O Rei

O passado condena

sexta feira - 29/09

O dia de ontem foi cansativo, acabo dormindo assim que chego em casa, o que me faz acordar mais cedo hoje.
Eu faço o café e como já tem pão em casa, não preciso ir comprar, logo depois, ponho a mesa e vou comer.
Estava tudo calmo, a luz do sol que vinha da janela refletia na mesa, eu prestara atenção nisso até que tomo um susto com uma grande mão acariciando meu braço, bem na parte em que Bakugo havia queimado.

-Bom dia Eijiro. -O sr. Masato Kirishima, ou melhor, meu pai, diz.-

-Ai! -Acabo soltando um pequeno grito de dor quando ele encosta na queimadura feita por Bakugo.-

-O que foi garoto? Tá fraco? -Ele diz ignorantemente.-

-Não, você encostou onde está machucado, apenas isso. -Respondo seco.-

-E você se machucou como? Brigando?

-Não, eu apenas bati sem querer enquanto jogava ontem.

-Deixe-me ver. -Eu digo "não", mas já é tarde, ele levanta a manga da minha camisa, vendo minha queimadura em formato de uma mão.-
Que porra é essa Eijirou?

-Não foi nada.

-Tem a porra de uma mão queimada nesses seus braços finos e você me diz que não foi nada? Ainda mente dizendo que bateu! -Ele fica em frente a mim, ao lado da mesa.-

-Foi um acidente, não precisa de estresse pai!

-Acidente o caralho, você andou brigando garoto? Eu não ligo se você brigar, eu ligo se você apanhar, pare de ser menininha, filho meu não apanha de ninguém!

-Que hipocrisia.

-O que você disse moleque?

-Hipocrisia! Você fala que ninguém pode me bater, mas você mesmo bate em mim, então não venha falar essas coisas como se alguma vez na vida você tivesse me defendido! -Digo e me levanto da cadeira, ficando de cara a cara com ele.-

-Eu te batia para você aprender a se defender e não ser uma menininha, mas parece que não funcionou porra nenhuma, meu filho é um fracote que não sabe se defender nem de gente inferior! -Ele diz em um tom de voz elevado, com uma face assustadora.-

-Seu filho ou seu saco de pancada? Não vem com desculpas falando de aprender a de defender, você só é frustado por ter um filho que é melhor que você! -Digo em um tom de voz ainda mais elevado que o dele. Eu não deveria ter feito isso, assim que acabo de falar, recebo um grande tapa na cara, literalmente.-

-Nunca levante o tom de voz para mim, menininha, você nunca será tão másculo quanto eu. -Ele diz com tom de voz normal, mas que me deixa mais enojado e assustado do que quando ele havia gritado, então ele sai de casa e segue seu rumo ao trabalho.-

-PORRA! -Começo a chorar, mas não quero, eu tento parar, afinal, chorar é para fracos, eu não posso ser fraco, mas eu sou, eu não consigo nem revidar palavras ditas pelo Bakugo, não consigo nem ganhar uma briga com esse homem, quem dirá um dia ser másculo o suficiente. Eu vou em direção ao banheiro, vejo que está vermelho e provavelmente piorará, e lavo meu rosto e tento parar de chorar, passo pomada e espalho, me olho no espelho e tenho vontade de quebra-lo, assim faço, dou murros no espelho mas nada acontece, uso minha individualidade e ele quebra, não por inteiro, mas uma grande parte, o que fere minha mão, mas eu não ligo. Escovo os dentes e saio de casa, infelizmente tenho que ir para a UA.-

Caminhando pela rua em direção à universidade, eu penso sobre várias coisas. Fazia algum tempo que não tinha uma briga dessa com meu pai, nós discutimos constantemente, mas a pelo menos uns 9 meses nunca mais havíamos brigado dessa forma, essa última vez foi porquê eu queria sair do basquete e ele não deixou. Ele me bateu também na última briga, mas não no rosto, foi em meu braço. Desde pequeno eu sempre tentei dar tudo de mim para fazer meu pai orgulhoso, mas eu não sou como ele quer e todas as vezes que eu demonstrei isso, ele surtou. As vezes eu só queria ir ficar com minha mãe, mesmo não sabendo nada sobre ela, qualquer pessoa é melhor que Masato Kirishima. Enquanto ando, alguma pessoa aleatória sem querer esbarra em mim e logicamente em meu braço machucado, lembro da cena do Bakugo me queimando e de novo lembro que fiquei calado, assustado, como um cachorrinho que leva bronca do dono, mas eu não vou deixar isso assim. Chego na UA com uma cara séria.