Hoje é aquele tipo de dia calmo que as crianças, voltaram da escola cedo. Está fazendo um friozinho básico. Eles estão fazendo os trabalhos de casa, sentada com os cadernos sobre a mesa.
Até que o meu celular toca. No início estranhei o número não gravado na chamada, afinal ninguém tem meu número. Nem queria atender, mas fui vencida pela curiosidade. E acabei relaxado quando ouvi que era da escola do Mike.
— Desculpe, eu irei falar com ele.— desliguei a chamada.— Mickelson, o que foi que você fez na escola.
— Nada.— ela para de escrever e olha para seus dedos.
— A sua professora me ligou por nada?
— Ela às vezes é estranha.— diz sarcástico. Esse miúdo tem se tornado ousado, provocativo a medida que cresce, quase me recorda um certo alguém.
— Mickelson Freitas de Amaral, não goze comigo garoto. — aquém raios ele puxou essa teimosia.— Não vai falar.
— Mãe eu vou contar.— Alex se meteu.
— Não, ele tem que me dizer pela sua própria boca.— puxei a cadeira me sentando no meio deles.— Quando há problemas na escola vocês tem que me contar, eu irei resolver. Pacificamente. Não surrar um garoto até ficar inconsciente, não te ensinei a lutar para intimidar os fracos.
— Mas mãe foi por mim culpa, e aquele garoto não ficou inconsciente. Ele estava actuando. — Alex tentou defender o irmão.
— Isto é atuação?— mostro a foto que a professora tirou na farmácia do garoto recebendo cuidados.
Se só com dez anos, Mike está se mostrando ser um miúdo difícil imagina com quinze? Vai se meter numa briga com uma gangue e sair como se nada tivesse acontecido?
— Artur faz bullying com Alex por ele ser mais novo, destro e careca. Eles são da mesma sala, mais o miúdo é mais velho, é só um ano mais novo que ele. Ele ficava intimidando Alex que é mais novo que ele, zoando, levando seu lanche e esse tipo de coisa. Não o respeitava. Eu não ia nem vou deixar alguém intimidar Alex e eu não fazer nada. Mãe me ensinou a proteger as pessoas de quem eu gosto, e é isso que estou a fazer.
Meu coração se comoveu, e todo discurso de mãe severa que eu havia preparado se esvaiu. Sou uma coração mole.
— Hoje levou uma advertência, mas amanhã pode ser uma suspensão ou expulsão. É assim que quer resolver as coisa?— deu de ombros olhando para o lado — Certo. Alex não me contou que estava sendo intimidado por que?
— Achei desnecessário.
— Vou falar com Cloud. Isto não pode ficar assim. — falei me levantando. — Mike está de parabéns por proteger o seu irmão, mas meu filho, pelo amor de Deus. Não lute na escola. É uma burocracia quando isso acontece. Também não lute com seus colegas, pega mal. Arrange um método convencional de lhe dar uma lição. Certo?
Ele sorriu. Eu nunca disse que era uma mãe convencional. Eu preparo meu filho para se tornar um homem de princípios. Não um pau mandado.
Mas tarde falei com Cloud e no dia seguinte ele foi para escola com as crianças resolver está situação. Eu disciplino as crianças em casa, mas quem trata assunto escolares é ele. Tanto porque não gosto muito disso, eu sofri muito bullying na escola, por razões que todos sabem. Então meio que tenho uma aversão a ela. E evito também andar em locais que podem socialmente chamar atenção de alguém indesejado. É uma glória viver no anonimato, a vida tem mas graça e sabor.
{•••}
Estou na hotelaria trabalho, quando recebo uma chamada de Katya, com a voz embriagada de tristeza. Ela dizia que Cloud estava no hospital com o pai internando, após ter uma parada cardíaca. Ela estava em casa cuidado das crianças.
Deixei meu trabalho de lado, e segui em direção ao hospital. Eu estou acostumada com mortes, e minha experiência com a mesma durante o caminho para lá, me diz que que o velhote não sobreviveu. Cheguei no hospital, sem me importar com meu disfarce e pedi para ms indicassem a sala onde Boris estava .
Cloud estava deitado em seu leito chorando amargamente. Parei no batendo para não interromper o momento. Eles eram muito próximos, mais que o laço sanguíneo, eram amigos. Os choros de Cloud invadiram minha alma. Nunca chorei assim pra ninguém. Por todas as pessoas que já amei e considerei, nunca. Minhas lágrimas terminam em minha alma, e as poucas que saem descem silenciosamente pelo meu rosto. Não é porque eu não queria chorar ou me entregar a dor, mas sim porque eu não tinha tempo para sentir. Tinha sempre algo mais importante para fazer, algo da qual dependia minha atenção. Eu não tinha tempo para me interiorizar.
Por isso me entreguei a vício pelo tabaco. É preciso anestesia em minhas veias para que eu não enlouqueça. Porque o que eu sei, é que eu tenho medo do dia em que não puder mais aguentar suportar todo que está dentro de mim. Ou serei internada, inabilitada ou cometerei suicídio.
— Não consegue dormir?— perguntei ao ver Cloud perambulando pela casa em plena madrugada.
— Eu sinto falta dele. Só consigo pensar nele. — o puxei para um abraço. — Sempre fomos nos. Não sei como é seguir minha vida sem meu pai, Lyuba.
Ele encostou sua cabeça em meu ombro, derramando suas lágrimas. Essa é a forma de amor mais puro que já vi.
— Você pode contar comigo para tudo. Estarei aqui para ti.— como nunca estive para mim mesma.
Na noite seguinte, ele também estava vagando, na posterior também.
— Você sempre está acordada de madrugada?— pergunto num tom menos fatal.
Para os outros ele demonstra estar bem, demonstra estar lidado bem com está situação. Mas quando chega a noite, só as estrelas podem nos contar a dor das lágrimas que ele derrama.
— Insónia.
— Desde quando?
— Este já é o segundo ano.— dou de ombros — minha vida é assim. A insónia vai e volta. Tenho isto desde que entrei na academia militar.
— O exercito. Nunca senti vontade de me alistar. Meu pai também nunca o quis. Mas talvez se eu tivesse ido teria aprendido a amadurecer meus sentimentos. Seria como você, impenetrável.
Dei risada da sua Loucura.
— Quem contou essa mentira para você, eu choro todos os dias Cloud, caso não. Porquê eu ainda fumo? Por capricho? Charme? Com certeza não é.
Nossas noites passaram a ser assim. Conversamos sobre muitas coisas. Sobre nossos sentimentos. Eu fazia questão de me certificar de que ele estava conseguindo lidar bem com a morte do pai para não afetar o filho. Era como se fosse a irmã mais velha dele, cuidado dele para que ele não fizesse nenhuma besteira.
Pelas vidas que tirei ou prejudiquei, em contrapartida agora eu estava sendo colocada em situações em que eu é que devia cuidar de vidas alheias. Ser uma espécie de símbolo a seguir. E a única coisa para qual eu rezava, era para não falhar.
Pelo menos, não dessa vez.
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Promíscua- Máfia
AcakSua mãe é uma prostituta e seu pai é um criminoso. Lyuba cresceu mais com sua mãe de que recebeu muito amor e carinho em consideração ao seu pai que é um criminoso com várias esposas. E apesar de ter crescido numa família peculiar, Lyuba se sobressa...