Z - O enterro de Aidan Blake

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Desirée
Torricelli

Não havia nenhuma nuvem cobrindo o sol naquela tarde, o clima estava agradável, como deveria ser.

A morte dele não afetaria nada no ecossistema e muito menos na minha vida.

Mas lembrar de Aidan Blake será um fardo que terei de aprender a conviver. Mas apesar de todo o ódio que sinto por ele, ainda assim eu me arrumei devidamente para o triunfo que seria o seu enterro.

Eu fui acordada por uma ligação com um número desconhecido, a voz da pessoa do outro lado da linha era sombria, não havia remorso algum em seu tom de voz ao declarar o óbito de Aidan.

Eu não havia feito perguntas de como foi, apenas deixei que o meu cérebro processasse tudo o que havia acontecido em poucas horas.

Aidan me traiu.
Ele (não?) me ama.
Blake estava morto.
Eu estou viúva.
Eu estou feliz com isso?

Independentemente de qualquer sensação de satisfação ou ódio, eu precisava comparecer na homenagem que terá a ele no dia de hoje.

Fingir emoções nunca foi algo complicado para mim, mas esconder o meu sorriso de alegria seria algo extremamente custoso para mim. Ainda mais sabendo que todos estarão com os olhos focados em mim e nas minhas caras e bocas.

Fiz questão de colocar cada uma das joias que aquele desgraçado já me deu, sem esquecer do principal que era o anel de casamento.

Depois de ter recebido aquela ligação eu havia retornado para casa para me preparar para o que viria a seguir.

Então não foi surpresa alguma "acordar" com Javier na minha porta desesperado para me contar algo, no entanto, minhas lágrimas de crocodilo foram suficientes para convencê-lo de como eu estava abalada com aquilo.

Acho que essa foi a primeira vez em que eu viajo de carro com os meninos e eles não fazem nenhuma piada ou risada escandalosa pelo carro.

Assim que a limousine preta estaciona no cemitério Javier abre a porta e segura minha mão para que andássemos juntos, enrosco meu braço no dele e admiro a vista do ambiente. Logo na entrada somos recebidos exclusivamente pelo proprietário do local, o homem nos guia para um lugar isolado das outras lápides para que tivéssemos uma homenagem mais "reservada" — quando na verdade ele só queria arrancar mais dinheiro do nosso bolso —. O dia estava ensolarado, não parecia nada com aquele cenário de enterro nos filmes.

Como todos estavam a nossa frente, Javier aproveita a oportunidade para puxar assunto comigo.

— Ele chegou a contar pra você..?

— Contar o que? — Ele diminui o passo e suspira.

— Alguns dias atrás ele me chamou pra conversar sobre você, obviamente eu tinha achado estranho já que ele nunca foi de puxar papo a não ser que seja sobre trabalho, mas Aidan estava extremamente nervoso o que me deixou agoniado porque...

— Pode ir direto ao ponto? — Apresso ele já que nós estávamos quase chegando perto dos outros convidados.

— O que eu quero dizer é que ele queria que eu o aconselhasse à como te dizer o que ele sentia

— E você caiu nessa? Aidan não ama ninguém além dele mesmo, não é atoa que nós nos demos bem

— Não parecia mentira porque ele estava realmente disposto a fazer você acreditar nisso

— Admito que eu quase acreditei — Javier segura meu braço e me faz parar de caminhar.

— Você quer uma prova? Eu te dou! Quando foi a última vez que ele pediu sexo?

𝐃𝐞𝐬𝐢𝐫𝐞́𝐞 𝐓𝐨𝐫𝐫𝐢𝐜𝐞𝐥𝐥𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora