O mau caminho - Ran Haitani

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Depois da briga que tive com Ran, não consegui parar de achar que eu realmente tinha uma parcela de culpa naquilo, eu realmente não parava de falar de Dalila, por mais vezes que Ran tenha afirmado e reafirmado não estar interessado em voltar com ela.

Mas claro que não me achava 100% culpada naquilo, Ran também deveria entender meu lado e ser menos babaca, e depois da aula eu conversaria sobre aquilo, com toda certeza.

A sala estava barulhenta como sempre, fazendo com que meus pensamentos ficassem confusos também, mas assim que o professor de matemática entrou, os alunos pararam com a baderna e direcionaram seus olhares a ele. Um aluno novo, na verdade. Acho que ninguém estava realmente interessado no professor e sim no aluno que o acompanhava.

Alto, olhos em um tom azul escuro, como o mar aberto em uma noite nublada, seus cabelos acompanhavam seus olhos, sendo tão escuros quanto, mas ao contrário de seus olhos e cabelo, sua pele era alva e seu sorriso brilhantes. De fato um garoto muito lindo.

Os meninos o olhavam com desdém e curiosidade, já as meninas o cobiçavam, enquanto eu me encontrava sentada do outro lado da sala, contrário ao de Yui, que também havia se mudado pra minha sala.

E então depois do garoto se apresentar, e algumas meninas vibrarem em sinal de adoração ao menino, o professor falou pra ele se sentar ao meu lado, e ele seguiu a ordem.

- Gabe é seu nome, não é? - perguntei ao garoto que me olhou gentil.

- [Nome] é o seu, estou certo? - ele retrucou de forma brincalhona.

- Não parece ser cem por cento japonês. - comentei e ele me deu um sorriso fechado.

- As pessoas costumam demorar mais pra comentarem sobre isso, você é bem direta, né? - ele falou e eu franzi o cenho me perguntando se eu realmente era uma pessoa direta.

- Acho que pode se dizer que sim. Me desculpa se te ofendi, não foi minha intenção. - disse preocupada e ele sorriu gentil tentando me tranquilizar.

- Não precisa se desculpar, é uma coisa boa.

- Boa? - indaguei curiosa.

- Gosto de meninas diretas. - E quando o tal Gabe falou aquilo com aquele sorriso brincalhão estampado no rosto, não pude evitar de pensar em Ran, sentia que estava traindo ele.

- Certo, você é do tipo galinha, anotado. - Eu falei e ele fez uma expressão falsamente ofendida.

- Assim você me magoa. - ele falou e eu revirei os olhos, rindo de suas bobagens.

...

Depois de passar a aula toda ao lado de Gabe, descobri que ele não era uma pessoa ruim, não que em algum momento eu tivesse pensando isso, mas ele era realmente mais interessante do que eu havia pensado.

Seu pai era japonês e sua mãe era russa, ele foi criado na inglaterra por causa do trabalho do seu pai e se mudou para o Japão no fim do ano passado, por conta do mesmo motivo que o levou até a inglaterra.

- O que acha de lanchar comigo no terraço? - Gabe me chamou e eu olhei pra Yui que estava com Rindou no maior carinho. - Não se preocupe, tenho certeza de que ela nem vai sentir sua falta.

- Você é mau. - falei rindo depois de sua observação direta.

- Não era pra soar tão maldoso, só quero te roubar dela antes que ela dê falta. - ele falou e eu o olhei sem expressão, e antes que eu pudesse respondê-lo, ele me tirou do refeitório.

Era difícil saber o que se passava na mente de Gabe. Uma pessoa com certeza misteriosa.

- Certo, vai na frente, eu só preciso falar com alguém antes. - Eu falei vendo ele assentir e se retirar antes de mim.

Logo, eu caminhei até o andar do terceiro do ano, sendo deixada pra trás na escada por Gabe, e então, eu fui atrás de Ran, que não estava em lugar nenhum do refeitório. Pensava em como pedir desculpas pra ele por ter ficado obcecada com alguém que ele me garantiu não ter interesse nenhum, e finalmente passando pelas portas, eu cheguei até uma sala vazia, onde apenas Ran estava...

Com a Dalila.

- Eu sei que você ainda me ama, Ran. - ela dizia sentada na mesa do professor, enquanto Ran se encontrava entre as pernas da mesma, segurando de forma carinhosa o rosto dela, com um brilho no olhar que nunca teve comigo, o jeito carinhoso que ele tratava ela, era extremamente diferente do jeito que ele me tratava.

- Você não sabe o quanto... - Ele falou colocando uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha.

- Sei que você não me esqueceu... - Ela falou mansa, puxando ele pra mais perto, quase colando seus rostos.

- Não tem ideia do quanto eu te amo, Dalila. Não importa o quanto de garotas eu tenha fodido esse tempo que você esteve fora, não importa quantas eu tentei gostar, me aproximar. Nenhuma me fez te esquecer. - E assim que ele terminou de falar tudo aquilo, que me perfurou como uma estaca em meu peito, eles se beijaram.

Eu não podia sair, não conseguia sair, era impossível. Meu coração parecia pesar tanto e minha mágoa parecia cair sobre minhas costas, me imobilizando.

- Então acabe com isso, Ran. Acabe aquele seu papinho com a [Nome]. Não quero que você queira ninguém além de mim. - ela falou baixinho entre o beijo, mas eu pude ouvir.

- Ninguém além de você, Dalila. - ele falou me dando o golpe final, fazendo com que todas as minhas lágrimas caíssem de forma grossa e pesada, descarregando pelo menos 1% do que eu estava sentindo.

E parando pra pensar agora, não importa quantas vezes eu perguntasse, ele nunca negou seus sentimentos por ela, apenas disse que era passado.

Eu sentia minhas pernas enfraquecerem, eu estava prestes a cair...

Ah, que fracasso, além de corna, imóvel, eu estava condenada... E então, alguém pegou em meu pulso e me puxou para longe dali, eu não vi direito o rosto, mas pelos anéis de prata e o anel característico de dragão com uma pedra verde, pude ver que era o novato.

Ele me puxou até o terraço, e quando chegamos lá, ele apenas me abraçou, e contra o corpo de quase 1,85 cm dele, eu senti um cheiro bom de melancia e verão.

- Está tudo bem agora, se quiser chorar... Eu não conto pra ninguém. - ele falou, colocando a mão direita sobre minha cabeça e afagando meu cabelo.

E ali, naquele lugar quentinho e seguro, eu senti que podia confiar, então perdi os movimentos das pernas e me deixei cair sobre o chão... chorando como uma criança, recebendo o afago de Gabe.