Rua

55 6 1
                                    

🥀ᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔ♱ᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔ🥀

ᚔ Quackity povᚔ

  

     O clima da sala havia ficado mais tenso, o rosto de sapnap estava com a carranca mais aparente que o costumeiro; Karl parecia indiferente mas olhava o demônio com olhos afiados; Schlatt mantinha as mãos firmes e pesadas em meus ombros aquilo estava me causando arrepios,mas não como antes.

— Bem... E onde vamos achar esse "Jeito"? — Olhei para Jacobs que amenizou o olhar e se levantou.

— A dois dias daqui há uma pequena cidade no interior, as pessoas lá grande parte já teve algum contato com cosias do tipo, talvez achemos alguém por lá capaz de dar um jeito.

Nick cruzou os braços e bufou irritado, fazendo Karl revirar os olhos sem paciência para o companheiro.

— Algum problema, Nick? — Karl o olhou de relance pondo a mão no bolso.

— Todos! Tudo aqui é um probema! Acha que é fácil assim? Vamos chegar lá e virar para sai lá quem é falar "Olha irmão, tem um demônio que usa nosso amigo de hospedeiro para sei lá que porra!"

Olhei para cima vendo o homem ao meu lado com um sorriso sínico, ele gostava daquilo, discórdia, era um prato cheio para o mesmo. Balancei meu ombro sinalizando para ele não me tocar, odiava-o como nada nesse mundo...Mesmo que, não como antes, indiferente afinal.

— Nos podemos não chegar assim, cabeça dura. — Retruquei sapnap que revirou os olhos e bufou.

Me levanto da cadeira ajeitando minha touca e cruzei os braços, quando olhei para o lado o Schlatt não estava mais ali. Respirei fundo e fui até a mesa ao centro pegando um pequeno livro marrom com a capa meio corroída.

— Vamos fazer o seguinte, vamos ver isso tudo como uma viagem em família. A família — apontei para mim e para os dois.

— E o cachorro. — Sapnap riu apontando para a escadaria a cima.

Começei a folear o livro devagar buscando algum mapa ou algo do tipo,mas não achei nada e logo o joguei sobre a mesa.

— Vamos relaxar um pouco,já está meio tarde e é melhor começarmos a arruma o jantar, o que acham? — Tentei desviar o foco do assunto; os dois apenas se entreolharam e concordam com a cabeça.

Nick foi o primeiro a se levantar, passou por mim e colocou a mão em meu ombro e sussurrou em meu ouvido:

— Eu juro, que se essa merda toda der errado, quem vai acabar morto aqui vai ser apenas você.

O mesmo me soltou e caminhou até a cozinha, abaixei a cabeça e torci o rosto, senti uma mão um pouco maior levantar meu queixo com cuidado. Karl olhava para mim com um semblante acolhedor e me deu um abraço.

— Ele está nervoso... Você... Apenas fique tranquilo e tente não se envolver demais com Schlatt,ok ? Vai dar tudo certo.

Soltei um suspiro aliviado e retribui o abraço. Quando Karl se afastou caminhando até a cozinha, olhei para os lados e subi as escadas meio receoso. A porta de meu quarto estava aberta, entrei ali me jogando na cama sentindo a coberta quente.

— Dios si existes llévame ... — murmurei passando a mão no rosto, meu corpo dei um pequeno pulo quando a porta bateu de uma vez e a luz piscou.

— Agora não, Schlatt! — Disse irritado, mas meu corpo gelou quando vi no canto do quarto o mesmo garotinho daquele dia. Seus olhos eram arregalados e grandes, olhavam fixamente para mim, ele segurava a borda de sua 'camisola' ensaguentada de forma tensa.

— Não é o papai... Ele está ocupado. — Engoli em seco e me encolhi no canto do quarto, ele não parecia me fazer mal.

— Seu pai... Quem é você? — Juntei coragem e dirigi a palavra para o pequeno que virou o pescoço de forma bruta, em um piscar de olhos eles estava cara a cara contra mim.

— Pode me chamar de Tubbo. — Ele vagou os olhos por mim.

Acompanhei seus olhos, podia ver por pequenas frestas de suas ataduras a pele queimada e corroída por baixo, senti meu estômago embrulhar com o cheiro de carne apodrecida.

— Como, veio parar aqui? — Afastei meu rosto do dele tentando evitar proximidade.

— Papai mandou ficar de olho em você, disse que iria brincar comigo! — sua voz era meio retraída e soprada.

Concordei de leve com a cabeça e ele se levantou na cama e apontou para fora, olhei pela janela vendo a rua vazia e coberta por neve... Faz tanto tempo que não vou lá fora.

— Você quer brincar lá fora?... Tudo bem. — Aturar o pai já está sendo complicado, agora brincar com o filho?

Balancei minha cabeça e esfreguei o rosto, abri meus olhos e estávamos do outro lado da rua. Olhei ao redor em busca do pequeno garoto e o vi brincando de amarelinha na calçada, a casa estava em minha frente, parecia calma e não havia nada demais, o carro de Sapnap estava estacionado na garagem e parecia amassado. Tubbo pulava a amarelinha tranquilamente, eu fiquei ali o observando completar o pequeno percurso com calma, ele fazia pequenos sons quando seus pés tocavam o chão; era como pequenos ossos de quebrando.

— Então, Tubbo... Me fale sobre você! — Dei um sorriso meio tramulo e me apoiei em uma árvore próxima, ele não olhou para mim.

— Hm... Não tenho nada a dizer, apenas cuidado com a rua.

Enclinei a cabeça e olhei a rua calma e deserta, as casas ao lado pareciam vazias e não ventava, só a neve densa ali sobre nós fazendo a espinha gelar.

— Ela não parece perigosa, mas é bom ter cuidado.

Ele parou de brincar e me olhou na alma com seus olhos amarelos.

— Ela não parece perigosa, até você ter seu corpo largado nas laterais da rua, contorcendo em fogo ardente.

  Abri um pouco mais meus olhos , sua voz ecoava na rua como um rangido, uma súplica.

— Acabou...Se acidentando?

Ele riu, sua risada era irônica e um pouco psicótica.

— Não, Papai estava bravo. Entre mim e uma ficha de apostas... A ficha vale muito mais para ele.

Serrei meus punhos e levantei o olhar sentindo os flocos de neve caindo em meu rosto, tocando em minhas feridas ainda não tão fechadas.

— Porque me ajudou a sair aquele dia?

O questionei indo direto ao ponto.

— Não queria que boo visse você, ele não gosta de visitas repentinas...

— Boo?

  Ele enclinou a cabeça para o lado e apontou para o meio de algumas árvores, forcei minhas vistas e vi atrás de uma árvore, um alto ser de pele escura,olhos roxos afiados. Em volta de si, uma enorme poça de sangue.

— Que porra... — Olhei rapidamente para tubbo e ele sorriu levantando o olhar para a janela de meu quarto.

Olhei para a janela em cima e vi Schlatt me olhando em sua forma demoníaca, seu semblante era sério. Dei um paço para trás cambaleando e corri para próximo de casa o mais rápido que pude, meu coração batia rápido, a rua parecia não ter fim, ouvi uma buzina alta e parei de andar olhando para o barulho. Um farol alto iluminou minhas vistas.

— Olhe para os dois lados antes de atravessar, a vida e a morte são bem próximas.

  A voz de Tubbo e a visão dele segurando a mão da alta fugira foi a última coisa que vi aquele dia.

Talvez aqui seja o fim da linha.




🥀ᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔ♱ᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔᚔ🥀

open your eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora