação tenha sido orquestrada pela esposa e por Daemon. Aquela foi a primeira noite que ele dormiu verdadeiramente bem.
Aemond passou despercebido pelas babás que cuidavam das crianças ao entrar pela porta já aberta. O Targaryen parou ao ver que Helaena estava imersa em seu mundo, sentada graciosamente com seus bordados à luz suave das velas que dançavam ao redor dela. O pequeno bastidor de madeira sustentava um delicado tecido de algodão onde ela trabalhava com paciência, criando figuras encantadoras e intrincadas. As agulhas dançavam sob suas mãos habilidosas, formando desenhos que só ela entendia completamente.
O ambiente estava tranquilo, preenchido pelo suave crepitar da madeira queimando na lareira e pelos sons dos gêmeos que brincavam alegremente no chão. As crianças, já capazes de se sentar sozinhos, exploravam o mundo com seus olhos curiosos, brincando com os bonecos de pano que a própria mãe confeccionara para eles.
Helaena estava tão... leve. Tão livre. Tão feliz.

-Irmão. -ela o cumprimentou.

As babás, absorvidas nas brincadeiras e cuidados com os pequenos, foram surpreendidas pelo inesperado anúncio da presença do príncipe. Seus olhares se voltaram rapidamente em direção à porta, onde Aemond havia ingressado na sala.
As mulheres se apressaram, levantando-se desajeitadas e imediatamente se curvando em respeito. Suas mãos, há pouco envolvidas nos cuidados com os gêmeos, agora buscavam recolher os brinquedos das crianças e os pegar no colo. Seguindo as ordens da princesa, as babás retiraram-se da sala com os pequenos, deixando os irmãos a sós após fecharem as portas de carvalho.
Aemond via sua irmã, ocupada com sua caixa de costura, com uma expressão de serenidade em seu rosto. Notou como ela parecia mais à vontade na presença de diferentes pessoas e, talvez, mais confiante em si mesma. A princesa retirou sua caixa de costura do sofá, indicando sutilmente o assento ao seu lado. O príncipe Targaryen compreendeu a mensagem e aproximou-se do assento vago ao lado da irmã.

-Amanhã. -começou Aemond, enquanto observava Helaena ocupada com o bule de chá. -A essa hora tudo estará terminado.
-E você ficará preocupado com quem se sentará no trono. -disse Helaena.
-Jacaerys é o herdeiro da nossa irmã.

A princesa virou-se para o irmão, fechando os olhos ao sorrir despreocupada antes de voltar sua atenção ao bule de chá ainda quente. Ela serviu uma xícara para Aemond e outra para si.

-Aegon será executado pela traição e por tudo o que fez. -Aemond reiterou.
-Sim. -respondeu ela, de maneira simples e concisa.

Por muitas vezes, Aemond invejou a serenidade de sua irmã. Mesmo diante de circunstâncias desafiadoras, Helaena mantinha uma calma que ele achava notável.