Capítulo 23.

44 3 0
                                    

Hoje não fui trabalhar, tirei o dia para fazer a faxina na casa. E tentar não pensar no passado. Porquê, eu estou seguindo em frente, estou aproveitando um dia de cada vez, mudei de número e não mantenho contacto con ninguém do meu passado. Mas o passado não são de mim. A todo estante fico lembrando do passado, das mortes. Do pontapé que a vida me deu.

Eu sei que sou levava as coisas na esportiva, e agora me arrependo de tanta negligência, teria tido uma vida mulher se tivesse escutado minha mãe, indo a faculdade. Teria uma vida comum e pacata.

— Crianças saíam do sol.

Mike coloca as mãos no rosto, para limpar o suor.

— Alex disse que está sentido frio. Por isso estamos a brincar aqui.

— Frio?

Eu sei que estamos num país de natureza frio, mas hoje é um daqueles dias bem ensolarados, não se justifica ele estar sentindo frio. Me aproximei deles.

— Está sentindo frio?— ele abana a cabeça confirmando, sua expressão e cansada e sonolenta. Coloquei minhas mãos em sua testa. Ele está com febre.— Mas tem que sair do calor, senão irão ficar doentes. Vamos.— ele não fez questão de movimentar, tentei o tocar, ele bateu em minha mão.

— Não me toque.

— Mas você não pode ficar no sol. Você já está com febre.

— Você não manda em mim.

— Eu sei. Mas por respeito ao seu pai não posso te deixar aqui. Mike vá para dentro.— ele não se moveu— Mikaelson.— ele se levantou num pulo.

— Alex vamos.

— Sua mãe não manda em mim. Não é minha mãe.

Cara. Eu não gosto de crianças não criadas. Assim porque não sou sua mãe, não posso tentar o livrar da febre. Que criança birrenta.

O carreguei a força, ele começou a expernar, bater nas minhas costas e chorar.

— Você não é minha mãe. Você não manda em mim.— não sei porque essa criança me odeia assim tanto. Será que é por ter crescido com homens? Não. Ele se dá bem com Katya. Será que sente o fedor dos meus pecados?

— Eu não sou sua mãe, mas se continuar sendo mal criado, vou te dar umas na bunda.

— Meu pai nunca bateu em mim. VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO.— chorou.

Isso que dá quando a criança cresce sem presença materna, ou fica muito mimado ou é folgado.

— Sou não bato em você porque está arrependo em febre. Mas eu não aturo isso, crianças não podem levantar a voz com os mais velhos.

O deixei sobre a cama, e fui para a cozinha, pegar um copo de água e paracetamol para reduzir sua febre. Voltei para o quarto e Mike estava tentando o acalmar.

— Não deixe mamãe brava, você não vai querer a ver zangada.

— Ela é sua mãe. Não minha. Não é dá minha conta se ela fica brava.

Entrei no quarto interrompendo a conversa deles. Me aproximei de Alex estendendo o copo para ele que ele sacudiu para o chão e estilhaçou. Mike o olhou com os olhos esbugalhados, pois né ele nunca ousou agir dessa forma comigo. Alex parou de soluçar, e de repente ficamos num completo silêncio. Ninguém dizia nada.

Estou chateada, quero lhe dar uns tabefes, mas argh, ele está com febre. Me voltei aos estilhaços de vidros e comecei a catar, um por um. Depois fui o lixo fora. Peguei um copo plástico, coloquei o medicamento sobre o prato, levei tudo de volta para o quarto e deixei sobre o comodo. Não falei nada, não o obriguei a medicar, só deixei o medicamento e sai.

Depois voltei para cozinha, para preparar o almoço. A medida que ia escolhendo os ingredientes a raiva ia passando, lavei, cortei e coloquei tudo no fogo. Quando estava indo para o sofá, passei pela porta do quarto onde pude escutar.

— Porquê eu não posso ter uma mãe Mike?— Alex perguntou sonolento e triste.

— Eu não sei...acho que todo mundo merece uma mãe e um pai.

— Você não sente vontade de ter um pai?— Alex pergunta revoltado.

— Eu já tive. Só não recordo muito dele. Sei que já tive uma mãe, que não é está — meu coração apertou — e um pai. E também sei que morrerão.

— Morrerão? O que é isso?

— A morte? É quando alguém deixa de fazer parte do mundo dos vivos. E sua alma vai para outro mundo, como nós animes.

— Isso não te dói? Saber que seus pais morrerão? Minha mãe também morreu, vovô me contou. E isso me machuca, porque eu queria que ela estivesse cuidando de mim junto do papai. Queria uma família completa.

— Machucava tanto, que tive de viver no hospital por um tempo. Meu coração doía muito.— Alex faz uma expressão de surpresa — mas passou a doer mais quando minha nova mãe não vinha me visitar no hospital. Eu a amo muito. Seria fixe ter um pai. Mas minha mãe me basta.

— Não consigo me conformar.— Mike riu.

— Óbvio. Você é um bebê chorão. Posso pedir a minha mãe para que seja também a sua.

Não fiquei para ouvir a resposta de Alex, fui me sentar no sofá, fazendo tempo para os alimentos cozerem. Depois de algum tempo, fui espreitar o quarto e eles estavam dormindo, o copo de água vazio e o medicamento sumido. Sorri.

Crianças.

Pelos menos tem mais sentimento que eu.

E são maus sinceras consigo mesmas que eu.

Sai para tirar a roupa que havia lavado, do varal. Quando Boris chegou do trabalho.

— Lyuba, como está?

— Bem e o senhor?

— Cansado. Aqui só quero me deitar.

— O senhor devia se aposentar. — ele revira os olhos me fazendo rir.

— Meu sonho é fez um século trabalhando.

— Loucura. Quantos anos o senhor tem, se me permite.

— 79 anos.

— Está novinho em folha. Com certeza vai fechar o século. — rimos.

— E o Alexei?— Boris é o único que chama o neto sem abreviar o nome, e a sonoridade que ele usa, deixa o nome vibrante.

— Estava passando mal de febre, dei medicamento para ele, agora está dormindo. Posso o trazer depois que ele acordar.

— Então vou aproveitar o silêncio da casa para recobrar as energias.

Depois de algum tempo o almoço já estava pronto, mas eles ainda dormiam. Não quis os acordar. Deixei-os descansar. Por volta das seis da tarde é que comecei a ouvir barulho no  quarto, e de seguida Mike saiu do mesmo com cara de fome.

— Fo-me.

— Homem de poucas palavras, gostei.— ele riu. Alex estava a sua trás, se escondendo de mim.— Vão lavar as mãos, enquanto vos sirvo.— quando o mais novo ia passar, segurei sua mão e coloquei minha mão em sua testa.— está baixando.— disse para mim mesma.— Ainda sente dor de cabeça? Ou frio?

— Um pouco.

— Mas uma medicação que passa .— os liberei para irei lavar as mãos. Servi-os, coloquei a comida sobre o carpete já que não temos uma mesa. E não é seguro que eles comam no sofá.

Promíscua- Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora