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RAFAELA

Duh vai embora deixando o cheiro de seu perfume para a trás. Eu estava ansiosa para mandar mensagem a ela mais tarde. Olho para o relógio e vejo que já passa da hora de ir embora. Organizo minha mesa de trabalho e guardo os materiais na mochila sentindo o cheiro da jaqueta antes de guarda-la. Tinha o cheiro de Duh.

-Já está indo embora?- Pergunta Steve se apoiando na beirada da mesa.

-Está na hora. Você também devia ir- Respondo jogando a mochila nas costas.

-Espera. Eu... Queria te mostrar uma coisa antes.

-É sobre o caso? Mostre-me amanhã- Tento passar, mas ele me detém.

-Não. Preciso que me acompanhe, pois é uma surpresa.

Depois de muitos pedidos de por favor, cedo e sigo Steve. Começo a ficar desconfiada quando ele me leva até a areia da praia. O céu estava quase escuro, a não ser pelos pequenos raios de sol no horizonte. Havia apenas algumas pessoas nos quiosques e outros fazendo caminhada. Steve para em minha frente e respira fundo como se estivesse se preparando para confessar alguma coisa.

-Rafaela- Ele começa envolvendo minha mão na dele- Eu nunca imaginei que alguém conseguiria entrar no meu coração. Sempre me imaginei trabalhando e convivendo apenas com amigos. Nunca senti uma necessidade de construir uma relação até conhecer você. Rafa, você me conquistou com seu jeitinho bravo. Agradeço a Deus por ter me dado uma parceira tão genial como você, mas acho que não quero ser mais seu companheiro. Quero ser algo mais do que isso. Quero trocar mensagens até tarde da noite e sentir o cheiro dos seus cabelos ao te abraçar. Rafa... Eu estou apaixonado por você. E não aguento mais guardar esse sentimento.

Eu não conseguia respirar. Não por eu sentir algo por Steve, mas por ele estar despejando todos os seus sentimentos em cima de mim. Minhas pernas pareciam estar sendo puxadas pela areia macia bloqueando meus movimentos. Todas as vezes que abro a boca para dizer alguma coisa não sai nada.

Steve me puxa para seus braços e aproxima o rosto do meu. Enquanto ele chega cada vez mais perto, minha mente viaja para Duh. Encontro-a sorrindo para mim e tombando a cabeça para o lado, tímida. Seu cabelo cacheado em um corte mullet que realçavam sua beleza e o som da gargalhada fazia eu me apaixonar cada vez mais por ela. Apenas quando estou a centímetros de Steve, sentindo o seu hálito quente em meu rosto e os lábios quase tocando os meus, consigo empurrar seu peito e me afastar.

-Steve... Eu não sinto o mesmo por você.

Sua expressão apaixonada é substituída rapidamente por confusão e decepção. Por mais que eu o achasse um completo idiota, sentia pena por ter que dizer isso a ele. Mas é o certo a fazer.

-Eu sou lésbica, Steve. Eu deveria ter dado um jeito de te contar quando percebi que gostava de mim para que você não se machucasse.

Ele não diz nada. Apenas fica parado ali, olhando incrédulo para mim.

-Sua declaração foi fofa e tal. Qualquer garota se derreteria de chorar por essas palavras, mas eu não sou uma delas. Não sinto nada por você além de amizade.

Meu estômago vazio começa a se revirar. Eu não queria ficar mais ali.

-Desculpa Steve.

Caminho silenciosamente até minha caminhonete, batendo o calçado antes de entrar para tirar o excesso de areia. Encosto a testa no volante frio.

O que acabou de acontecer?

Por um segundo torço para que tudo fosse um sonho. Pela primeira vez ficaria feliz em acordar com o meu alarme irritante tocando ao lado da cama. Meu ambiente de trabalho já não era muito agradável, agora com Steve de coração partido seria pior.

Aperto a ponte do nariz prevendo uma dor de cabeça que provavelmente chegaria mais tarde. Então ligo o motor e parto para longe dali, pisando fundo no acelerador. Eu só queria deixar aquelas emoções para trás, já que elas não valiam de nada.

Atraídas pelo mesmo ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora