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NÃO SE ESQUEÇAM DA ESTRELINHA ⭐️

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PIA

Não me lembro de ter me sentido tão bem em desabafar com alguém como estava após conversar com Tito.

Estranhamente após cortarmos e nos deliciarmos com o bolo ele respeitou meu espaço e não me questionou mais nada. Nós dois decidimos passar grande parte da noite jogando conversa fora aonde assuntos como nosso passado ficava de fora.

Tito contou sobre seu trabalho e perguntou do meu, falamos de lugares que conhecemos, do mundo atual, de tudo que parecia incerto, mas sempre mantendo o clima descontraído.

— Seus pais devem estar muito felizes de você ter voltado, né?

— Acho que sim, eles me visitavam todo ano, mas nunca tinham tocado no assunto para que eu voltasse, acho que no fundo sempre respeitaram minhas decisões, e para eles, morar fora era o que eu queria.

— E o que mudou?

— O que já contei. As coisas foram ficando estranhas, todos ao meu redor pareciam estar construindo uma família e eu continuava lá, o amigo solteiro e bem sucedido.

— Você não namorou nenhuma vez durante esses anos?

— Algumas, mas nada que durasse tempo o bastante ou sentimento suficiente para que eu pensasse em colocar a aliança no meu dedo.

— Sinto muito por você.

— Sente mesmo? — Ele pareceu tenso. — De certo modo, Pia, preciso confessar que não estou triste por nunca ter encontrado alguém, na verdade estou certo de que nunca encontraria.

— Como assim?

— Nunca olhei de verdade para o que eu senti naquela época, acho que era assustador demais encarar que eu tinha conhecido o amor e o mandado embora. E confesso que toda vez que algo me lembrava você eu mentia para mim mesmo que era só uma lembrança qualquer por eu ter te chateado. Mas pra falar a verdade eu devo ter chateado milhares de mulheres por aí e eu não lamentei e nem me lembrava do rosto delas todos os dias.

— Tito...

— Eu acho que você teve seu tempo e agora é o meu. Me deixa falar um pouco. — Tito encara o nada e vejo sua respiração acelerar de acordo que suas narinas começam a inflar e o barulho sai pelos dentes cerrados.

— Tudo bem.

— Por anos eu inconscientemente tentei achar você nas mulheres que eu me relacionei. E digo inconscientemente porque nem eu reparava nisso até sair daquele bar e te ver. Naquele momento eu soube que você precisava voltar pra minha vida. Que eu preciso e quero você na minha vida. Quando eu me mudei pra Nova York, eu automaticamente comecei a ter asco por Cassandra. Eu não sabia porquê, mas olhando hoje, eu tenho certeza que ela não fez nada de errado, era só o fato de que olhar pra ela me trazia você, me trazia seu olhar triste naquela noite, me trazia você tentando justificar meus erros, dizendo que iria se encaixar e ser como ela sendo que você não precisava, você não precisa, Pia. Você nunca precisou ter um corpo de academia, nunca precisou se vestir como as garotas da moda, você nunca precisou se encher de maquiagem, não precisou de nada além de ser você. Foi isso que sempre me chamou atenção. Era tão impossível pensar que eu que achava o maioral me apaixonei por uma garota anos mais nova e irmãzinha do meu melhor amigo de infância quando percebi que você não era mais uma pirralha que meu cérebro meio que bloqueou tudo...

Outra vez VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora