O Dedo-Duro

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Hyunjin está mais uma vez jogado de uma maneira muito estranha e ortopedicamente prejudicial no tapete, alguns passos à sua frente, o notebook aberto passa Itaewon Class, o som está muito baixo, mas Hyunjin já assistiu aquilo tantas vezes que pode recitar as falas e desenhar no tablet ao mesmo tempo, que é o que ele tem feito o tempo inteiro desde que se formou no ensino médio.

As aulas terminaram oficialmente no começo de fevereiro e o mês já está quase acabando, o que significa que Hyunjin não tem contato com qualquer ser humano há uma semana e ele não pensa muito sobre isso já que tem estado muito ocupado desenhando panfletos para uma campanha de vacinação do hospital onde sua mãe trabalha, isso enquanto reassiste seus dramas favoritos porque seu cérebro fica inquieto demais se ele não tiver pelo menos três estímulos externos ocupando sua cabeça.

Toc-toc.

— Pode entrar — Hyunjin grita para ser ouvido através da porta fechada.

Hyunjin não precisa levantar a cabeça para saber que quem está ali é sua mãe, ela é a única que ainda tenta tirá-lo do quarto e seus primos gêmeos, Yeji e Intak — que estavam ali de férias desde o começo do mês — já tinham desistido e aceitado o fato de que ele não passava de um garoto esquisito que não é muito bom com interações sociais, você imagina que os adolescentes deixam de ser adolescentes quando se formam no ensino médio, mas Hyunjin percebeu que você não acorda de um dia para o outro e decide ser mais sociável, pode levar alguns meses… ou anos. Bem, um ou outro, Hyunjin acha que não se importa muito.

— Pelo amor de Deus, Hyunjin — Sua mãe resmunga ao entrar no quarto — Você não pode pelo menos sair e pegar um sol? Já faz um mês!

— Não faz um mês, as aulas acabaram dia 6, hoje é 27 — Hyunjin responde, ele para um pouco de encarar o tablet e levanta o rosto bem em tempo de ver Park Seroi dar um socão em um figurante. Caramba, ele tinha esquecido o quanto aquele drama é bom, tudo com Park Seojoon é bom — E estamos em fevereiro, não tem sol, além disso, eu deixei as cortinas abertas.

Hyunjin sente que aquela posição já é prejudicial demais para suas costas, ele se revira até ficar deitado de bruços e resolve dar um tempo do Ipad e se concentrar no amor de sua vida, vulgo, Park Seojoon.

— Você não pode sair com seus amigos ou algo assim? — Sua mãe volta a falar.

— Não tenho amigos.

— Hyunjin…

— É sério, Seungmin ainda não está de férias porque matou aula, tipo, umas quinhentas vezes e agora vai ficar pagando matérias até o mês que vem, Jeongin arranjou um trampo de modelo e está fazendo umas fotos hoje e o Minho… ah, bem, ele tem coisas mais importantes pra fazer.

Hyunjin retorce os lábios, a verdade é que ele não fala com Minho desde sua conversa com Felix, ele sequer tinha ido tirar satisfações com Minho sobre tudo o que aconteceu, o que podia parecer meio dramático da parte dele considerando que ele, Felix e Minho tem sido amigos desde sempre, mas em parte ele não queria magoar Felix mais do que o garoto já estava e em parte ele não queria saber o lado de Minho e perdoa-lo, porque… Bem, aquilo deixaria Felix magoado.

Além disso, Hyunjin não saberia como agir, os últimos meses de aula tinham sido uma tortura já que ele e Minho sentavam perto um do outro no espelho de classe, Hyunjin sentia como se pudesse se matar todos os dias, fora às dezenas de vezes que Felix chorou durante o horário do almoço quando viu Minho e Jisung andando juntos de um lado para o outro e as outras dezenas de vezes que ele teve que inventar desculpas sobre o comportamento estranho do trio para Jeongin e Seungmin, que não podiam, em hipótese alguma, saber daquilo tudo. O pior de tudo, é que em um dia normal, Hyunjin estaria super feliz por Minho, já que Minho parecia contente com Jisung e era difícil Lee Minho parecer genuinamente contente com alguma coisa, mas as coisas estavam longe de serem normais.

A Fofoca - Hyunbin/ChangjinOnde histórias criam vida. Descubra agora