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NÃO SE ESQUEÇAM DA ESTRELINHA ⭐️

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PIA

— Pode vir comigo, por favor? — O encaro com ódio e sigo na sua frente pelo corredor até um canto mais vazio.

— Pia... você ouviu tudo né? Escuta eu sei ...

Levanto uma mão o interrompendo.

— Luís, você não tem o direito tentar o que acabou de fazer.


— Eu sei é que... — Ele passa as mãos pelos cabelos desarrumados. — Gosto de você Pia, estou te sentindo cada vez mais longe de mim... se você sair da equipe sinto que vou te perder para sempre, sabia?

— Não foi eu sair da sua equipe que te fez me perder pra sempre, foi o que você acabou de fazer.


— Você não está falando sério. — Sua voz estava chocada.

— Estou. — Olhei em seus olhos de modo que ele entendesse que eu falava sim muito sério e depois olhei para os lados para o corredor vazio.

— Está terminando comigo, por causa dessa bobagem? Karine disse até que não vai acatar meu pedido.

— Não é isso que importa! O que importa é você pediu! Eu faço minhas escolhas Luís! E pra mim já chega, estou colocando um ponto final na nossa história agora. Não vai ter volta, não tem mais conversas, almoços, ou tréguas, acabou.

O barulho do elevador parando atrás de onde estávamos nos fez ficar mudos e um segundo depois quem não devia estava parado ao meu lado, segurando o paletó em uma mão, a camisa arregaçada em um braço e um curativo que mostrava que já havia colhido o sangue.


— Oi prima vim me despedir antes de ir. — Sorriu mirando meus olhos e depois mirou Luís com certo desprezo. — Tô atrapalhando?

— Não! — Determinei.

— Sim. — Luis falou junto.

— Minha conversa com Doutor Luís já terminou.

— Terminou? — Luís me olha contrariado.

— Já falei o que tinha que dizer.

— Espero você se acalmar, depois me procure Pia. — Falou num tom malcriado e saiu sem dizer mais nada, sem olhar para Tito passou pisando duro entrando no elevador e apertando o painel. O mesmo se fechou e Tito e eu ficamos lá, frente a frente ambos se encarando.

Soltei um suspiro cansado e olhei o homem a minha frente, com as mãos nos bolsos da calça social que parecia ter feito sob medida marcando suas coxas e aquele pacote que eu sabia bem o que guardava. Ah, Deus abençoe ao inventor dos ternos slim.

— O doutor velho está griladinho, hein?

— Tito por favor não é uma boa hora para suas piadinhas.

Não saberia dizer se foi minha cara de acabada ou meu tom de voz que o fez repensar, mas quando voltou a falar seu tom estava diferente.

— O que foi, vocês brigaram?

— Sim porque como já disse Luís pensa que pode mandar nas minhas escolhas como todos que me rodeiam.

— Esse cara é só um babaca, Pia.

— Não, ele não é um babaca. Ele só acha que está me protegendo como todos que também me rodeiam, mas não preciso de proteção! É difícil para as pessoas entenderem que se preciso de ajuda eu peço? Não quero ser ajudada sem pedir, não quero opinião sem pedir, por que é tão difícil entender isso? Merda, todo mundo ao meu redor quer me proteger se metendo na minha vida ou me escondendo coisas, e é por essa mania chata que minha vida está como está hoje!

— O que você quer dizer com isso?

— Nada, Tito. É bobagem. Eu só estou muito cansada. — Fecho os olhos por uns segundos tentando segurar o choro que ameaçava vir.

— Estou invadindo seu espaço agora? Se quiser eu posso ir embora agora e nos falamos depois.

— O problema é esse, e se eu não quiser falar com você depois?

Abro os olhos e vejo seu semblante preocupado.

— Aí sim nós teremos um problema. — Franze a testa em decepção o que me obriga a sorrir.

— Por que estamos nos encontrando tanto Tito, você não está me seguindo, né? — Desabafo e seu sorriso torto aparece.

— Destino prima. — dá de ombros.

— Não acredito em destino. Seus exames, deram certo?

— Acho que sim, arrancaram uma porrada de tubos de sangue.

— Tem que comer alguma coisa, o jejum pode causar vertigem, e se vai dirigir é melhor dar uma passada na lanchonete, é no segundo andar.

— Por que não vem comigo?

— Não posso, tenho que trabalhar.

— Ah é verdade. É totalmente estranho te ver assim de médica, onde está o seu estetoscópio, hein?

— Por que? Quer que eu te examine?

— Quero! Você é residente do que mesmo?

— Urologia.

— Sério?

— Sim, se quer que eu te examine vamos lá dentro, abaixe as calças e fique de quatro...

Seus olhos se esbugalharam e quando me viu começar a rir alto ele relaxou.

— Engraçadinha, fique sabendo que não tenho oposição nenhuma em tirar as calças, mas no caso em questão prefiro que você quem esteja de quatro, saudades inclusive.

Tito não sorria, seus olhos brilhavam na minha direção e varriam meu rosto como se analisasse cada detalhe da minha reação. Senti minhas bochechas queimarem e decidi por mudar o rumo da conversa.

— Sou residente em neuro. — Soltei toda sem jeito e ele sorriu ao notar meu desconforto.

— Só poderia ser, você sempre consegue mexer com a cabeça dos outros até quando pensa que não.

— Até parece que fui eu a megera no passado, Tito. — Reviro os olhos. — Pelo que eu me lembro... — Desferi as palavras que mesmo não querendo saíram com certa mágoa.

Tito passou as mãos pelos cabelos que viviam despenteados e sorriu como se para si mesmo antes de falar:

— Pelo que eu me lembro, eu era um otário, e acredite se quiser, pedir para que tudo terminasse naquela noite não significou que eu não te desejava, Pia. Muito pelo contrário. Acredite se quiser eu também sofri e senti sua falta. Não estava só me divertindo naqueles dois meses Pia, indo embora eu tive a certeza que não era só diversão.

Tremi inteira por dentro ao ouvir suas palavras aparentemente sinceras. Desci os olhos para meus pés e tentei me concentrar em onde estava e o que precisava fazer.

Não era a hora de discutir nada do passado com Tito. Levantei o pulso e verifiquei meu relógio.

— Eu preciso ir agora.

Consegui ouvir o seu suspiro pesado.

— Tá bom, vou indo então. Posso te ligar mais tarde?

— Desde quando você pede?

— Desde que percebi que você gostaria que eu pedisse, não quero te deixar estressada como esta agora, talvez assim você me atenda.

— Me ligar pra falar o quê?

— Continuar este assunto, ou qualquer assunto que você quiser falar, mas eu vou gostar se talvez a gente consiga terminar essa conversa.

Concordei com a cabeça mesmo sabendo que correria de suas ligações já que não pretendia revirar o passado.

— Ok.

— Tenha um bom trabalho, prima. — Beijou minha mão e depois depositou um beijo em minha testa antes de ir. Na testa. Como gesto de carinho. Não perto da boca como gesto de provocação que era o que andava fazendo. Aquilo só serviu para me deixar mais perdida do que já estava.

Outra vez VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora