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Sara;

Nunca senti isso antes; a adrenalina fazendo minha mão tremer e minha visão ficar turva.

Perco a razão e quando vejo minha mão está fechada com o dedão a contornando.

Nunca senti tanta raiva, tristeza e mágoa, então todo esse sentimento vai para meu abdômen, o contrário e toda a força dele reflete no meu pulso.

Com vontade e com toda a força do mundo, acerto a maçã do rosto de Angelina, bem rente ao olho.

Sorrio com a sensação.

Todos ficam quietos e Angelina se abaixa com a mão no rosto.

- SUA PUTINHA! - Ela grita e vem pra cima de mim.

Não me assusto, só desvio e ela passa por mim, cambaleando.

Ela é uns 15 centímetros mais alta do que eu, tem músculos. E eu? Eu só tenho ódio. Ódio de tudo.

De Oliver. Meus pais. De todas essas garotas e de mim mesma.

Ela me lança um olhar furioso e então vem até mim e acerta meu nariz.

Cambaleio pra trás e ponho a mão no meu nariz. Acho que quebrou devido ao sangue imediato, mas não sinto dor.

Chuto seu joelho e ela se ajoelha diante a mim.

"Oliver já viu ela assim?" - penso.

Acerto o mesmo lado do seu olho e ela abaixa o rosto.

Bato de novo.
E de novo.

Estou mesmo ganhando essa luta?

Mas não quero bater mais nela. Então só digo:

- Não mexa mais comigo. Não estou fazendo nada de errado com vocês. - Digo e todas elas riem. Fico furiosa.

Me preparo para bater de novo na morena ajoelhada aos meus pés, mas sou atingida por um baque forte.

[...]

Dois dias depois...

Abro o olho e eles se fecham sozinho. Me esforço até eles se arregalarem.

Estou na enfermaria, coberta da barriga pra baixo com uma manta e uma camisoa que vem até os ombros.

Meu nariz dói. Minha cabeça parece que vai cair de tanta dor.

- Aí - Resmungo levando a mão até a cabeça e então percebo que a mesma está com curativos aonde dói até os ossos.

- Sara. - Uma voz calma e masculina me chama.

Oliver.

Então me lembro de tudo que aconteceu, a briga, o bulliyng e eu batendo em uma pessoa que com um peteleco poderia me derrubar.

- O que você tá fazendo aqui? - Pergunto e ele me olha curioso. 

- Você levou uma mesada na cabeça. - Ele diz calmo e preocupado. - Poderia ter tido sido grave.

- Estou bem. - Digo e faço uma careta ao tentar gritar.

- Tô vendo. - Ele diz irônico.

Reviro os olhos e até isso faz meu corpo inteiro doer.
Ainda estou brava com ele, pior, estou magoada.

- Ficou aqui esses dois dias? - Pergunto e ele faz que sim. - Espero não ter atrapalhado seu treino. - Digo.

- Sara...- ele começa com a voz mansa e leva as mãos até a cabeça.

Fico em silêncio e não sei o que esperar.

- Você me desculpa? - Ele pergunta com a voz carregada de culpa.

Não respondo.

- Também ouvi idiotices ao seu respeito o dia todo, me saí péssimo nos treinos e tem muita coisa na minha cabeça...- Ele diz e segura minha mão.

- Você foi um idiota. - Digo e o encaro. - Ninguém nunca falou comigo daquele jeito.

- Eu sei. Só fiquei puto quando vi você com meu caderno sabendo o que aquilo significava pra gente. Aí quis descontar tudo naquele momento. - Continua ele. - Mas sei que não devia, me desculpa e eu não vou fazer mais isso.

- Tá bom. Te desculpo. - Digo como se não me importasse.

Ficamos em silêncio nos encarando. Nem sei o que estou sentindo em relação a tudo isso, ou o que deveria sentir.

Oliver se abaixa e beija minha testa, fazendo a dor latejar, mas meu coração se aquece.

- Posso perguntar por que bateu na Angelina? Não foi pela lista, foi? - Ele pergunta preocupado.

- Nem tava ligando pra isso na verdade. - Digo me referindo a lista. - Meu quarto inteiro começou a me zoar, ela liderava tudo e estava me provocando, não me deixava nem chegar na minha cama. - Respondo.
- Elas continuavam e eu já estava fora de mim quando bati nela.

- Foi só isso? - Ele pergunta.

- Foi.

- Deve ter a mão pesada, você realmente fez um estrago no rosto dela. - Ele diz e sorri.

- Ela quebrou meu nariz. - Digo.

- Não quebrou. Só estorou um vazinho. - Ele diz e toca a ponta do meu nariz com a mão.

- Ah. E a mesada? - Pergunto.

- Foi uma cadeirada. Precisou de duas garotas pra levantar a cadeira e te acertar. - Ele diz e ri. - Você só dormiu por dois dias porquê te deram remédio de dormir, até os feitiços fazerem efeito.

- Por que você tá rindo? - Pergunto.

- Não sabia que você era forte, muito menos que você sabia bater. - Ele diz e comprimi os lábios.

- Minha mãe ensinou...

- Falando nisso, ela chega amanhã.

- Pra que?

- Você e Angelina levaram uma ocorrência. Seus pais vão vir conversar com Dumbledore e tentar te tirar do quarto. - Ele diz e minha raiva volta.

Acho que tenho uma longa semana pela frente...







FIRST KISS - OLIVER WOODOnde histórias criam vida. Descubra agora