A Lista Maldita

Cap. 9 - A celebração de entrada

Quatro foram os criadores da Lista Maldita, o que coincidiu perfeitamente para Mason e seus três amigos receberem a guarda através de seus irmãos. Tomar conta de dez itens era trabalho demais para apenas quatro pessoas, então Damon, o fundador da Lista, criou o termo Moderadores, uma subdivisão dos Guardiões, responsáveis por monitorar o andamento dos itens e manter o cumprimento das regras com olhos de águia. Toda a equipe envolvida precisava estudar na mesma classe, nunca admitindo apoio de fora. Ao receber essa responsabilidade, Mason escreveu o nome de todos da sala e escolheu os melhores a se tornarem Moderadores. Onze foram selecionados, sete meninos e quatro meninas, decorando suas regras e todos os procedimentos para a execução das provas.

Muitos ficaram de fora por opção, e muitos foram indicados a outros cargos, mas alguns queriam participar de maneiras mais específicas. Owen insistia há anos com Mason para que seu irmão autorizasse a gravação dos itens e a transmissão para a escola, mas os mesmos sempre recusavam, pois aquilo jamais podia se tornar público. Naquele ano, perceberam uma grande queda na quantidade de tentativas, o que gerou a oportunidade perfeita para Owen mostrar o seu trabalho, e sua estreia cinematográfica seria exatamente na tentativa de Nathan. Murillo se responsabilizava pelo setor mais importante da equipe técnica, simplesmente bancando todos os gastos. Assinava o cheque, mas também arrecadava grande porcentagem das apostas. Mesmo sendo bilionário, era um baita pão duro.

Ao terminar de se cadastrar no sistema e começar a fazer os itens, a pessoa em questão recebia um colete azul para vestir sempre que um item estava em andamento. A cada item concluído, a pessoa ganhava um distintivo, o qual era costurado em seu colete. Cada um dos distintivos tinha um desenho que simbolizava discretamente o significado de cada item, como o de Max, que era um carrinho de supermercado em tremedeira, com várias notas musicais quebradas como vidro logo atrás. Unidos, os dez distintivos formavam um retângulo, com cinco quadradinhos em cima e cinco em baixo. Batizaram esse conjunto de A Barra, pois fazia lembrar vagamente uma barrinha de chocolate colorido.

O uniforme dos Moderadores possuía no peito esquerdo um grandioso brasão prateado. Iguais aos distintivos, os brasões tinham seus desenhos no interior referentes ao item do Moderador em questão. Os desenhos não podiam ser alterados, mas cada Moderador podia editar as bordas a sua preferência. O de Max tinha formato de uma xicara com quatro fumacinhas na parte superior e, claro, o desenho em seu interior continuava sendo o carrinho de supermercado.

Com o tempo, os desenhos da Barra foram ficando ultrapassados, então alguns garotos da equipe técnica solicitaram a Mason a permissão de seu irmão para que os desenhos fossem atualizados, deixando-os com um design moderno e colorido. Após muita burocracia, Damon gostou dos resultados e aprovou. Os novos desenhos então foram parar na Barra e no brasão de cada Moderador. Invejados, os quatro guardiões mandaram marcar seu cargo com um brasão dourado e um logo exclusivo com a ilustração da Barra completa. A elegância de tudo aquilo estava acima da imaginação de Nathan. Não era só um pedaço de papel escrito dez coisas malucas, eram vários pedaços de papéis escrito dez coisas malucas com muito detalhe e design gráfico.

Nathan tentou tantas posições diferentes para dormir que podia lançar um Cama-Sutra. Se rendeu aos pensamentos sobre como seriam os dias a seguir, e às lembranças de Ashley falando com ele, de Laura sobre o quanto seria perigoso, e Mason sobre os chutes que ele levaria caso pensasse em trapacear. O sol nasceu em um piscar de olhos. Uma noite sem sonhos, talvez porque aguardava um dia repleto deles. Quando tentou sair da cama, notou Lily e Emily de cabeça para baixo, correndo porta afora gargalhando. Se deu em conta que era ele de cabeça para baixo com sua cama grudada no teto e seu corpo grudado na cama.

— Mas...?! — Raciocinou encarando o chão. — Lily! Emily! — gritou, se mexendo cada vez mais rápido. — Como eu faço pra sair daqui? — Se desesperou por um tempo, mas logo parou, com medo de cair de cara. — Eu nem queria ir pra escola mesmo, ainda tô morrendo de sono! — Ele bateu a nuca no travesseiro, mas a gravidade não o deixava deitar, já que só a área das costas estava grudada. Começou a se debater freneticamente, cego de raiva. — Nem dormir mais eu consigo nesse manicômio!