O mau caminho - Ran Haitani

15

Os minutos passavam de forma extremamente devagar, Yui dormiu tranquilamente no colo de Rindou enquanto eu apenas fitava a janela. O céu estava aberto sem nenhuma nuvem no céu, coberto de estrelas. Meu coração disparava mais e mais ansioso para que meu celular tocasse ou alertasse alguma notificação. 

— Não se preocupe... Ran sabe se cuidar. — Rindou falou me fazendo fitar seus olhos, que estavam repousados sobre sua mão direita, que acariciava os cabelos de Yui.

— Meu pai é uma pessoa má, tenho medo de que algo aconteça com Ran depois. — falei levando minha mão à boca, começando a roer as unhas. 

— Ran também não é uma pessoa boa. — ele falou e eu fiquei estática por um momento. Me perguntei o que aquilo queria dizer. 

Só tinha certeza de uma coisa, era relacionado aquela visão assustadora da segunda face de Ran que eu tinha visto hoje. Se era mesmo a "segunda" face dele. 

— Somos delinquentes, não sei se você já ouviu sobre. — ele disse fitando a mesma janela que eu fitava segundos antes de encarar seu rosto. 

— Já ouvi sobre, mas achei que fossem delinquentes daqueles que apenas arrumavam alguma confusão com alguém e iam embora. Mal encarados, trombadinhas, me entende? — falei afobada vendo Rindou rir de mim. 

— O quê? Não, somos bem mais do que isso. — ele falou e eu senti meu coração ficar com um misto de sensações e minha mente com um turbilhão de pensamentos.

Por algum motivo não estou preocupada com meu pai, sou uma pessoa ruim por isso?

Ran era realmente mal? 

O que eu faria se ele fosse alguém realmente maldoso?

Ele ficaria bem?

Qual é o passado dele? Gostaria de saber... 

[...]

Me encontrava quase adormecida, ouvi a tranca da porta ser aberta. E lá eu vi Ran, com sangue no rosto e luvas, provavelmente em outras partes do corpo, mas a roupa preta não permitiria que eu visse. 

E atrás dele eu vi outras duas pessoas, Emma e Joe. Todos que haviam acabado de chegar estavam com uma feição séria. Não pude me conter e corri até os braços de Ran, que de imediato retribuiu meu carinho. 

— Você está bem? — perguntou retirando as luvas para que pudesse acariciar meu rosto.

— Estou. Rindou e Yui dormiram. — falei apontando para os dois que se encontravam apagados no sofá. 

— Me pergunto o porquê de não estar no meu quarto dormindo também. — ele falou gentil mas de certa forma chamando minha atenção.  

— Não consegui, estava preocupada de mais com vocês. — com você. 

— Não se preocupe, pequena. Estamos todos bem. — Joe falou e eu sorri pra ele como uma forma de dizer que já não estava mais preocupada. 

Emma então sugeriu que fossemos todos para a nova casa e logo uma sensação de ansiedade e êxtase se instalou em meu corpo. Me despedi de Ran e acompanhei minha irmã e Joe até o lado de fora, entrando no carro esperando que meu cunhado começasse a dirigir. 

— [Nome], o papai está no hospital. — Emma falou e eu senti meu coração saltar pela boca. — Ele chegou lá em estado grave, mas já se recuperou e está estável. 

— Foi... — hesitei por um momento, não sabia se realmente queria saber aquilo. mesmo já sabendo. — Foi o Ran?

— Sim. Foi ele, não conseguimos fazer nada, ele estava descontrolado. — Emma me respondeu, ninguém ali parecia realmente estar triste ou preocupado com aquilo. 

— Chegamos. — Joe falou quebrando o silêncio desconfortável que se formou após o assunto entre todos. 

Era uma casa simples, mas realmente fofa, Joe estacionou e caminhamos todos juntos até a casa, seu interior era realmente aconchegante e acolhedor, Emma me guiou até meu quarto e eu o fitei de forma animada. Era realmente fofo.

— Eu adorei. — falei para Joe e minha irmã mais velha que esperavam minha reação. 

— Eu falei pra sua irmã colocar mais rosa e mais decorações, mas ela disse que você não gostava de coisas muito enfeitadas. Quem diria que ela estava certa. — ele falou e eu e Emma rimos com seu comentário.  

[...] 

Em alguns meses, tudo tinha voltado ao normal, eu estava na minha antiga escola novamente, agora podia ver Ran e Yui com frequência.  E meus sorrisos voltaram aparecer no meu rosto. 

Caminhei para a entrada da escola me deparando com o rosto pálido de Yui. 

— O que foi? Parece que viu um fantasma. — falei rindo enquanto ela apenas me olhava inexpressiva. 

— A ex do Ran, voltou pra escola. — ela falou e eu senti meu coração levar uma pontada de amargura. Ciúmes, talvez? 

— Pouco me importa, se é ex, tem algum motivo. — falei mais para mim mesma do que para Yui que me olhava preocupada. 

— É mesmo, deve estar certa. — Yui falou sorridente, mas ainda sim duvidosa. 

A aula passou normalmente, Ran não parava de se preocupar comigo, perguntando a cada segundo como minhas costas estavam e se eu precisava de alguma coisa. 

— Ran... — chamei por seu nome, de imediato ele me encarou preocupado. — E-eu soube que sua ex voltou para a escola. — comentei com ele tendo quase certeza de que ele já sabia disso. 

Mas aparentemente não. 

— O que? — perguntou confuso. — Como assim minha ex voltou? — ele franziu o cenho enquanto eu apenas o encarava.

— Não sabia?

— Por que eu iria procurar saber disso? — perguntou rindo de minha preocupação. 

— Por que está rindo? — indaguei em um tom um pouco ríspido. Estava insegura.

— Está insegura? — Droga.

— O que? Não, eu nem conheço sua ex. — falei indignada com a insinuação dele. Mesmo que estivesse certo. — Mas qual é o nome dela? 

— Pra quê quer saber? — perguntou e eu me vi encurralada e nervosa, enquanto ele se mantinha calmo e tranquilo. 

— P-pra nada, não posso saber o nome dela? — perguntei nervosa.

— Dalila. O nome dela é Dalila. 

Dalila, né.