Capítulo 5: O Jantar

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Na elegante sala de jantar, Charlotte delicadamente desenrolou o rótulo de uma garrafa de vinho.

- É um Bordeaux. Trouxe-o dos Estados Unidos. Acredito que vá adorar. - disse com um sorriso suave, servindo duas taças.

Engfa, observando o líquido rubi dançar na taça, comentou com um toque de surpresa: - Eu não sou uma expert em vinhos, mas isso parece incrível. Minha família e eu, bem, costumávamos beber coisas mais simples.

Charlotte sorriu, levando a taça aos lábios.

- Cada vinho tem sua história, assim como cada um de nós. Eu cresci entre luxos, mas também entre expectativas. - Ela suspirou levemente. - Muitas vezes, sinto o peso do legado de meus pais. Questiono-me se sou digna das responsabilidades.

Engfa, olhando profundamente nos olhos de Charlotte, respondeu:

- Sabe, Charlotte, não importa de onde viemos. No fundo, todos nós buscamos a mesma coisa: sermos vistos, sermos amados.

Charlotte riu suavemente, seus olhos brilhando à luz das velas.

- Estou grata por esta noite e por você estar aqui. Parece que o destino realmente queria que nossos caminhos se cruzassem.

A conversa se desenrolava, e as horas pareciam passar como minutos. O vinho, com suas notas ricas e aveludadas, só acentuava a sensação de conforto e intimidade que envolvia as duas. A playlist suave que tocava ao fundo, com clássicos do jazz e bossa nova, criava uma atmosfera serena.

- Você já esteve no Brasil? - perguntou Engfa, capturada pela melodia suave de "Garota de Ipanema" que agora tocava.

Charlotte sorriu, lembrando-se.

- Sim, há alguns anos. O Rio de Janeiro é fascinante, e a música... a música é como nada que eu já tenha ouvido. Mas eu nunca aprendi a dançar samba. - disse com uma risada suave.

Engfa riu, imaginando Charlotte tentando dançar.

- Eu posso te ensinar um pouco do que sei! Não é samba, mas acho que você gostaria.

Elas se levantaram, e Engfa começou a mover-se ao ritmo da música, com Charlotte tentando seguir seus passos. Havia risadas, tropeços e momentos de pura alegria.

Após alguns minutos, ambas caíram no sofá, rindo exaustivamente.

- Isso foi... inesperado. - admitiu Charlotte, ofegante.

Engfa assentiu, sorrindo.

- Mas foi divertido, não foi?

-Definitivamente. - Charlotte concordou. -Você sempre tem uma maneira de tornar tudo mais leve.

A noite avançou, e as duas se acomodaram no terraço, sob um céu repleto de estrelas. As luzes da cidade brilhavam ao longe, e o som suave da água da fonte do jardim era terapêutico.

- Esta noite me fez perceber o quanto eu estava sentindo falta de conexões reais. - Murmurou Charlotte. - A música, a dança, a risada... tudo isso com alguém que realmente entende.

Engfa olhou para Charlotte, seus olhos brilhando sob o céu estrelado.

- Sinto o mesmo. E agradeço por esta noite, Charlotte.

Ambas sentiram que aquela noite havia sido um ponto de virada em suas vidas, uma noite onde duas almas solitárias encontraram companheirismo e entendimento mútuo.

O silêncio tomou conta do terraço. As luzes distantes da cidade piscavam como pequenos vaga-lumes, e a brisa suave trazia um aroma de jasmim. Ambas estavam próximas, os ombros se tocando, as mãos ocasionalmente se encontrando. As palavras trocadas anteriormente criaram uma conexão profunda, uma tensão palpável entre elas.

Engfa virou-se para Charlotte, seus olhos buscando algo no olhar da outra. Charlotte, sentindo o olhar penetrante de Engfa, virou-se para encará-la. Ambas sentiram um puxão magnético, uma energia que as atraía uma para a outra. Foi quase palpável, a tensão elétrica que preenchia o ar entre elas.

Engfa olhou profundamente nos olhos de Charlotte, buscando algum sinal, alguma hesitação. O que encontrou foi um desejo espelhado, um anseio que refletia o seu próprio. Os olhares trocados entre Engfa e Charlotte eram profundos, revelando emoções escondidas e sentimentos que ambas tinham receio de admitir. Sem dizer uma palavra, Charlotte inclinou-se lentamente, diminuindo a distância entre elas.

Engfa fechou os olhos e sentiu os lábios suaves de Charlotte encontrando os seus inicialmente com hesitação, mas rapidamente a hesitação deu lugar a uma paixão avassaladora. 

Era um beijo que expressava tudo o que elas tinham sentido até agora, mas nunca tinham ousado verbalizar. Um turbilhão de emoções invadiu ambas, desde a excitação da descoberta até a doçura da vulnerabilidade compartilhada.

O beijo se prolongou, profundo e cheio de promessas, até que finalmente elas se separaram, ambas ofegantes e com olhos brilhantes. A conexão entre elas era palpável, e ambas sentiram que aquele momento era um ponto de virada em suas vidas.

Engfa foi a primeira a falar, sua voz suave e carregada de emoção.

- Charlotte, eu... eu nunca senti algo assim. Não sei como explicar.

Charlotte sorriu docemente, acariciando o rosto de Engfa.

- Eu também não, Engfa. Há algo entre nós, algo especial. Eu senti isso desde a primeira vez que te vi no pub.

Engfa aninhou-se mais perto de Charlotte, encontrando conforto em seu abraço.

- Eu estava tão focada em minha música, em minha carreira, que nunca parei para pensar em mim mesma, em meus próprios sentimentos. E agora... agora não sei o que fazer com tudo isso.

Charlotte a puxou mais perto, deixando um beijo suave em sua testa.

- Não precisamos descobrir tudo agora. Só sei que quero estar ao seu lado, descobrir isso juntas.

E assim, sob o céu estrelado e à luz das velas, as duas prometeram explorar essa nova dimensão de seus sentimentos, não sabendo ao certo onde isso as levaria, mas certas de que, juntas, enfrentariam qualquer desafio que surgisse em seu caminho.

Dinastia Waraha: A Ascensão de EnglotOnde histórias criam vida. Descubra agora