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NÃO SE ESQUEÇAM DA ESTRELINHA ⭐️

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TITO

— Alô mãe?

— Oi filho, você me ligando tão cedo o que foi que aconteceu?

— Pensei sobre o jantar que você disse... mas que tal começarmos primeiro com pessoas que ao menos eu sinto falta?

— Sério filho? Claro! Quem você sugere?

— Pensei nos Brandão. Meu pai ainda é amigo de Gael, certo? Os caras falaram ontem que o Lucas se casou e eu nem sabia, eu praticamente cresci na casa deles né...

— É claro. — Ela riu. — Seu pai e Gael ainda jogam pôquer quase toda semana. Bom irei ligar agora mesmo para Barbara, te espero por aqui as oito?

— Ótimo. — Completei pensando que assim Pia não teria como escapar de mim. Se tinha um jantar com os pais era só jantarmos todos juntos enquanto me divertia um pouco a suas custas.

Deixei o celular na mesa e viajei para a manhã estranha em que tivemos a pouco em meu apartamento e em como ela pareceu sincera dizendo que antes ainda fosse apaixonada por mim. Se não era mais apaixonada por mim, quem tinha ocupado meu lugar? E pior, quem tinha a chateado mais que eu fiz?

— Meu Deus! Como você está bonito! — Bárbara Brandão me abraçou com carinho quando cheguei no jantar naquela noite.

— Você sempre foi mesmo boa pinta. — Gael me apertou a mão fortemente. — Quanto tempo, garoto! É bom te ter novamente conosco.

— Senti falta de tudo, é claro que de vocês também. — Sorri meio tenso me sentando no sofá ao lado da minha mãe que me olhava orgulhosa.

— Sua mãe vivia tristinha pelos cantos, e eu a entendo, estou assim desde que Lucas se mudou para Brasília.

— Fiquei sabendo. — Sorrio. — Pretendo marcar de visitá-lo qualquer dia desses.

— Ah ele vai adorar, está todo ocupado com escritório de advocacia, ele e a esposa são sócios. — Gael respondeu e eu os encarei querendo questionar onde estava o motivo de deu ter marcado o jantar.

— E a Pia como está? Por que não veio com vocês? Também não está mais no Rio? — Disfarcei.

— Ah, Pia está bem sim. — Barbara sorri fracamente — Ela está ótima na verdade... e está aqui no Rio, só não mora mais com a gente, sabe como é... filhos sempre querem liberdade. Ela está terminando a faculdade de medicina!

— Que ótimo! Estou com saudades dela, ela devia ter vindo. Por que não ligam? Quem sabe dá tempo de vir. — Insisto.

— Ah, na verdade é que eu nem a convidei... — Seu rosto mostrou certo desconforto. — Esses dias agora não são fáceis para ela. — Bárbara se calou e o marido segurou sua mão com carinho. Encarei meus pais que me olhavam estranho também. O que tinha acontecido com Pia?

— Por que não seria fácil?

Gael limpou a garganta antes de dizer:

— O marido da Pia faleceu há três anos, é sempre uma data difícil, apesar de estar progredindo ainda revive todo o luto a cada ano quando se aproxima a data.

— Pessoal espera aí... vocês disseram marido? — Quase grito simplesmente chocado. — Eu não soube sequer que ela tinha ficado noiva, muito menos viúva! Ela se casou com quem?

Bem que me diziam que essa minha aversão a redes sociais um dia ia me dar problemas. Como diabos eu não tinha um Instagram para simplesmente ter visto que Maria Pia tinha se casado?

— Mariano era um bom rapaz. — Gael começa a contar. — Era meu funcionário. Diretor financeiro, e ele amava nossa menina de verdade, e ela também o amou, amou muito. Ainda ama pra falar a verdade.

PUTA QUE PARIU

EU SIMPLESMENTE TÔ CHOCADO PRA CARALHO!

MARIA PIA PREFERIA TER CONTINUADO A ME AMAR PORQUE SIMPLESMENTE ELA AMOU OUTRO CARA E FICOU VIÚVA!

— Mas ele morreu como? — Questionei ainda em choque.

— Leucemia. Era muito jovem, da sua idade e Lucas na verdade. Descobriram dois meses depois do casamento, mas ele não reagiu aos tratamentos.

— Meu Deus. Eu sinto muito. — Engulo seco pensando no quanto Pia tinha sofrido. — Ela deve ter ficado arrasada.

— Não foi nenhum pouco fácil, esse é o terceiro ano e toda vez que entramos em março e abril ela parece mergulhar novamente na tragédia. Mas não podemos reclamar, no primeiro ano seguinte a morte dele ela não se afundou apenas nesses meses, até chegou a trancar a faculdade. Os psicólogos disseram ser o momento dela, e que com o tempo ela vai aprender a lidar. Para falar a verdade, nesse ano ela está indo muito bem, pelo menos foi o que o Lico disse.

Lico. Eu estava começando a me irritar com a porra desse nome.

— Quem é Lico? — Perguntei com a voz estranha me lembrando que ela tinha o chamado enquanto estava na minha casa.

— O melhor amigo dela.

Melhor amigo de cu é rola. Penso estreitando os olhos.

— Ele quem consegue nos dar notícias quando a Pia some, mas esse mês ela está respondendo mensagens. A gente se preocupa porque ela ficou no apartamento que ela e Mariano iam morar, tentei convencê-la a se mudar, mas ela insiste em ficar por lá. Bom, eu tenho que aceitar, já que não mando mais nela... — A mulher me dirigiu um sorriso triste. — O tempo passou, não é?

— Nem me fale, tia. — Falei pensando no porquê de que Pia tinha dito que não podia a levar em casa na noite passada. Mariano deveria ser o tal Nano.

— Agora Lucas se casou também.

— Legal. — Falei meio chateado e ainda pensando.

— Só falta o Tito casar também. — Minha mãe brincou e eu fechei a cara.

— Não falta só eu não. Ou Pia já está com alguém novamente? — Especulo.

— Não. Ela nunca assumiu uma relação séria com ninguém desde então. — Gael respondeu.

— Então não sou o único solteiro ainda. — Falei os fazendo sorrir.

Passei todo o jantar fazendo de tudo para descobrir qualquer migalha possível sobre Pia.

Tinha acontecido coisas demais desde que tinha ido embora, e a cada notícia que sua mãe ou pai mencionava a garota que um dia foi minha parecia estar viva apenas em minha memória, ela tinha se tornado definitivamente outra pessoa.

Ao final do jantar fingindo espontaneidade disparei para os pais dela antes da despedida:

— Me passem o número da Pia, vou tentar marcar um almoço com ela.

— Ah claro, por favor faça isso, ela precisa de amigos além do Lico. Vocês dois se conhecem há muito tempo isso pode ser ótimo pra ela. — Bárbara abriu um sorriso enorme me incentivando. E logo pensei que a filha queria distância de mim, porque anos atrás eu fui o primeiro a quebrar seu coração.

— Claro, vou fazer o possível. — Respondi enquanto ela digitava o número da filha no meu celular.

Me despedi dos meus pais e dos Brandão com a desculpa que tinha uma reunião muito cedo no dia seguinte.

Outra vez VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora