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Duas semanas desde o incidente haviam se passado, a angústia que tinha em meu peito em momento algum era cessada, minhas costas não haviam cicatrizado e doíam cada vez mais, já que eu não tinha tido tempo nem recursos para cuidar das mesmas. Mas o pouco de esperança que eu tinha se prendia ao que Emma falou antes de eu vir para o internato:

"Ouça, eu sei que eu falhei como irmã e que não pude te proteger, mas eu quero nos tirar daqui, então espere mais um pouco, até o dia 12 eu tenho dinheiro suficiente para fugir com você, nós vamos morar com o Joe, okay?"

E novamente minhas lágrimas desciam pelo meu rosto, o quarto estava vazio já que minha companheira de quarto tinha ido fazer uma ligação para seu namorado... Seu namorado.

Eu sentia falta de Ran e de Yui. Nenhum dos dois foram avisados do surto repentino e provavelmente não faziam ideia de onde eu estava. Eu espero que ambos tenham uma vida boa, já que o menos provável é que eu veja eles novamente.

Os soluços ficaram mais fortes, eu mal conseguia tempo para respirar, as lágrimas caíam de forma afobada me impedindo sequer de enxergar.

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A aula havia continuado mas eu sequer estava prestando atenção na mesma, e então, quando eu tive a oportunidade, saí de sala e caminhei para o jardim do internato, que ficava no fundo do mesmo. Me deitei na grama fofa e apenas me concentrei em sentir o vento soprar suavemente minha pele.

Hoje é dia 12...

Meu coração batia em ansiedade e eu me perguntava se minha irmã viria mesmo me buscar ou não. De repente ouço um barulho estranho vindo do grande muro do internato, e quando abri meus olhos pude ver apenas um corpo pulando por cima do meu. Erick.

O filho mais velho da diretora, tinha a minha idade, cabelos cacheados e negros, olhos verdes e profundos, pele morena, piercings nas orelhas e nariz e sempre invadia o internato feminino, e por conveniência éramos uma espécie de amigos-inimigos. Aminimigos, talvez? Mas desta vez ele não estava sozinho, vi outro corpo pulando o muro junto à ele mas não me interessei em saber quem era.

- Eu sei que você não está dormindo, idiota. - ele falou e eu apenas franzi o cenho.

- Não estou com humor para ouvir sua voz irritante, Erick. - falei colocando o braço por cima de meus olhos para que o ambiente ficasse mais escuro.

- Que seja, eu ia até sua sala te procurar, mas que bom que você está aqui. Já é meio caminho andado. - ele disse e eu apenas consegui fazer uma expressão confusa.

- Meio caminho andado pra quê? - perguntei finalmente tirando o braço de cima do meu rosto e abrindo os olhos, me deparando com tranças bicolores exatamente como as de Ran bem acima de mim.

- Vamos pra casa, amor. - e quando parei de fitar o cabelo da pessoa e finalmente olhei seu rosto, não tinha dúvidas, era realmente Ran.

E como se eu não precisasse de mais nada, de mais nenhum gatilho, minhas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu sequer conseguia piscar.

- Ran... - foi a única coisa que consegui dizer com a voz falha.

- Senti sua falta, [Nome]. - ele disse colocando a mão em minha cabeça acariciando de forma leve meus fios de cabelo. Sua mão era leve e macia, me trazia calma e o conforto que eu sempre tinha dele.

E então com um solavanco, me joguei aos braços dele e fiz com que ambos, eu e ele, caíssemos na grama, fazendo com a que a doce e maravilhosa gargalhada de Ran ressoasse por meus ouvidos, um sorriso se formava em meu rosto, mas minhas lágrimas não deixavam de cair.

O mau caminho - Ran HaitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora