Capítulo 55.

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O jantar correu bem, nem parecia um jantar de negócio, um jantar familiar. Tenho a certeza que as crianças não entenderam na verdade a metáfora da coisa toda, e que mesmo contando em palavras talvez ainda assim eles não entenderiam. Mas não quero ser vista como a madrasta má sabe, aquele que decide tudo que os filhos podem fazer ou não. Sei que é hipocrisia minha, pois não estou dando nenhuma escolha para Alex, mas quero que o relacionamento dele com Âmbar, ao menos permita-se ser normal, que eles se conheçam, aprendem a lidar com o defeito um de outro.

Na minha vida como polícia vi muito casal se assassinando por causa de casamento sem amor, se enganando, traído, e até prejudicando financeiramente. Outros indo ao hospício, outros ao hospital e outros a tuba. Porquê brincar com os sentimentos, com a vida, com o destino das pessoas é um erro. Ter poder, não é ser Deus.  Sempre irei deixar isso bem claro.

Acordamos também que assim que Alex se formar no ensino médio, ele irá vigiar para Teerã onde irá fazer faculdade. Estará sobre os cuidados de Cleópatra, é ela quem vai ensinar a ele tudo sobre a máfia, quem vai induzir mais a aproximação de Alex e Âmbar – tô morrendo de inveja, ficar muito tempo sem ver meu filho –, Alex não sabe mais...essa será uma viagem definitiva – choro interno– lá ele irá ficar definitivamente, mas disso ele só terá noção depois de se casar com Âmbar, assim que Âmbar tiver a idade nubel. Nós poderemos ir o visitar. Mas há verdade é que, Alex mal entrou na escola, e estou rezando para que os anos passassem lentamente. Ver meu filho sendo treinado por outra pessoa, ser entregue uma responsabilidade que ele não pediu. Isso me machuca. Me machuca porque eu sei qual é o fim. Ele vai me odiar.

A minha segunda gravidez, foi mais tranquila. Não tive muitas restrições alimentares. Quanto ao tabaco e álcool, não sei o que o nutricionista falou com Nikolai, na gravidez de Eliyahu, mas Nikolai cismou que não deve mais consumir álcool ou fumar, e assim tem sido nós últimos anos na minha vida. No início foi difícil, me matinha consciente apenas por Eliyahu, tinha planos de voltar a minha rotina depois que gestação terminasse, mas meu marido tinha seus próprios planos.

— Irmão, irmão, irmão. — Nery surge agarrada as pernas de Mike que está tentando ir a escola. — Não podes vir juntos, não podemos? Podemos?

Mike se vira para lhe dar atenção, a olha debaixo para cima, antes de a carregar.

— O que um bebê que usa fralda estaria fazendo na escola?— Mike agarra seu corpinho pela cintura.

— Eu te amo.— os olhos dela brilham e estica suas mãos para o abraçar.

— Eu também te amo, mas você não pode ir. — Mike diz prático, no momento Eliyahu estava passando com seus três aninhos quando Mike lhe entregou Nery — Eli, fique com ela, tenho de ir a escola.

Mal Mike termina de falar, Nery começa a chorar em alto e bom som , como se fosse um megafone ligado.

— Sua vez.— sussurro para Niko que tal como eu está escondido na cozinha — Você disse que queria ser pai. Aí estão seus filhos, papai do ano. — falo com as mãos no ouvido.

— É sempre a mesma coisa quando Mike sai.— resmunga com as mãos tampando os ouvidos. Nery chora tanto, mas tanto, que se tivéssemos vizinhos eles chamariam a polícia pensando que fazemos algum tipo de mal a criança. As paredes tremem só com o choro dela. Essa miúda é um estrondo. Logo ela, que foi a minha gravidez mais pacífica. Porque ela não pode ser quietinha como Eli? Aquele menino é um anjo.— Desculpa amor, mas eu tenho que trabalhar.

— Nem pensar Niko.— seguro sua mão — Você não vai me deixar sozinha.— Nery já mandou duas babás para hospital porque a pressão arterial subiu com os gritos dela, procuramos uma jovem, a miúda começou a chorar de desespero por não saber o que fazer — Niko você disse que queria bebés, eu te dei bebés.

— Disse é....??— coça a cabeça se fazendo de sonso.

Eli coloca Nery no chão não aguentando com seus gritos. Olha para irmã chorosa e chia, indo para outro como se nada tivesse acontecido. Mike volta a pegar nela, para lhe acalmar.

— Mike estamos atrasando.— Alex surge no batendo da porta.

— Eu sei, mas os nossos pais estão se escondendo outra vez.— reclama, e Alex revira os olhos, a pequena Nery veio para desestabilizar a família. Alex se aproxima deles e encara a bebê que está se acalmando.

— Se você se comportar, o irmão mais velho cuidaria de você essa noite. Não prefere a ele do que nossos pais?— a bebê acena — Isso. Ele é mais legal do que eles. Mas para que ele fique com você, tem de se comportar e o deixar ir a escola, certo?— Nega — então ele vai deixar de gostar de você, o que acha?

Às crianças tem mudado, bastante, não parecem os mesmos ratinhos assustados de anos atrás. Alex tornou-se um mocinho cheio de lata, muito bom de lábio e negociador. Mike tem mostrado interesse em querer aprender com Niko, inclusive já o pediu para que lhe ensinasse a atirar, mesmo eu tendo dito que ele não precisava. Mike é muito sério, de poucos sorrisos, autocrítico, mais muito amável. Tanto ele quanto Alex, são pessoas reservadas. E eu sei que isso é o reflexo de tudo que já passamos. Esses dois é como se fossem as faces de uma única moeda. Eles se conhecem melhor que ninguém.

— Princesa Sófia.— Alex sorriu, ao ver Âmbar acompanhada pelos seguranças vindo passar as férias connosco.

— Âmbar.— ela está com oito anos e vermelha de raiva — você sempre confunde meu nome.

— Mas dá no mesmo. Ambas são princesas.— Alex fica de frente a ela admirando seu conjunto rosa, sai e blusa, chapéu de sol, óculos e chinelos. Tudo rosa—  Também podia ser Barbie, essa cor me ofusca a vista.

— Não.— ela tira os óculos irritada querendo chorar.

— Não chore. Toma— lhe entrega o copo de leite que estava tomando — Seja bem vinda. Nery está ansiosa por te ver.

A raiva dela diminuiu, pega o copo agradecendo e se esquecendo da provocações de Alex.

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