Pombinhos.

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Porto Alegre, 19:00
O jogo ja havia acabado, eu estava terminado a coletiva de imprensa com o técnico, e preparando- me para ir embora. Hoje foi corrido, independente do tempo, foi muito corrido mesmo.

Meu pai acabou por me avisar que faria uma pequena janta com alguns jogadores, o que é normal.

Thiago não saiu do meu pé um minuto, o tempo todo enchendo o saco e não me deixou nem mesmo respirar. Estar na presença dele é claramente muito sufocante.
Na volta ele me fez passar no posto para abastecer, obviamente me senti grata por ele ter pelo menos o senso de pagar a gasolina.

Apesar de ainda estar cega, percebo que ja estou conseguindo recuperar-me da dependência emocional, faço uma vez por semana um encontro com a psicóloga, e tem me ajudado muito.

Chegamos em casa, cada um pro seu lado. Thiago foi conversar com meus dois irmãos mais novos e eu fui tomar banho.
Durante o banho pensava muito se estou realmente caindo nas pilhas das pessoas ao meu redor. Será?
Sinto que algumas coisas ficam mais leves quando se trata de Gabriel...

Após o banho, desci as escadas em direção a sala de jantar, la estavam alguns jogadores e suas famílias, incluindo Gabriel. Ao invés de sentar e me juntar com eles todos, acabei passando reto em direção ao jardim. Eu tinha como objetivo ficar sentada no balanço até as horas passarem, pois da minha parte eu acho horrível ficar so trancada dentro do quarto.

Me sentei no balanço e comecei a balançara-me levemente olhando para o chão, quando vi alguém se sentar no balanço ao lado.
— Cê parece muito depressiva — Olhei para o lado e pude ter a visão de Gabriel.

— Muita mão ter que socializar — Falei escorando a cabeça na corrente do balanço.

— Nem me diga — ele falou e logo ficou tudo em silêncio. — E se a gente der uma volta? — Ele sugeriu.

— Aonde? — Falei o olhando e então ele fala

— Não sei, qualquer lugar. — Muito duvidoso, mas algo me diz que talvez possa valer a pena.

— Vamos então. — Levantei  e ele me olhou sorrindo.

Entramos no carro e ele deu a partida, andamos por um tempinho e ele perguntou

— Onde tem um lugar bom pra sentar e conversar? — Ele me perguntou dirigindo.

— Ah sei la, tem o orla e tem a prainha.

— Onde você quer ir? — Ele perguntou.

— Pode ser na orla.

E assim foi, ele estacionou o carro e descemos andando em direção as escadas para sentar. Ficamos na parte das quadras, onde é mais iluminado e mais calmo, boa parte das pessoas não vem pra ca.

Ficamos jogando conversa fora sobre profissões, ele me perguntou como era trabalhar no inter, quanto tempo eu estava lá e tudo mais. Eu lhe perguntei de sua carreira no futebol e ele me contou coisas extremamente interessantes.
Eu ficava observando seu rosto enquanto ele falava, ele era com certeza uma cópia do Thiago, mas com uma personalidade totalmente diferente.

— Vem cá, aquele seu namorado lá é bem perturbado da cabeça né? — Gabriel falou.

— Que namorado? eu não namoro. — Estranhei sua pergunta. — Meu ex? o Thiago?

— É. Ele veio no vestiário hoje exigir que eu deixasse de sorrisinho com você, que era pra eu "respeitar a mulher dos outros " — Falou fazendo aspas com os dedos.

— Era só o que me faltava. Não é possível. — Falei bufando — Olha, desculpa por oque for que ele tenha falado. Ele não é certo das ideias. — Falei.

— Tudo bem, so achei estranho né, achei que vocês tinham voltado. — Gabriel falou.

— Mas nem se eu me odiasse eu voltava com esse sem noção.

Rimos e ele foi chegando mais perto de mim, achei estranho mas não esbocei nenhum tipo de reação, até que ele foi se aproximando cada vez mais de meu rosto, porém o celular toca, era o meu.
Minha mãe estava ligando.

— Alô? mãe? — Falei

— Onde você está? O jantar já está pronto. — Ela disse pelo outro lado da linha.

— Eu e o Gabriel saimos pra dar uma volta, mas ja estamos voltando.

— Hmmm, pombinhos. Que bom que me escutou filha. Se não quiserem voltar agora podem ficar ai, aproveitando. — Disse ela super engraçada.

— Em 15 minutos estamos ai. — Falei desligando.

— Sua mãe empatou nosso beijo hein. — Disse ele respirando fundo deixando um sorriso escapar.

— Mas e quem disse que eu queria te beijar? — Falei bancando a sonsa.

Rimos e fomos para minha casa, chegando lá jantamos e eu fui me levantar para ir ao meu quarto, Gabriel se levantou junto pois queria ir ao banheiro.
Subimos juntos as escadas e lhe falei que se ele quisesse passar aqui no meu quarto depois que sair do banheiro ele podia, assim eu lhe mostrava minha coleção de camisetas autografadas que havia comentado com ele.

Entrei em meu quarto e logo em seguida sou surpreendida com Thiago entrando logo em seguida batendo forte minha porta.

— Você acha que consegue me enganar? - Gritou fazendo sua voz ecoar pelo meu quarto.

— O que foi Thiago? — Perguntei calmamente enquanto me virava.

— Você e Gabriel estão tendo um caso pelas minhas costas! Você é desleal — Se aproximou de mim segurando meu braço. — Com certeza continua sendo a mesma putinha de sempre, deve ter ja até dado pra aquele cara que você conhece não faz uma semana. Eu tenho nojo de você

— Me solta cara, ta chapando? — Gritei com ele tentando me soltar.

— Eu não esperava menos de você, como sempre sendo uma vagabunda. — Ele levantou a mão para tentar bater em mim.

Rapidamente vi a porta se abrir e Gabriel entrar.

— Ta ficando maluco cara? — Gabriel veio de encontro com Thiago pegando-lhe pelo colarinho da camiseta e ao mesmo tempo Thiago me soltou.

— Ah pronto, agora estamos completos. O assunto chegou! — Thiago falou ironizando. — Como ta sendo pra você comer essa vagabunda? Não tinha nada pior? — Thiago falou com tom de deboche, mas logo ganhou um belo soco no rosto.

O soco foi desferido por Gabriel, o mesmo partiu pra cima de Thiago desferindo alguns golpes enquanto Thiago se defendia também com socos.
Eu gritei para meus pais e logo eles subiram junto com edenilson, moledo, mauricio e jhonny
Minha mãe veio correndo para meu lado enquanto meu pai e os meninos separavam a briga.

— O que aconteceu? — Minha mãe perguntou me vendo chorar como uma criança.

— O Thiago tentou bater em mim mãe. — Falei e então ela olhou para meu pai.

O mesmo enlouqueceu e ai sim foi algo pra se preocupar. Meu pai desferiu diversos socos em Thiago. Rapidamente os homens que estavam ali separaram a briga.

— Some da minha casa Thiago Galhardo. Desaparece das nossas vidas, aqui tu não pisa mais. — Meu pai gritou.

Minha mãe me levou até a cama para que eu me sentasse, e então apaguei.

Lições de um amor - 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍 𝑮𝒊𝒓𝒐𝒕𝒕𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora