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"Para não congelar meu corpo, congelei meu coração. Para permanecer vivo, fiz-me um morto"

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O verão traz seu abraço quente à uma terra gelada, a neve das montanhas mais baixas derrete e delas escoam rios intermitentes. Riachos entre árvores que tornam ao verde. Embora as montanhas permaneçam gélidas, as planícies mais baixas ganham sua cor.

Uma criança embalada em panos quentes e braços fortes, seu nariz vermelho escorrendo, seus olhos fechados em sono profundo. O homem robusto carrega o bebê no colo com delicadeza invejável, seus passos ecoam pelos corredores do Palácio de Zalpolyarny, lentos, autoritários.

Os átrios se abrem, os subordinados não o encaram, ele tão pouco olha para eles. A sua frente em um trono de gelo e ametista, uma dama o esperava. Sua coroa prateada tinha o formato de uma auréola, um véu caia sobre seu rosto. Suas roupas eram fartas, mangas volumosas até o pulso e luvas brancas de seda. O vestido longo traçando a silhueta etérea. Seu sorriso singelo era a única parte que deixava a vista.

A moça de gelo, Rainha, falou em tom materno:

"Parece tão pequeno..."

"Irá crescer" respondeu o homem após uma curta reverência.

"Espero grandes coisas, Pierro. Um destino tão esplendoroso e hostil para um ser tão vulnerável... Soa como uma ironia cruel"

Ele deixou que o silêncio transmitisse sua mensagem, sua respiração se condensava, o bebê começou a chorar. A dama, tão celestial e elevada, se compadeceu. De seu sorriso frio escapou um riso.

"Dê-me ele"

"Vossa Majestade?"

"Deixe-o comigo, vá cumprir suas obrigações"

Pierro, subiu os degraus até o trono, ajoelhando-se perante a rainha. E, devagar, passou a criança para ela. O bebê ainda chorava e esperneava quando o homem alcançara a maçaneta da porta.

"Ele tem um nome?" ela perguntou, seus olhos fixos na criança.

"Kaeya Alberich" disse simplesmente antes de sair.

Na sala fria, só restavam a dama e a criança. Ela colocou seu dedo mindinho na boca do menino, que em poucos segundos, se acalmou.

A dama, envolta em gelo e regalias, encarou a criança com fascínio. Seus olhos, agora abertos, lhe cativaram. Um escuro como o céu noturno, outro brilhava como uma galáxia gerando vida. As pequenas mãos afundaram nas suas, seus olhos esbugalhados a observavam sem medo. Ela aproximou seu rosto, depositando um beijo em sua testa.

Os cristais brilham sobre sua cabeça, um vento frio sopra seu véu, a criança não se lembraria do olhar da dama sobre ele, mas ela não esqueceria o sentimento que lhe aqueceu.

Ela o firmou em seu colo, fechando novamente seus olhos, e murmurou em tenro tom, cantigas que o fizeram adormecer.

"Bem vindo aos Fatui, pequeno príncipe" afirmou Tsaritsa.

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Cada um assumia uma personagem, um papel para incorporar. Seus títulos e funções eram designados pela própria Rainha, mas que título daria ao recém nascido? Era tão fraco a ponto de ser patético. Cercada de tantos monstros, e tendo em si mesma um poder inigualável, era fácil esquecer o quão frágil os humanos eram.

Innamorati, O 12ºOnde histórias criam vida. Descubra agora