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Desde a chegada da nova aluna na escola, eu não tenho tido tanta paz quanto antes, da última vez que dormi na casa de Yui, resolvemos "pesquisar" o perfil dela e acabamos achando uma foto de 2 anos atrás, onde ela estava com Ran, a legenda continha apenas um coração, mas se ela não havia apagado aquilo, só podia ser porque ela não esqueceu Ran.

Eu estava sentada em uma mesa do refeitório esperando Yui chegar, mas ao invés de Yui, apenas notei duas mãos pálidas batendo de forma tranquila contra mesa, direcionei o olhar pra cim para ver quem era a pessoa e senti meu coração errar as batidas, quase rasgando meu peito.

- Então... Você é o novo passa tempo do Ranzinho. - a garota de pele alva, olhos verdes, e cabelo chanel tingido de azul falou me olhando de baixo a cima.

- Eu deveria saber quem você é? - perguntei me fazendo de desentendida, claro que eu sabia sobre ela e quem ela era. Se bobear, até mais que sua própria família.

- Ah, que descuido o meu. Prazer, Eu sou a Dalila, ex-namorada do Ran. - ela falou de forma cínica estendendo a mão para que eu apertasse.

Sempre fui feminista e nunca apoiei a rivalidade feminina, mas minhas convicções estão sendo colocadas em prova da pior forma possível neste momento.

- O prazer é todo meu. - falei forçando um sorriso e apertando a mão da mesma.

- Bom, eu vou ser direta... [Nome] é seu nome, certo? - ela falou e eu apenas assenti. - Certo, [Nome]. Vou te dar um conselho, não crie muitas expectativas em relação ao Ran, nós somos um casal complicado, mas sempre acabamos juntos de novo. - tradução: "Ele é meu, não adianta "conquistar" ele."

E logo depois dela terminar a frase, apenas a olhei incrédula e soltei um riso sarcástico.

- Sinto muito, Dalila, mas desta vez isso não vai acontecer. Então não se preocupe comigo, se preocupe com você. - tradução: "tome conta da sua vida."

- Claro, eu entendo, embora seja extremamente difícil, eu acho que ele pode se apaixonar por alguém além de mim, certo? - tradução: "Ele nunca se apaixonaria por você."

- Claro que sim. - tradução: "desista, sua vez já passou."

E então eu vi mais uma mão bater contra a mesa de forma brusca e agressiva e desta vez eu reconheci a mão antes mesmo de olhar para o rosto da pessoa.

- Você está sentada no meu lugar. - Yui falou de forma ameaçadora, sua aura e seu olhar estavam assustadores, mas Dalila apenas arqueou uma sobrancelha.

- Vejo que falta de educação é uma característica forte de ambas as duas. - ela falou e eu pude ver Yui olhar pra ela com uma cara sarcástica.

- Vejo que burrice é a sua característica marcante. Poxa... tão grandinha e não sabe que "ambas" e "as duas" significam a mesma coisa? - Yui falou vendo Dalila desviar o olhar e escalar a língua no céu da boca. - Agora vaza, garota.

E então, Dalila levantou e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

- Vaca. - Yui falou e se sentou, estava claramente de mau humor.

- O que houve Yui? - eu perguntei e ela direcionou seu olhar assustador à mim, e assim que eu entrei em seu campo de visão, sua expressão suavizou.

- Eu ouvi... - ela falou, mas automaticamente parou de falar, tentando achar um jeito suave para me contar o que quer que fosse. - Ela e as amigas dela falando que você era feia e esquisita, entre outras coisas.

- Não se preocupe com isso, Yui, tenho fãs por todos os lados. - Eu falei rindo, enquanto Yui suavizava a expressão aliviada por eu não ter ficado mal.

- Elas são umas idiotas, estou quase voando no pescoço de uma das amigas dela. - ela falou olhando para a direção do grupo de Dalila, focando em uma garota de cabelos negros e lisos, com um piercing na sobrancelha.

- Por que? - perguntei curiosa, finalmente mordendo um pedaço do meu lanche, já que eu não havia tido tempo de olhar pro meu lanche desde que cheguei.

- Aquela garota está dando abertamente em cima de Rindou. Eu estava do lado dele e ela passou piscando o olho pra ele. - Yui falou aparentemente fulminando de raiva.

- O que ele fez?

- Ele apenas desviou o olhar e olhou pra mim. - ela falou pegando um punhado do pacote de batatinhas e colocando na boca.

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E lá estava eu, sentada na sala vendo um programa aleatório passar na TV, evitando olhar nos olhos de Ran, que me encarava de forma descarada do outro lado da sala.

- Fala. - ele quebrou o clima estranho de silêncio, a não ser pelo barulho da TV.

- Falar o que? - perguntei me fazendo de desentendida.

- Por que você tá estranha? - ele disse atravessando a sala e se sentando ao meu lado.

- Não estou estranha. - falei evitando olhar Ran, ele apenas levou sua mão até meus cabelos e colocou uma mecha atrás da minha orelha.

- O que você tem, amor? - ele falou e eu apenas fitei a TV.

- A Dalila... - antes mesmo que eu pudesse terminar, ouvi um estalar de língua vindo do Ran, olhei pra ele e o peguei revirando os olhos.

- O que tem a Dalila, [Nome]? - perguntou me encarando com certo tédio.

- Por que você tá assim? - perguntei indignada com sua reação.

- Sabe quantas vezes você tocou no nome dela essa semana? - perguntou claramente incomodado.

- Não muitas. - falei me defendendo.

- 15, [Nome]. Você falou dela 15 vezes. - falou me olhando.

- Ela é obcecada por você, Ran. - Eu falei e ele revirou os olhos.

- E você por ela. - ele falou e eu senti meu sangue esquentar.

- O que?! Claro que não! - falei indignada.

- Amor, para de falar dela, só por um minuto. - ele falou e eu apenas revirei os olhos concordando, fazendo com que um silêncio se fizesse presente novamente.

- Você ainda gosta dela? - perguntei sem olhar em seus olhos.

- Ai meu Deus... - ele falou cobrindo o rosto com as mãose suspirando cansado. - Ela é passado, [Nome].

- Você ainda gosta dela, né?! - falei alterando um pouco a voz, pressionando Ran a falar. Ele apenas me olhou entediado e se levantou.

- Aonde vai? - perguntei confusa.

- Casa, não sou obrigado a aturar seus surtos infundados de ciúmes, [Nome]. A gente não namora. - E aquilo foi como um tapa de realidade no meu rosto. Senti meu coração se estilhaçar e vi Ran caminhar até a porta e simplesmente ir embora.

Emma que estava no andar de cima, desceu as escadas e veio até a sala pegar seu telefone.

- Cadê o Ran? - perguntou me olhando, eu estava sem expressão alguma, e quando ela fez aquela pergunta apenas a olhei ainda sem esboçar nenhuma expressão, mas pude sentir uma lágrima cair do meu olho.

- Ele foi embora... - disse em um tom de voz baixo, mal sabia se ela conseguiria ouvir o que eu falei.

O mau caminho - Ran HaitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora