8

182 34 2
                                    

NÃO SE ESQUEÇAM DA ESTRELINHA ⭐️

🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵🩵

PIA

— Atrapalho?

É CLARO!

Tito ousou olhar o meu acompanhante que também o media de cima abaixo sem saber de quem se tratava.

— Claro que não. — Dou um sorriso congelado e fingido.

— Não vai nos apresentar, Pia? — Luís estava me olhando.

— Claro! — Disparei nervosa. — Luís, esse é o Tito. Meu querido primo — apontei com desgosto — que falávamos agora a pouco.

— Ah, falavam de mim?

— Ah é esse seu primo? — Luís também me perguntou e eu encarei os dois homens um de cada vez tentando não ter uma síncope.

— Falávamos ... você me ligou e eu estava explicando sobre você ser meu primo para o Luís. Contei sobre ter voltado ao Brasil para assumir a empresa do seu pai. Digo... do tio Otto. Meu querido tio Otto . — Arregalei os olhos para o homem atrevido parado em pé ao meu lado, como um aviso para que ele não desmentisse porcaria alguma.

Tito ergueu as sobrancelhas de modo petulante segundos antes de responder ele mesmo para Luís com um sorriso sínico:

— Ah, por isso você ignorou minha chamada? Bom, você ignorou e eu resolvi vir até aqui. — Sorriu daquele jeito sínico que ele sabia bem como. — Pois, é, voltei para ficar e ocupar o lugar do seu tio Otto. Meu pai... — Ele olhou para o médico que nos avaliava. — Bem... como a Pia já disse, eu sou o primo, filho do tio dela. O tio querido... Então ela falou muito de mim?

O filho da puta puxou uma cadeira do meu lado e se sentou na maior cara dura.

— Na verdade não. — Luís desafiou fechando a cara o vendo se sentar ao meu lado. Como ela disse você ligou e eu perguntei quem era.

— Ah, claro, Pia também não teria porque ficar falando de mim apesar de que nós vivemos muita coisa no passado, não é, prima?

Travei os dentes dando um sorriso falso de boca fechada. Meu Deus eu tinha esquecido como o odiava com todas minhas forças.

— Bom, se não se incomoda estávamos no meio de uma conversa aqui primo. Então QUERIDO, foi por isso que ignorei sua chamada. — Falo grosseiramente para que ele entenda que não é bem-vindo.

— Credo, prima... — Riu da minha cara. — Não foi minha intenção atrapalhar você e o... Desculpe como você chama mesmo? Pia também não falou de você pra mim, sinto muito.

Alfinetou e vi as sobrancelhas de Luís se juntarem coisa que ele fazia sempre que estava irritado.

— Sou Luís.

— Luís... Espera, você que é o Lico?

— Não. Lico é o amigo, eu sou o namorado.  — Luís disse tranquilo e eu queria me levantar e fugir.

— Namorado?  Namorado de quem?

— Da Pia.

Qualquer um podia ver a surpresa nos olhos de Tito, inclusive Luís, e por isso o seu sorriso disfarçado e arrogante apareceu na hora.

Tito o encarou por mais uns segundos e quando se virou para mim sabia que o que quer que saísse da sua boca não seria bom. 

Os dois estavam em uma competição de quem mija mais alto e eu estava no meio daquilo.

— Ora prima, por que aquela noite que você dormiu na minha casa não me disse que estava namorando alguém? Ou devo entender que é recente? Quer dizer, tipo começaram a namorar agora?

Luís se virou para mim na hora, seu sorriso desmanchando como algodão doce em água.

— Você dormiu na casa dele quando Pia?

— Na segunda, fui jantar com Tito porque como te disse ele voltou de Nova York e não nos víamos há muito tempo. Anos. Ele ficou por lá quase uma década. Devia nem ter voltado né primo querido? — Dou um tapa no seu braço e um sorriso falso.

— Ah você não sabe como estou feliz em voltar pra casa, prima. — O maldito sorriu e eu tratei de olhar para Luís.

— Acontece que fomos assistir Invocação do mal e eu acabei dormindo no meio do filme, por isso dormi na casa dele, não foi Tito? — Imploro com o olhar para que ele seja meu cumplice.

— É. Foi isso mesmo que aconteceu, Luís. Pia dormiu e me deixou sozinho assistindo o filme.

— Entendi... então vocês são mesmo bem próximos?

— Muito próximos. — Tito respondeu no mesmo segundo que respondi: 

— Não tanto.

— Não somos prima?

Tito fitou me desafiando:

— Que foi, prima? Está com medo de eu contar para o seu namorado como éramos próximos quando você tinha dezoito anos? — O diabo sorriu e eu gelei.

— Claro que não, primo. Não tenho nada a esconder, ainda mais dessa época que eu sequer me lembro! Aos dezoito eu era uma catástrofe, prefiro nem me lembrar muito do que eu fiz, sabia?

— É mesmo? — Desafiou e eu o ignorei olhando para Luís tentando disfarçar meu nervosismo por sua insistência em citar o passado trágico ao qual eu um dia dei pra ele como se não houvesse amanhã.

— Como eu disse, eu, Tito e Lucas crescemos juntos, eu era a mais nova, já ele e Lucas são da mesma idade. Então ele se mudou pra Nova York, Lucas foi para Minas Gerais e logo depois se casou e mudou-se pra Brasília. E eu continuei por aqui, conheci outras pessoas, fiz outros amigos, inclusive o Lico. Descobri que a vida não girava em torno do passado.

Frisei a última parte para que meu algoz entendesse o recado disfarçado que tinha lançado. Agarrei a minha taça de água dando um gole enorme.

— Acontece que voltei e quero você na minha vida prima, como foi no passado.

Eu me engasguei com a água começando a tossir até ficar vermelha.

Luís tentou se levantar, mas Tito foi mais rápido me dando batidinhas nas costas.

— Foi pelo buraco errado? As vezes isso acontece... — Sua ironia de duplo sentido que esperava só eu ter entendido e seu sorrisinho cretino era palpável ao menos para mim.

— Se sente melhor? — Luís me olhou preocupado.

— Sim, obrigada. — Dou um sorriso falso a ele que tinha ficado verdadeiramente preocupado antes de Tito voltar a falar:

— Sabe o que reparei prima? Você como na sua adolescência continua tendo queda pelos homens mais velhos. Não que eu esteja te chamando de velho, viu Luís?

Tito falou em tom brincalhão tocando meu joelho por baixo da mesa e segurei sua mão o beliscando para que se afastasse.

— Ah primo... que brincadeira de mal gosto! Olha que ele pode acreditar nessa mentira sua. — Sorri com ódio e vi em como aquele idiota se divertia as minhas custas.

— Ah, ele sabe que eu estou brincando, não sabe Luís?

— Claro. — Sorriu forçado, parecia não ter ido nenhum pouco com a cara de Tito.

Senti mais uma vez a mão enorme espalmar em minha perna, dessa vez a ponta dos dedos pressionaram a parte interna da minha coxa e minha vontade era meter-lhe o tapa, mas não tinha ideia de como fazer isso sem dar bandeira de nada. Mantive minhas mãos à vista da mesa e estava calculando o que fazer quando o telefone de Luís tocou e ele pediu licença para ir atender.

Outra vez VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora